MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 21 de julho de 2013

Novo etanol entra no mercado até março de 2014, dizem pesquisadores


Fábrica de Araucária, no PR, contribuiu para desenvolver etanol de celulose.
Combustível é produzido com os bagaços de cana, milho e eucalipto.

Silvia Cordeiro Do G1 PR

Gerente de pesquisa e desenvolvimento da empresa, Thomas Rasmussen, diz que a pesquisa é feita há 10 anos (Foto: Silvia Cordeiro/G1PR)Gerente de pesquisa e desenvolvimento da empresa,
Thomas Rasmussen, diz que a pesquisa é feita há
10 anos (Foto: Silvia Cordeiro/G1)
Os veículos que circularem pelo Brasil a partir do primeiro trimestre de 2014 vão poder usar um novo combustível. A notícia vem de uma multinacional com sede em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, no Paraná. Além do álcool e da gasolina, surge o etanol de segunda geração, que está sendo produzido para colaborar com o meio ambiente, ser mais barato e com eficiência semelhante ao etanol comum, como explicam os pesquisadores.
De acordo com um dos gerentes da Novozymes, Ricardo Blandy, este combustível é feito à base de resíduos agrícolas, como o bagaço de cana-de-açúcar e o amido de milho. “Hoje, o álcool é feito da própria cana e do próprio milho. O que sobra desses materiais, não é utilizado. Nós encontramos uma tecnologia que converte esses resíduos em combustível”, explica.
“O trabalho não é igual a produção de álcool comum”, revela o gerente de desenvolvimento e pesquisa, Thomas Rasmussen. Há 10 anos, pesquisadores têm trabalhado para desenvolver o etanol de celulose ou de segunda geração. Ele conta que foi necessário buscar na natureza um fator que pudesse reagir e transformar os resíduos em combustível, que são as enzimas.
Segundo Rasmussen, com base nisso, a empresa desenvolveu uma matéria-prima, que deve ser negociada com as usinas interessadas em fabricar o novo etanol. Por enquanto, o trabalho está sendo feito em pequena escala, apenas para experimento.
A primeira usina a começar a produzir o etanol de segunda geração em larga escala é do estado de Alagoas, no nordeste do país. “Outras quatro empresas já anunciaram publicamente que devem produzir o combustível a partir do ano que vem”, conta o gerente.
Benefícios
Os pesquisadores afirmam: o etanol de celulose possui vários benefícios. Um deles é reduzir o impacto ambiental com a reutilização dos resíduos. “O Brasil tem disponível de biomassa [resíduos de produção] um volume suficiente que seria capaz de dobrar a produção de álcool atual”, explica Blandy. Segundo ele, este material está sendo jogado no lixo por não existir indústria que o reutilize.
O gerente conta que, na safra 2012/2013, a produção de álcool comum no país foi de 22 bilhões de litros. “A vantagem é a de que o produtor não vai precisar aumentar a área de plantação e vai utilizar apenas os resíduos que sobram na usina”, esclarece. Rasmussen complementa que o custo logístico será mínimo com um incremento de 30% no resultado da produção da usina.
Bagaço de cana-de-açúcar é uma das matérias-primas do etanol de segunda geração (Foto: Silvia Cordeiro/G1PR)Bagaço de cana-de-açúcar é uma das matérias-primas do
etanol de segunda geração (Foto: Silvia Cordeiro/G1)
Com a economia, é esperado também o benefício para o consumidor. Blandy conta que o custo de produção será de 10% a 15% mais barato do que o etanol de primeira geração, o que deve refletir no preço final do novo combustível.
Outra vantagem, segundo o gerente, é a de não competir com o setor de alimentos. “Quando você planta cana-de-açúcar para produzir álcool, você está deixando de produzir açúcar ou outros alimentos baseados em glicose. Mesma coisa com o milho. Você acaba competindo com um mercado, gerando impacto na alimentação da população. Quanto mais álcool, menos alimento”, explica. A utilização total da produção tende a não causar desperdícios.
Para o professor do departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luiz Pereira Ramos, a nova tecnologia vai trazer vantagens econômicas para o Brasil. “O país tem toda a condição do mundo de ocupar um lugar muito importante no mercado exterior. Novas indústrias podem se instalar aqui”, afirma. Ramos ainda acredita que o etanol de segunda geração vai diminuir o uso de petróleo, que será utilizado para outros fins.
Etanol de segunda geração é produzido em pequena escala para estudos (Foto: Silvia Cordeiro/G1PR)Etanol de segunda geração é produzido em pequena
escala para estudos (Foto: Silvia Cordeiro/G1)
Sem ciclo de cana
No Brasil, a cana-de-açúcar é a principal matéria-prima para a produção do álcool. Segundo Rasmussen, como o ciclo é curto - de abril a novembro -, a empresa sugere às usinas a produzirem etanol de celulose com o bagaço de eucalipto, para não ficarem inativas. “A tecnologia é a mesma em todo o mundo. O diferencial é de que aqui é possível utilizar uma matéria-prima que pertence à própria natureza”, acrescenta.
O professor também sugere a produção do novo etanol utilizando outras fontes. “Tendo como base a celulose, você pode aproveitar o lixo, como o papelão. Além disso, é possível reutilizar resíduos agroflorestais, casca de arroz, sabugo de milho, entre outros materiais”, comenta.

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