Após reunião com o Conselho Nacional de Educação, Mercadante e Padilha assumiram a possibilidade de que os dois anos adicionais na graduação sejam incorporados na residência médica
Presidente Dilma Rousseff durante a cerimônia de
Lançamento do Pacto Nacional pela Saúde, dia em que apresentou o
programa Mais Médicos
(Roberto Stuckert Filho/Divulgação)
"Achamos que essa proposta (de residência) precisa de detalhamento, mas é um bom debate", disse Padilha, acrescentando que esses dois anos seriam "mais amplos, concentrando-se em atenção básica, e urgência e emergência".
O projeto inicial apresentado pelo governo federal em 8 de julho previa que os dois anos adicionais completassem a formação do médico, que seria estendida de seis para oito anos. Nos anos finais, os recém-formados receberiam uma bolsa para trabalhar no Sistema Único de Saúde (SUS) nas áreas de saúde básica e atendimento de urgência. As críticas dos médicos ao programa vieram de todos os lados. Entidades que representam a categoria e acadêmicos alegaram que o governo não apenas ia atrasar ainda mais a formação como arrumaria mão de obra barata para trabalhar no SUS.
Alteração — A transformação desses dois anos em parte da residência médica está prevista na medida provisória que criou o programa Mais Médicos. No entanto, a comissão montada pelo MEC propõe, inicialmente, que os dois anos sejam transformados em residência regular, em todas as áreas, tornando-a obrigatória e abrindo vagas para todos os formandos. Hoje apenas metade dos médicos formados consegue uma residência.
O ministro Mercadante defende que essa proposta não apenas une as áreas de educação médica, como ajuda a formar especialistas que o País precisa. No entanto, a ideia retira o que Padilha apontou como um dos pontos centrais do projeto: dar uma formação mais humanista e integral aos médicos brasileiros. "É, ele (Padilha) falou que na graduação haveria concentração na atenção básica, e urgência e emergência. Mas, desde o início, a medida provisória do Mais Médicos aventava a possibilidade da residência. Se for residência médica, será urgência e emergência e atenção básica, mas já será focada na área específica da formação em que o profissional se desenvolverá", disse Mercadante ao sair da reunião do CNE.
Humanista — Padilha admitiu que os dois anos extras de formação podem desaparecer da proposta, mas insistiu que o novo currículo terá de dar mais tempo para os alunos terem contato direto com os doentes, acompanhá-los por períodos maiores do que é feito hoje. "A ideia é ampliar o período que o médico em formação fica no ambiente fora do hospital, dentro do SUS e acompanhando o mesmo paciente por um período prolongado", afirmou. Como isso será feito, disse, caberá ao CNE definir.
(Com Estadão Conteúdo) VEJA.COM
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