MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Câmeras da SDS vão ajudar a identificar manifestantes, diz PM-PE


Manifestação no Recife começou com caminhada pacífica, no Centro.
Protesto terminou com depredações, ônibus queimado e gás lacrimogêneo.

Do G1 PE

Manifestantes atearam fogo em ônibus durante protesto nos arredores da Câmara Municipal do Recife, no centro   da cidade (Foto: Rodrigo Lobo/JC Imagem/Estadão Conteúdo)Manifestantes atearam fogo em ônibus durante protesto nos arredores da Câmara Municipal do Recife, no centro da cidade (Foto: Rodrigo Lobo/JC Imagem/Estadão Conteúdo)
As câmeras de segurança da Secretaria de Defesa Social vão ajudar na identificação dos envolvidos na manifestação que ocorreu durante a tarde e começo da noite desta quarta-feira (21), no Centro do Recife. "Elas deverão ajudar na identificação dos vândalos para a abertura de inquéritos individuais, para responsabilizar cada um deles", explicou o coronel Carlos Pereira, comandante-geral da Polícia Militar em Pernambuco.
O protesto começou com uma caminhada pacífica, marcada pela Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco, e que saiu do Parque Treze de Maio, no bairro da Boa Vista, mas terminou com barricadas nas ruas, depredações, lançamento de coquetéis molotov, um ônibus queimado e uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha por parte dos policiais militares, com a presença até do Batalhão de Choque.
Alguns comerciantes criticaram a demora da ação da Polícia Militar. "A gente só age no momento em que há um crime, como a depredação da fachada da Câmara. No caso dos jovens que subiram em cima de um ônibus, aquilo não era normal", comentou o coronel Carlos Pereira.
Em seu perfil no Facebook, a Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco informou que intensificará "as mobilizações até que a CPI do Transporte Público seja instaurada, o Projeto de Lei do Passe Livre tramitado e aprovado, e as audiências com Geraldo Júlio e Eduardo Campos, marcadas". Veja a nota na íntegra ao final desta reportagem.
Policiais atiram balas de borracha para controlar protesto no Recife (Foto: Flávio Japa/JCM/FotoArena)Policiais atiram balas de borracha para controlar protesto no Recife (Foto: Flávio Japa/JCM/FotoArena)
A concentração da manifestação começou por volta das 14h. "Nosso ato de hoje é para cobrar os parlamentares da Câmara para a instauração da CPI do Transporte. Mesmo que o presidente [da Câmara, Vicente André Gomes] tenha tentado arquivar a CPI, nós vamos tentar as 13 assinaturas para a instauração via ofício. Mesmo sabendo que não haveria expediente, quisemos fazer esse ato simbólico", disse Renato Barros, integrante da Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco.
De acordo com informações de testemunhas, os manifestantes estavam parando a cada cruzamento, fechando o fluxo de carros para agitar bandeiras e gritar palavras de ordem. Quando a caminhada chegou ao cruzamento da Rua da Aurora com a Avenida Conde da Boa Vista, um grupo subiu em cima de um ônibus, onde também agitou bandeiras. A PM usou bombas de efeito moral para dispersar o protesto. Mascarados foram vistos atirando pedras contra os policiais, com as mãos e também usando estilingues.
A passeata chegou às proximidades do Cinema São Luiz, no cruzamento da Rua da Aurora com a Avenida Conde da Boa Vista. "Vi no momento em que jovens mascarados quebraram os expositores com pedaços de madeira, com a intenção de quebrar mesmo", contou Gustavo Coimbra, diretor do São Luiz, se referindo aos locais onde os pôsteres dos filmes em cartaz são expostos, que foram destruídos.
"Subir nos ônibus não é uma atitude normal. Os policiais pediram para os jovens descerem, mas eles reagiram e por isso a PM respondeu. Ninguém ficou ferido, não foi nada grave, tanto que a manifestação continuou", explicou o coronel Carlos Pereira. A avaliação de Rafael Franco, advogado do Centro Popular de Direitos humanos, que prestou serviço voluntário no protesto, foi diferente. "A Rádio-Patrulha chegou atirando. Disseram que falaram para eles descerem, mas nem conversaram com a gente", falou. Ainda de acordo com o defensor, dois manifestantes foram detidos nesse ponto do protesto e liberados em seguida
Um grupo de aproximadamente 40 pessoas se dirigiu para o entorno da Câmara Municipal do Recife, que já tinha suspendido o expediente da tarde por causa da manifestação. Eles ergueram uma barricada na Rua do Hospício, ateando fogo em coletores de lixo reciclável, pneus e pedaços de papelão. Quando os bombeiros se aproximaram para tentar apagar as chamas, foram obrigados a recuar, porque os manifestantes jogaram objetos contra eles.
Pedras e coquetéis molotov foram arremessados contra a sede da Câmara. Os policiais militares que estavam no local revidaram, atirando balas de borracha e usando bombas de efeito moral para tentar dispersar o protesto. Vidros das janelas da Casa foram quebrados e muitas pedras ficaram no chão. Um bicicletário, instalado nas proximidades do prédio, também foi danificado durante o ato. O Batalhão de Choque da PM foi acionado e se posicionou na vizinhança. "Na frente da Câmara, a manifestação fugiu do normal. Eles começaram a vandalizar e a PM reuniu a tropa e foi fazer a contenção", informou o coronel Carlos Pereira.
