Secretaria disse que vai reforçar medida para chefias dos hospitais.
Recomendação do Ministério Público foi adotada há um mês.
Certidão de recusa de atendimento deve ser
entregue a usuários da rede pública
(Foto: Reprodução/Secretaria de Saúde)
Funcionários dos maiores hospitais do Distrito Federal
desconhecem a recomendação do Ministério Público, adotada há um mês
pela Secretaria de Saúde, de emitir a pacientes um documento que atesta
os motivos de não atendimento ou não entrega de medicação na rede
pública. A secretaria diz que a medida foi implantada em toda a rede,
mas informou que não pretende fazer campanha para alertar o público
sobre a existência do documento.entregue a usuários da rede pública
(Foto: Reprodução/Secretaria de Saúde)
A determinação, feita pelo MPF no dia 5 de junho, tinha prazo de 30 dias para ser cumprida e, de acordo com o MPF, pode virar ação judicial em caso de descumprimento. A certidão deve registrar o nome do usuário, a unidade de saúde, a data e a hora da recusa. Ela deve ser entregue ao usuário mesmo que o serviço de recepção do hospital seja terceirizado.
A reportagem do G1 percorreu o Hospital Regional da Asa Norte, o Hospital Materno Infantil, o Hospital de Base e o posto de saúde 1, na Asa Sul, em Brasília . Em nenhuma das unidades o documento era emitido.
“Tomara que não implantem essa medida aqui, senão vamos passar o dia assinando certidões”, disse um funcionário do Hospital Regional da Asa Norte que não quis se identificar.
Pacientes aguardam atendimento na sala de
espera do Hospital de Base
(Foto: Isabella Formiga/G1 DF)
A Secretaria de Saúde diz já ter recebido cópia de “diversas” certidões
emitidas, mas não informou nem a quantidade, nem os motivos mais comuns
para os pacientes não serem atendidos e que “cabe a cada cidadão
solicitar o documento e buscar seus direitos.”espera do Hospital de Base
(Foto: Isabella Formiga/G1 DF)
O motorista Aldair de Oliveira, que sabe da existência do documento, foi ao Hospital Regional de Taguatinga e ao Hospital Regional do Guará na manhã de sábado (8) e não conseguiu atendimento em nenhuma das unidades.
"Me disseram que não tinha clínico no pronto socorro e que os médicos de plantão só iriam atender os pacientes internados", disse. "Pedi a certidão nos dois hospitais. Em um deles desconheciam a certidão e no outro não quiseram dar o documento porque, segundo eles, não estavam negando atendimento, mas não havia previsão de atendimento."
O procurador da República Carlos Henrique Martins Lima disse que, apesar de desinformação no serviço público ser "geral", a população pode reclamar no Núcleo de Atendimento ao Cidadão na Procuradoria da República ou na Promotoria de Saúde do MPDFT.
“Nosso objetivo não é aumentar o número de demandas judiciais. Pelo contrário, queremos que os problemas de saúde sejam resolvidos dentro do próprio sistema, a partir das informações registradas”, afirmou.
Trecho do documento enviado nesta quarta (5) ao secretário de Saúde pelo MPF (Foto: MPF/Reprodução)
“Na eventualidade de as pessoas não conseguirem pegar o documento, [a
recomendação é que] peguem o nome de quem lhe deu a informação, de quem
não quis lhe dar o documento”, disse.De acordo com o procurador, o documento serve como prova para acionar a Justiça, mas o objetivo da recomendação é resolver o problema de não atendimento. “Se a pessoa vem a falecer, é evidente que pode responsabilizar alguém por qualquer razão”, disse. “É um instrumento poderosíssimo para forçar o atendimento. A grande ideia é essa.”
“Na hora que for colocar no papel [na certidão], não é muito confortável para o gestor ou diretor dizer que [o paciente] não está sendo atendido porque não tem médico, porque sempre há médico na escala. Esse tipo de problema muito provavelmente vai ocorrer menos. O que vai acabar chegando são aqueles que não são solúveis na hora”, disse Lima.
A recomendação do MP é baseada na Lei de Acesso à Informação, que prevê punição ao servidor que se negar a dar, imediatamente, informações disponíveis. A intenção é que com o tempo o procedimento seja adotado nacionalmente, como acontece no âmbito privado.
Desde o dia 7 de maio, os planos de saúde são obrigados a justificar por escrito aos apcienets a eventual recusa de atendimento. O documento tem que ser entregue em, no máximo, 48 horas.
Quando a norma entrou em vigor, as associações que representam as principais operadoras declararam estar preparadas para cumprir a determinação e diziam ela era positiva, porque trariar mais transparência no relacionamento entre empresas e clientes.
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