Regina Bochicchio A TARDE
"Não é só colocar um médico com estetoscópio no pescoço. É preciso ter condições de exercer a medicina: enfermeiro, técnico de enfermagem, exames. Porque achar que o médico vai resolver o problema sozinho é pajelança", critica Otávio Marambaia, diretor do Conselho Regional de Medicina (Cremeb-BA).
Perguntado sobre os salários do PSF, ele comenta: "O que os prefeitos não dizem é que eles não fazem concurso e que o contrato é precário. O grande problema na atração de profissionais, além das condições citadas, é a insegurança de que o contrato acabe ao sabor do prefeito", afirma Marambaia. A bandeira dos médicos, diz, é de que a categoria seja concursada federal, com estabilidade e plano de carreira.
Marambaia afirma que o Cremeb é contra o não cumprimento da carga horária. Mas diz que para exigir do profissional é preciso dar condições. "Esse programa não vai mudar nada, é eleitoreiro", critica.
Outra visão - A superintendente de atenção à saúde da Secretaria da Saúde do Estado, Gisélia Souza, afirma que falta interesse dos médicos em sair dos centros urbanos, mesmo quando há condições adequadas.
"Os médicos hoje se formam na expectativa de ganhar muito dinheiro, querem se especializar e quando saem querem ir para o setor privado. Falta médico clínico para atendimento à saúde básica", afirma ela. Quanto às citadas condições precárias de trabalho, ela avalia que os médicos "exageram" para justificar a situação.
"Não existem condições de primeiro mundo, mas há como trabalhar. O governo entregou 500 postos do PSF, entre 2007 e 2010, para vários municípios - e muitos estão lá, sem funcionar, porque não tem médico. Então, não é verdade que eles não vão porque falta estrutura", defende.
E continua: "O programa é certíssimo. É por isso que, se os médicos brasileiros não se cadastrarem, o programa está aberto aos estrangeiros. Tem de pensar é na população".
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