Processo de confecção é reconhecido como patrimônio imaterial pelo Iphan.
Bonecas ajudam a preservar a cultura karajá no Brasil.
A lenda do parto da onça contada por bonecas Ritxoko (Foto: Bernardo Gravito/G1)
O Museu Histórico e Cultural do Tocantins, o Palacinho, em Palmas,
abriu nesta terça-feira (20) uma exposição de bonecas ritxoko, da etnia
karajá. As bonecas ganharam reconhecimento mundial, principalmente, a
partir do reconhecimento do processo de confecção das peças como
patrimônio imaterial da cultura brasileira. O reconhecimento foi feito
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Ipahn) em
2012. A exposição é aberta ao público, de terça a domingo, das 8h às
18h, e tem o objetivo de divulgar e preservar a cultura desta etnia
indígena.
Exposição acontece no Museu Histórico e Cultural,
o Palacinho, em Palmas
(Foto: Lucas Nascimento/Seduc-TO)
Além das bonecas, a exposição traz vídeos que mostram a cultura do povo
karajá e como as bonecas ritxoko são feitas. Segundo o curador da
coleção, Antonio Netto, a exposição é dividida em quatro grupos: o das
bonecas antigas, dos seres míticos e cosmológicos, das bonecas
ritualísticas e o das bonecas modernas.o Palacinho, em Palmas
(Foto: Lucas Nascimento/Seduc-TO)
Elas são usadas para que as meninas karajás aprendam sobre sua cultura de uma forma lúdica. "É através das bonecas que elas [as meninas] aprendem a ser karajá. Com elas, as meninas aprendem quais são suas obrigações, seu idioma e as lendas do seu povo", explica Netto.
As bonecas antigas são as mais simples e não tem braços nem pernas. O grupo dos seres míticos e cosmológicos é composto por bonecas mais elaboradas que, na maioria das vezes, são a representação das lendas do povo karajá. O grupo das bonecas ritualísticas também são representações, mas dos rituais que fazem parte desta cultura. As bonecas modernas são mais elaboradas e representam o cotidiano do povo karajá.
Boneca pilando é uma das ritxoko modernas
(Foto: Bernardo Gravito/G1)
As centenárias ritxoko são feitas de uma mistura de argila branca,
retirada do fundo dos rios e das cinzas da cega-machado, uma árvore que
tem madeira muito dura. Somente com esta mistura é que a argila atinge a
consistência ideal para se tornar mais resistente e esse processo foi
desenvolvido por uma ceramista da tribo chamada wexiru.(Foto: Bernardo Gravito/G1)
Tudo começa com a derrubada da cega-machado. Após cortá-las, as mulheres deixam os troncos das árvores dentro da mata durante um ano para secar. Após o período, a madeira é colhida e queimada. As cinzas são misturadas ao barro branco. As bonecas moldadas passam por um processo de secagem em uma espécie de forno, para finalmente serem pintadas. As cores usadas são o vermelho e o preto. A pigmentação vermelha é extraída do urucum, enquanto a preta é retirada de uma árvore chamada ixarurina.
Os seres míticos e cosmológicos contam as
lendas dos karajás (Foto: Bernardo Gravito/G1)
De acordo com o curador da coleção, atualmente as bonecas ritxoko são a
prinicipal fonte de renda do povo karajá. "Aqui elas são menos famosas,
mas elas são exportadas para diversos países." explica. Segundo Netto, o
primeiro museu dos povos karajá fica na Alemanha e existe desde o
início do século XX. Outro detalhe que chama a atenção, é que somente as
mulheres podem fazer as bonecas.lendas dos karajás (Foto: Bernardo Gravito/G1)
Atualmente, o povo karajá tem uma população de aproximadamente 3000 indíos, distribuído em quatro estados: Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins. As 20 aldeias da etnia ficam às margens do rio Araguaia, na altura da Ilha do Bananal.
O cotidiano da etnia karajá é representa nas bonecas ritxoko modernas (Foto: Bernardo Gravito/G1)
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