MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Mercado de Aracaju desperdiça 240 toneladas de comida por mês


10% das frutas e verduras têm o lixo como destino, dizem feirantes.
Sergipe é um dos únicos do NE que não possui banco de alimentos.

Do G1 SE

Segundo a Embrapa, todos os anos, 7 milhões de toneladas de frutas são desperdiçados. (Foto: G1/SE)Segundo a Embrapa, todos os anos, 7 milhões de toneladas de frutas são desperdiçados. (Foto: G1)
Em Sergipe, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cerca de 164 mil domicílios apresentam renda insuficiente para consumir as três refeições básicas, como café da manhã, almoço e jantar, em contrapartida, 240 toneladas de alimentos são desperdiçadas  por mês no Mercado Central de Aracaju.

"Frutas, verduras e carnes que sobram no mercado são jogados no aterro sanitário do município de Rosário do Catetel", explica o gerente de limpeza Empresa Municipal de Serviços Urbanos Municipal (Emsurb), José Roberto Gomes,
Uma das razões do desperdício de alimentos, segundo o professor do Departamento Tecnologia de Alimentos, de Agricultura da Universidade Federal de Sergipe (UFS), João Antônio, são identificadas na falta de estrutura em toda a cadeia de produção deste mercado, em particular, uma grande falha na produção da agricultura familiar.
“Não há uma orientação técnica do tempo certo da colheita, do material para transportar o alimento e tão pouco um armazenamento adequado até o local da venda”, detalha Antônio.

Para ele o processo merece cuidado, e não sendo bem orientado só favorece o aumento do desperdício. “É muito comum chegar em uma feira e sentir que o tomate e a acerola, produtos mais sensíveis, já estão com o cheiro desagradável, ou seja, ninguém compra.”, observa o professor.
Prejuízos
O transporte e o manuseio destes alimentos comprometem 50% da perdas pós-colheitas, como revela um relatório da Embrapa. O vendedor de verduras, José Carlos, constata esse prejuízo há 14 anos. “Por semana compro geralmente 2.000 Kg de alimentos. De cada 20 kg perco 1. No total tenho um prejuízo de 100 kg. Sem falar que em épocas de chuva, algumas verduras estragam mais rápido”, contabiliza.
Uma das soluções adotadas pela Prefeitura de Aracaju foi a compostagem dos resíduos para reaproveitamento deste material. “Recolhemos do mercado e mais 180 toneladas das feiras livres, transformamos em matéria orgânica e reutilizamos nas praças e canteiros da cidade”, detalha o gerente de limpeza da Emsurb, José Roberto.

Além da compostagem, a prefeitura também lançou este mês um curso com 13h para capacitar 1.000 feirantes da capital e interior do estado. Um dos objetivos é ensinar a manusear da maneira mais higiênica e qualificada os alimentos.
José evita o desperdício doando alimentos (Foto: G1/SE)José evita o desperdício doando alimentos
(Foto: G1)
Alternativas
O feirante José Carlos ainda não foi beneficiado com o curso da prefeitura. “O que faço para diminuir o prejuízo é vender o produto que não está com a aparência desejável pela metade do preço ou faço a doação para o Mesa Brasil”.

Ele é um dos 457 doadores do projeto do Sesc, que recolhe frutas, verduras e cereais de feiras livres e casas comerciais.
Somente no mês de junho foram recolhidas mais de 72 mil toneladas de alimentos. Este ano já foram arrecadados cerca de 367 toneladas, o chegando a beneficiar mais de 33 mil pessoas.

“Existem comunidades em que muitos nunca tinham experimentado uma pêra, por exemplo. Depois das doações é notado que, pelo menos, há uma variação no cardápio deles”, declara a coordenadora do Programa, Jaqueline Lima. Ela se refere ao povoado Ilha dos Ratos em Pirambu, que chega a receber 500Kg de alimentos para 150 famílias que sobrevivem do catado do camarão.
Idosa consegue no lixo o seu alimento (Foto: G1/SE)Idosa diz que lixo virou fonte de renda de sua família (Foto: G1)
O resto dos alimentos acaba virando fonte de renda. Do lixo que é depositado nos contêineres do Mercado Municipal, a catadora Maria José, chega a coletar 15 sacos por dia para vender a pessoas que criam animais em sítios das cidades de São Cristóvão e Itaporanga. “Vivo disso há cinco anos e consigo faturar em cada saco R$ 2”, explica.

Soluções
Apesar da criação de alternativas, a implantação de uma usina de triagem de alimentos seria uma das medidas mais eficientes para reduzir de maneira expressiva o volume de lixo gerado na cidade, segundo o professor de Engenharia Ambiental da Universidade Tiradentes (Unit), Renan Tavares.
Professor aponta falha no processo da agricultura familiar (Foto: G1/SE)A compostagem é uma saída lucrativa, porém não
pode ser usada como única (Foto:G1)
“Tudo seria reaproveitado da melhor maneira possível. É uma pena que a administração pública não gere essas ações”, analisa Renan, que trabalha com a pesquisa de compostagem.
O professor verifica que apesar de ser uma saída lucrativa para o estado não deveria ser a única. “Um quilo de biofertilizante custa, em média, R$ 8”, detalha. “É bom faturar, mas a solução mais completa seria a opção por uma usina”, completa.

Outra alternativa também é a criação de um banco de alimentos. Sergipe é um dos únicos estados no Nordeste que ainda não possui, os outros são: Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Renan acredita que as duas escolhas iriam favorecer a consciência ambiental e a diminuição da pobreza.

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