MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 4 de agosto de 2013

'Boom' do mercado infantil atrai novos negócios

Renato Alban
A TARDE
  • Raul Spinassé | Ag. A TARDE
    Edna (blusa rosa) e Rose vendem bonecas de pano até para Miami
Elas não trabalham, não têm renda própria e não são titulares de uma conta-corrente. Ainda assim, são elas - as crianças - os clientes mais disputados por novos empreendedores e marcas consolidadas. As apostas nos pequenos consumidores variam desde brinquedos tradicionais a aplicativos para celulares, mas, independentemente do setor, o público infantil aquece a economia e atrai empresários.
Por ano, o mercado infantil brasileiro movimenta em torno de R$ 50 bilhões, de acordo com relatório do Sebrae que será lançado na Feira do Empreendedor Bahia de 2013, em outubro. Segmentos voltados para esse público, como o ramo de brinquedos, crescem, em média, 14% ao ano, o que representa o dobro do verificado em setores destinados a adultos.
"Há margens de lucro mais atraentes nas confecções infantis. Um vestido para uma criança custa o mesmo que um vestido do mesmo padrão para um adulto. E tem menos matéria-prima", exemplifica o professor da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap)  Silvio Passarelli, especialista em gestão de luxo. Segundo ele, a venda de produtos mais sofisticados para crianças têm aumentado nos últimos cinco anos. Só o mercado de moda infantil já fatura cerca de R$ 16 bilhões por ano, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
É neste cenário que o Brasil foi escolhido para sediar a primeira edição sul-americana da Children Baby Maternity Expo (CBME), entre os dias 27 e 29 deste mês. A feira, voltada para o mercado infantil, vai reunir 100 marcas nacionais e internacionais em São Paulo.
"É um momento crucial para a indústria de produtos infantis, em que vemos um crescimento  impulsionado pelo novo estilo de compras dos pais, que estão mais exigentes", diz o gerente da CBME South America, Marlon Luft. Para ele, o aumento do poder econômico do brasileiro é o principal motivador desse novo perfil dos pais e, portanto, do progresso acelerado do mercado infantil.
E o que explica segmentos voltados para adultos não estarem tão aquecidos quanto o mercado infantil? "É comum ouvirmos pais e mães falando 'prefiro dar para o meu filho do que para mim mesmo'. Isso faz com que o mercado infantil seja mais sólido do que o do adulto", responde Passarelli.
Segundo a coordenadora da Unidade de Acesso a Mercado do Sebrae Bahia, Suely de Paula, entre as razões que têm tornado segmentos infantis mais atrativos  está a diminuição do número de filhos por mulher, concentrando a renda familiar em menos crianças . De acordo com o censo do IBGE, a média de filhos por mulher é atualmente de 1,95.
Outro motivo é o maior acesso dos pequenos à informação. "Esses brasileiros estão mais precocemente em contato com a internet. Com mais informação, eles  têm mais poder de decisão", explica a coordenadora do Sebrae. Segundo relatório do órgão, 34% das crianças brasileiras usam  internet com frequência. "Hoje são as crianças que decidem o que comprar.  Nas classes mais altas, elas já ganham tablets e smartphones", observa Suely.
Visando a esse público conectado, os designers Rafael Miranda, 30 anos, Raphael Ozawa, 30, e o analista de sistemas Roberto Morais, 29, donos da Felloway, desenvolveram o aplicativo MixPrintPaint no início do ano. "A criança pode criar uma imagem e imprimir para colorir", conta Rafael. Com o sucesso do APP, o trio já prepara versões em espanhol, alemão, francês e japonês.
Consultor de marketing infantil, Arnaldo Rabelo ressalta que todo o mercado infantil foi modificado por conta do contato mais precoce com meios digitais. "As crianças de hoje têm menos tempo de atenção concentrada em um mesmo assunto, além de terem a capacidade de fazer várias tarefas ao mesmo tempo".
Esse perfil da criança conectada favorece, inclusive, o aquecimento de setores mais tradicionais.  "Hoje em dia vemos lojas segmentadas para quase todos os tipos de produtos infantis, como móveis, moda e brinquedos", diz o gerente da CBME South America.
O segmento de brinquedos chamou a atenção de empresários no início de 2013, quando dados da consultoria GFK revelaram crescimento de 15, 6% no ano passado. Só as bonecas faturaram 21,3% mais em 2012 do que em 2011.
Foi nesse disputado mercado de Barbies, Susies e Pollys, que  a artesã  Edna Castro, 58, decidiu investir. Há oito anos, ela começou a fazer bonecas de pano em um projeto social e, hoje, já exporta seus produtos para uma loja em Miami.
"No projeto, fiz bonecas negras porque tinha muitos pretos na sala que se identificavam". Depois, Edna e sua sócia, a empresária Rose Bacelar, 53, começaram a comercializar as bonecas por R$ 10 e, com o auxílio  do Sebrae, melhoraram a qualidade dos brinquedos e passaram a vendê-las por R$ 50. "Tenho um produto que se comunica com o mercado".

Nenhum comentário:

Postar um comentário