MP vai investigar surto de diarreia em municípios do Agreste e Sertão de AL

Medida foi anunciada durante reunião com gestores de saúde.
Casal será convocada e poderá ser responsabilizada por 48 mortes.

Do G1 AL

Reunião do Ministério Público resolbe abrir
inquérito civil para apurar surto de diarreia.
(Foto: Divulgação/Ministério Público)

Em reunião realizada pelo Ministério Público, em Santana do Ipanema, Sertão de Alagoas, nesta quinta-feira (25), ficou decidido que nove municípios do Agreste e Sertão alagoano vão instaurar inquérito civil para apurar o surto de diarreia que assola a região e já causou a morte de 48 pessoas no estado.
O trabalho será coletivo e dentro de alguns dias a Companhaia de Saneamento de Alagoas (Casal) será convocada para prestar esclarecimentos. O procurador da Justiça Geraldo Magela está à frente do grupo que cobrará as responsabilidades.
"Diante do grande aumento nos casos de diarreia, nós decidimos adotar medidas para evitar a doença. Nós já idetificamos que a maior parte dos casos foi na zona rural, justamente pelo tratamento inadequado do transporte de água", afirma o procurador, Geraldo Magela.
Casal
Na última sexta-feira (19), a Casal, em entrevista ao G1, confirmou que em várias cidades destas regiões foi constatado que a água está imprópria para consumo, inclusive a dos carros-pipa. "Já identificamos algumas irregularidades no armazenamento e na qualidade da água. Alguns reservatórios de redistribuição não estavam limpos. Fizemos análises e, em alguns pontos, a água estava com a quantidade de cloro quase zero", afirmou o gerente da Casal, Antônio Capistrano.

Casos de diarreia
No último balanço divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), o estado já havia registrado 48 mortes. O surto atinge 26 municípios alagoanos. Segundo levantamento do Centro de Vigilância da Saúde, de 1º de janeiro até a última quinta-feira (18) foram registrados 73.700 casos de diarreia no estado, número bastante elevado se comparado ao mesmo período de 2012, quando foram contabilizados 37.656 casos.

Ações
O plano da Sesau junto à Casal prevê medidas como limpeza e desinfecção dos reservatórios de distribuição de água de Palmeira dos Índios, no Agreste, onde concentra-se a maioria dos casos (8.583), aumento da dosagem de cloro nas estações de tratamento de água,  aquisição de medidores digitais para leitura em campo de cloro residual e  coletas periódicas de água para análises.
Segundo a secretaria, as causas da epidemia estão relacionadas às bactérias, vírus e parasitas detectados na água proveniente de fontes alternativas, a exemplo de cisternas e cacimbas e de Serviços Autônomos de Abastecimento (SAES). Por isso, o órgão orienta que a população adote medidas simples de higiene, como lavar as mãos e os alimentos, além de cuidados com a água que será utilizada, a exemplo da utilização do hipoclorito e da fervura, nos casos em que ela não for tratada.