MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 21 de julho de 2013

Manifestantes falam da rotina dos acampamentos na CMM e ALE-AM


Televisão, música e jogos de tabuleiros são formas de diversão.
Segundo manifestantes, familiares se dividem quanto apoio aos grupos.

Adneison Severiano Do G1 AM

Grupo permanece acampado há um mês na Assembleia Legislativa do Amazonas (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Grupo permanece acampado há um mês na Assembleia Legislativa do Amazonas (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
Na luta por uma série de reivindicações como melhorias na educação, saúde e transporte público, manifestantes deixaram a comodidade das próprias casas para se unirem em acampamentos montados em frente às sedes da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE/AM) e a Câmara Municipal de Manaus (CMM). Mesmo com as adversidades do cotidiano improvisado, os grupos de manifestantes contam como lidam com as dificuldades do dia a dia nos acampamentos.
Há três semanas, cerca de 35 pessoas - entre estudantes, empresários, industriários, seguranças e professores - militantes da União do Movimento de Manaus (UMM), estão acampadas em frente da ALE/AM, localizada na Avenida Mário Ypiranga, na Zona Centro-Sul de Manaus. Durante esse período, os manifestantes tiveram que improvisar para dormir, se alimentar e as atividades rotineiras.
Manifestantes jogam dama de maneira improvisada na frente da ALE/AM (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Manifestantes jogam dama de maneira improvisada
na frente da ALE/AM, em Manaus
(Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
O empresário José Leite Neto, integrante do movimento, contou que a rotina na rua não é fácil, mas as motivações da mobilização superam as dificuldades. Para manter a ordem no local, os manifestantes dividem as tarefas. Lonas e barracas de camping são utilizadas como abrigo, mas há integrante dormindo sob papelões.
“Estamos tendo apoio para as mulheres utilizarem o banheiro da Assembleia, mas nós homens estamos no virando na rua. Mesmo sem energia elétrica, estamos conseguindo permanecer aqui, pois tem manifestante que mora próximo e fazemos o revezamento do acampamento durante a semana. Quem estuda e trabalha vem pela parte da noite para dormir no acampamento”, revelou o manifestante.
Partidas de dama e a leitura de livros são principais atividades de entretenimento dos manifestantes acampados na ALE/AM. “Ao longo do dia, estudamos a Constituição Federal, lemos livros e elaboramos o estatuto da UMM. Além disso, nos distraímos com jogos”, contou José Leite.
A decisão de acampar em frente ao Poder Legislativo Estadual não é totalmente aprovada por familiares dos manifestantes. “Perguntam o que estamos fazendo aqui e falam que isso não nos levará a lugar algum, mas maioria está se conscientizando e dando apoio. Agora, até ajudam doando alimentos”, destacou o empresário.
O grupo de manifestante acampado considera que o ato resultou em uma pequena conquista, no caso, o fim do voto secreto na ALE/AM, uma das 17 reivindicações da pauta entregue aos deputados estaduais. Dessa forma, o grupo pretende continuar no local por tempo indeterminado e encaminhar novas pautas após o recesso parlamentar.
Protesto na CMM
Violão é uma das distrações de grupo acampado na Câmara Municipal de Manaus (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Violão é uma das distrações de grupo acampado na Câmara Municipal de Manaus (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
Melhorias no transporte público e ações contra a corrupção são as principais cobranças dos integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), que permanecem acampados em frente à CMM desde última quarta-feira (17). Em situação semelhante ao grupo acampado na Assembleia, as 30 pessoas de diversas profissões se revezam no acampamento, que, embora improvisado, conta com aparelhos de televisão e som.
A estudante de tecnologia da informação, Junia de Vale, integrante do movimento, revelou detalhes da rotina no acampamento. Segundo ela, a alimentação é custeada com recursos dos próprios manifestantes, mas a população também tem contribuído doando alimentos.
Manifestantes estão desde quarta-feira (17) em frente a CMM (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Manifestantes estão desde quarta-feira (17)
em frente a CMM (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
“A população é solidária conosco, principalmente os feirantes do Mercado Municipal de Santo Antônio, que nos deixar utilizar o banheiro do mercado. Para passar o tempo, usamos a televisão para assistir documentários, seminários e filmes. Estudamos sobre política para ter bom embasamento e discutimos vários assuntos”, explicou.
Junia disse que a decisão de acampar na Câmara Municipal de Manaus agora é respeitada pelas famílias dos manifestantes, diferentemente do início das manifestações, quando foram divulgados casos de violência nos protestos.
“Nesses primeiros dias, percebemos que estamos incomodando e tendo uma boa visibilidade. Estamos aqui para mostrar que acordamos e queremos os vereadores realmente façam o trabalho deles”, enfatizou.
Prefeito Artur Neto afirmou que a CPI serviria apenas para palanque de veradores, que pretendem se eleger deputado estadual (Foto: Adneison Severiano G1/AM)Prefeito Artur Neto afirmou que a CPI serviria apenas
de palanque de veradores, que pretendem se eleger
deputado estadual (Foto: Adneison Severiano G1/AM)
Reação
O prefeito de Manaus, Artur Virgílio Neto (PSDB), declarou que é contrário à implantação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o transporte coletivo público da capital na última sexta-feira (19). A proposta foi sugerida a uma comissão de vereadores Câmara Municipal de Manaus por integrantes do Movimento Passe Livre, na quinta-feira (18).
O chefe do executivo questionou a eficácia das investigações na CMM e afirmou que "as últimas CPIs serviram apenas para desmoralizar a Câmara". Para o prefeito, uma CPI do transporte público só iria favorecer dois ou três vereadores que pretendem se eleger deputado estadual.
O estudante de engenharia mecânica e um dos integrantes do MPL Manaus, Pablo Rosain Chaar, comentou as declarações do prefeito. Ele disse que o movimento não avalia a CPI como um instrumento de investigação. “Se ela não funciona, devemos fazer funcionar. Não podemos simplesmente aceitar que ela não pode ser utilizada por receio da CPI ter outras finalidades”, enfatizou o militante.

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