Natividade, no sudeste do estado, é a casa do Amor-Perfeito.
A técnica de produção é passada de geração para geração.
Com formato de coroa, o biscoito Amor-Perfeito é o mais famoso do Tocantins (Foto: Jesana de Jesus/G1)
O doce é pequeno, mas o gosto é imenso. Isso é o que dizem os tocantinenses sobre o biscoito que é a cara e a identidade do Tocantins:
o Amor-Perfeito. Feito a base de polvilho, leite de coco, manteiga de
leite e açúcar refinado, ele derrete na boca. O Amor-Perfeito ganhou
fama e ultrapassou as fronteiras do município de Natividade, no sudeste do estado, sendo vendido em outros estados brasileiros.
Tia Naninha durante produção do Amor-Perfeito,
em Natividade (TO) (Foto: Jesana de Jesus/G1)
Em Natividade, o biscoito artesanal é feito por Ana Benedita de
Cerqueira e Silva, mais conhecida como tia Naninha, de 75 anos. Quem vai
à cidade não resiste aos bolos feitos por ela, que aprendeu a arte com a
mãe. "Naquela época os filhos eram criados ajudando os pais. E sempre
ajudava a minha mãe a fazer o Amor-Perfeito."em Natividade (TO) (Foto: Jesana de Jesus/G1)
Com a morte da mãe, tia Naninha continuou a fazer o biscoito para os festejos do Senhor do Bonfim e para as visitas que chegavam a sua casa. A produção aumentou e ela começou a vender. "Nunca tinha feito para vender. Aí começou a sair muito e passei a vender", diz.
Hoje é difícil resisitir aos biscoitos e café oferecidos pela doceira. "Vem muita gente de fora, que passa por aqui para comprar, aí eu ofereco um café e as pessoas gostam", conta Naninha.
Produção
Herança familiar, o biscoito ultrapassa as gerações. Atualmente, os filhos de tia Naninha estão à frente do negócio. A produção artesanal ganhou embalagens, que deram identidade ao produto, e entrou no mercado de outras cidades, como Gurupi, Miracema do Tocantins, Palmas, Goiânia e Brasília.
Tia Naninha com os funcionários, durante
confecção dos biscoitos, em Natividade (TO)
(Foto: Jesana de Jesus/G1)
A vontade é de produzir cada vez mais, mas alguns entraves impedem o
crescimento do negócio. "O forno é de barro, não temos mão-de-obra
qualificada e, como é manual, não é rápido para fabricar", conta Lívia
Cerqueira, filha de tia Naninha, que cuida da empresa da família.confecção dos biscoitos, em Natividade (TO)
(Foto: Jesana de Jesus/G1)
E a produção não é só de Amor-Perfeito, existem outros bolos, como o trovão, a pipoca, o biscoito do céu. Mas é o Amor-Perfeito o que mais faz sucesso. Por semana, são feitos cerca de 30kg do biscoito, chegando a 210 kg por semana.
Hoje, a empresa conta com 14 funcionários, dez homens e quatro mulheres. Edivaldo Patrício Ferreira, 26 anos, trabalha há cerca de dois anos no local. Segundo ele, pra fazer o biscoito é preciso de força masculina. "Tem que cortar lenha, mexer com o forno a lenha, a temperatura é muito quente. Tem que ter resistência", conta.
Edital
Embalagens dão identidade ao biscoito
Amor-Perfeito (Foto: Jesana de Jesus/G1)
Em 2011, com orientação técnica da representante da Associação Cultural
de Natividade, Simone Camelo, a empresa foi contemplada nos Editais da
Cultura do governo do estado, o que possibilitou o desenvolvimento de
logomarca e embalagens que deram identidade ao produto. A empresa
familiar também foi formalizada e a expectativa era de aumentar a
produção, mas Lívia diz que há dificuldades. "Temos vontade de aumentar a
produção, mas não é fácil. Não dá para ficar informal e tem muitos
encargos [com empresa formal]. O trabalho é manual e lento."Amor-Perfeito (Foto: Jesana de Jesus/G1)
E sobre o aumento ou não da produção, tia Naninha é categórica. "Eu na verdade não sei não. É difícil mexer com funcionário. O que a gente pode produzir, a gente produz", ressalta.
Mesmo com uma produção ainda pequena, os biscoitos de Naninha conseguiram reunir a família. "Nós brigávamos para ela largar os biscoitos, porque ela era sozinha e é puxado. Ela não tinha tempo para dar atenção para os filhos", conta Lívia.
famoso do Tocantins (Foto: Jesana de Jesus/G1)
Com a família reunida, tia Naninha diz que não imaginava que um biscoito ficaria tão famoso. "Me sinto feliz porque me lembro da minha mãe", ressalta, dizendo que o segredo, ela não sabe bem qual é. "Às vezes fica mole, esfarela, outras vezes fica duro. Tem hora que não dá certo, não sei se é o povilho ou o forno". O que tia Naninha sabe mesmo é que, pode agradar as pessoas que chegam à sua casa, com café quente e os irresistíveis amores-perfeitos.
Fornos de barro são usados para fazer os biscoitos de tia Naninha, em Natividade (TO)
(Foto: Jesana de Jesus/G1)
(Foto: Jesana de Jesus/G1)
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