MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 16 de julho de 2013

Índios mantêm funcionários de posto de saúde reféns em Peruíbe, SP


Nove aldeias participam de protesto por melhor atendimento.
Nenhum funcionário foi agredido durante a manifestação.

Do G1 Santos
Índios fazem funcionários de posto de saúde reféns em Peruíbe, SP (Foto: Reprodução/TV Tribuna)Índios fazem funcionários de posto de saúde reféns em Peruíbe, SP (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
Seis funcionários de um posto de saúde no município de Peruíbe, no litoral de São Paulo, foram mantidos reféns dentro da unidade por índios de nove aldeias da cidade. Apesar dos profissionais terem ficado horas sem poder sair, ninguém foi agredido. O protesto é por melhorias no atendimento prestado à população indígena.
No portão do posto, foram colocados muitos cartazes pedindo atendimento digno. Ao todo, 60 índios tupis-guaranis de nove aldeias de Peruíbe ocuparam a unidade no centro da cidade, logo após a equipe médica chegar para trabalhar. Os profissionais, entre eles um médico, um dentista e enfermeiras, deveriam sair às 17h, mas permaneceram no local até a noite, sendo liberados posteriormente. Os índios continuaram no local.
A manifestação é liderada por seis caciques, um deles da aldeia Piaçaguera, uma das mais populosas, onde vivem 42 famílias. "Tem uma hora que a paciência acaba. A gente resolveu tomar essa atitude não só por nós, mas pela nossa comunidade. Na minha aldeia têm vários idosos, crianças. Faz quase um mês que a equipe não vai, vem dando desculpas, falando que não tem carro, que está quebrado, ou que está fazendo agendamento. E assim vai passando o tempo e a gente fica sem atendimento", diz o cacique Awatenondagua, da aldeia Piaçaguera.
O líder da aldeia Bananal, cacique Paraguassú, também reclama do atendimento. “O problema maior aqui é que está havendo descaso da equipe mesmo. Eles falam que vão marcar consulta e não marcam. Muitas vezes ficam enrolando a gente, falam que esqueceram. Outro dia vieram aqui para ter atendimento e eles tinham ido fazer compras. Eles não cumprem o horário, que é de 40 horas por semana", explica.
Na semana passada, Jacira Última Luz, da aldeia Bananal, veio atrás de atendimento médico para o filho de um ano e meio, mas não conseguiu. “Não tinha um médico, um auxiliar. Agora, com as reivindicações, um médico que é novo, que entrou agora, está colaborando com a gente, incentivando. Ele examinou meu filho e ele está com faringite”, diz.
O médico Ricardo Manzatto era o único presente no Posto Indígena de Saúde de Peruíbe. Ele começou a trabalhar na unidade há 40 dias, é o terceiro a ocupar o posto de dezembro até hoje. "A gente fica muito limitado pelo transporte e ajuda de custo, para conseguir o atendimento necessário, correto. Uma das viaturas está em manutenção há mais de três semanas, outra está em diligência. São muito ruins, a gente fica com medo de ter algum acidente de trabalho com elas", lamenta.
As polícias Federal e Militar acompanharam todo o protesto e a rua em frente ao posto chegou a ser bloqueada para o trânsito. A Funai foi acionada e já tem representantes conversando com as lideranças indígenas. O órgão federal responsável pelo posto, ligado ao Ministério da Saúde, já estuda uma solução para o impasse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário