MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 10 de julho de 2013

I Festival Mariri Yawanawa começa dia 23 na aldeia Mutum


Povos de 5 aldeias realizam festival em terra indígena próximo a Tarauacá.
Festival pretende fortalecer a cultura do povo Yawanawa.

Veriana Ribeiro Do G1 AC

Tashka (Foto: Veriana Ribeiro/G1)Joaquim Tashka é o organizador do evento
(Foto: Veriana Ribeiro/G1)
A aldeia Mutum fica localizada na Terra Indígena Rio Gregório, próximo ao município de Tarauacá, distante 400 km da capital do Acre. Neste local será realizado entre 23 a 28 de julho o I Festival Mariri Yawanawa, organizado pelos povos indígenas de 5 aldeias da região.
O evento pretender realizar uma semana da celebração do canto, dança, cura, expressão artística, manifestação cultural e espiritual do povo Yawanawa. O governador Tião Viana confirmou presença, assim como turistas do Brasil e exterior. A organização acredita que devem participar cerca de 500 pessoas, sendo a maioria indígenas.
Na terra indígena já acontece desde 2001 o Festival Yawanawa, mas o coordenador da Associação Sociocultural Yawanawa, Joaquim Tashka, explica que existe uma diferença entre os dois festivais.  "O primeiro festival tinha como objetivo fortalecer a cultura e espiritualidade Yawanawa, mas com o tempo se tornou muito turístico e nós queremos resgatar a essência da espiritualidade, fazendo reflexão interna, algo mais intimo", afirma.
O evento é realizado em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai), o governo estadual e a agência de Turismo Consciente. "Nós que estamos bancando a nossa própria festa, então é justo que os visitantes paguem para participar, porque tem toda uma movimentação e preparação", diz Tashka.
Mesmo com a venda de pacotes turísticos, o coordenador afirma que não está preocupado com os negócios e a prioridade é realizar um festival íntimo. "Para essa semana, não estamos preocupados em vender pacotes. É uma festa em que as pessoas vão poder sentar juntos, comer juntos, dividir suas história, então não esperamos muita gente de fora", afirma.
Regras
Os visitantes que forem participar do evento através da compra de pacote turístico precisam antes assinar um termo de compromisso com a comunidade e seguir várias normas de conduta. "Nós da associação e da comunidade dizemos claramente quais são nossas responsabilidades com o visitante nesse termo, os visitantes por sua vez tem alguns compromissos com a comunidade", diz o coordenador da associação.
Entre as regras está a proibição da entrada com bebidas alcoólicas, o uso de materiais que possam acumular lixo ou o envolvimento intimo com pessoas da aldeia, de ambos os sexos. De acordo com Tashka também é vetado o transporte de plantas ou raízes da aldeia sem o conhecimento da comunidade e para tirar fotos é necessário pedir permissão. Também não é aceito realizar gravação dos cantos para fins comerciais.
Fortalecimento da Cultura
De acordo com o coordenador da associação, o festival movimenta as cinco comunidades que estão organizando o evento. As preparações vão desde a limpeza da aldeia que irá receber os visitantes até o preparo das pinturas e vestimentas tradicionais.
"Requer uma dieta para se preparar física e espiritualmente. Não é como ir para um carnaval, você vai entrar numa energia de preparação espiritual, a gente segura uma energia e as pessoas que estão lá participam desde circulo", afirma Tashka.
Para o índigena, foi através dos festivais que seu povo conseguiu fortalecer uma cultura que estava adormecida. "Em 2001, quando os Yawanawa estavam com uma cultura muito enfraquecida, fizemos uma reflexão de quem éramos antes, quem éramos naquele momento e de quem queríamos ser no futuro. Depois trabalhamos uma política de fortalecimento do que a gente pensava que havia perdido na nossa cultura. Mas nós não havíamos perdido nada, estava tudo guardado no coração dos velhos", afirma o indígena.
Segundo ele, algumas manifestações culturais estavam paradas há anos. "Tinha muitos rituais que tinham parado fazia 40 anos. Então várias manifestações, vários cantos, pessoas da minha idade nunca tinham vistos antes. A gente considerou que aquilo foi o renascimento cultural e espiritual da cultura yawanawa no século 21", diz.
A aldeia Mutum trabalha com vários projetos de fortalecimento da cultura e espiritualidade. "Na aldeia temos o Centro Cerimonial de Cultura e Terapia Yawanawa, o centro está formando novos jovens na espiritualidade, no xamanismo", conta.

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