Antes do ataque à Câmara, uma caminhonete da Polícia Militar que passava pela Rua Princesa Isabel foi parada pelos manifestantes. O grupo chegou a balançar o veículo, até que um estalo foi ouvido e as pessoas se afastaram. O carro seguiu em velocidade. Diversas escolas públicas funcionam no entorno da Câmara Municipal do Recife e muitos estudantes que estavam saindo da aula tentavam chegar às paradas de ônibus para ir para casa, em meio à confusão.
Manifestantes entram em confronto com a polícia no Centro do Recife. (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem/estadão Conteúdo)Manifestantes entram em confronto com a polícia no Centro do Recife. (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem/estadão Conteúdo)
Ônibus destruído pelo fogo
Já à noite, um ônibus da empresa Caxangá foi incendiado na Rua do Príncipe, nas proximidades do cruzamento com a Rua Gervásio Pires. O veículo ficou completamente destruído. Testemunhas que não quiseram se identificar disseram que viram mascarados chegando e gritando "Black bloc". Eles pediram que os passageiros descessem do veículo, mas começaram a atirar pedras antes da saída de todos. Com tubos de desodorantes e isqueiros, eles atearam fogo nos pneus do coletivo e depois jogaram objetos incendiários dentro do ônibus.
O Corpo de Bombeiros usou cinco mil litros de água para conter as chamas. Não houve feridos. A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) enviou uma equipe para avaliar o comprometimento da rede elétrica. A área está isolada, porque o óleo diesel escorreu do tanque do veículo e se acumulou perto de uma calçada.
"Depois disso, eles se dispersaram, inclusive aqueles que se autointitulam 'Black blocs' tiraram as máscaras do rosto, dificultando o trabalho de identificação da polícia. Não houve detenções nem registro de feridos. A PM usou gás lacrimogêneo e balas de borracha em pequena quantidade", assegurou o comandante da PM-PE.
Os investigados poderão responder por dano ao patrimônio público e privado. Quem considerou a ação da PM excessiva pode procurar a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social para prestar queixa - o atendimento é feito na Avenida Conde da Boa Vista, nº 428, no Centro.
Veja íntegra da nota divulgada pela Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco, nesta quarta:
1. O caos e o campo de batalha que se tornou o centro da Cidade do Recife, nesta quarta-feira (21), tem 3 responsáveis: o presidente da Câmara, Vicente André Gomes (por ter dado um golpe no movimento ao não ter cumprido NENHUM ponto acordado na ocupação da Câmara, além de ter impedido o acesso à Casa Legislativa), o prefeito Geraldo Júlio (por ter prometido o passe livre em sua campanha, e até agora sequer sentou com o movimento) e o governador Eduardo Campos (que permanece silente e negligente em relação à pauta do movimento. Lembramos que estamos nas ruas desde janeiro deste ano, e o máximo que o governo fez foi dar uma resposta formal aos 13 itens formulados pela Frente).
2. O presidente da Câmara Municipal do Recife fechou a Casa e consequentemente o expediente (mais uma vez!) ao meio-dia, deixando claro de imediato a não-predisposição ao diálogo com o movimento. Estamos tentando diálogo com o Poder Público desde 21 de junho do presente ano, sem lograr êxito, com todos os protestos ocorrendo até então de maneira pacífica.
3. Neste sentido, tiramos como estratégia política intensificar as mobilizações de rua para que o Poder Público perceba a pressão e o nível de indignação popular com o descaso no transporte público. Até então, apenas o vereador Raul Jungmann se apresentou na entrada da Câmara Municipal, quando estávamos em passeata, ou seja, a comissão instituída para tratar do passe livre não nos procurou, nem estava na Câmara, inclusive, seria ilógico, porquanto se a Câmara estava fechada.
4. A Polícia Militar de Pernambuco, através da Rádio Patrulha, assim como faz todos os dias nas periferias e favelas do Recife, chegou atirando bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e balas de borracha quando os manifestantes se encontravam na altura do Cinema São Luiz. Esta ação da polícia deixou vários cidadãos feridos, entre eles, dois garis que faziam a limpeza pública, uma estudante secundarista e um estudante universitário, além de alguns jornalistas. No calor do confronto, é muita ingenuidade achar que as pessoas não se protegeriam frente aos ataques da Polícia Militar, que parecia descontrolada. Por óbvio, nos defendemos com o que estava disponível. Mas, esclarecemos que A FRENTE não tinha, sequer cogitou, como tática política QUALQUER tentativa de depredação ou ação direta ao Cinema São Luiz. Importante frisar que a Frente apenas puxa os atos, mas estes são do povo, abertos para que qualquer grupo ou pessoa participe.
5. Na volta para Câmara Municipal, fomos recebidos com mais repressão da Polícia Militar e da Rádio Patrulha, e mais uma vez o confronto e o campo de batalha se formaram. Não eram só os manifestantes do Passe Livre que se defendiam; ambulantes, trabalhadores, transeuntes, todos e todas se defenderam dos ataques da Polícia da maneira que podiam.
6. O recado das ruas e da pressão popular está dado. Não aguentaremos mais golpes, mentiras e falácias. Intensificaremos as mobilizações até que a CPI do Transporte Público seja instaurada, o Projeto de Lei do passe livre tramitado e aprovado, e as audiências com Geraldo Júlio e Eduardo Campos, marcadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário