Ele começou aos 13 anos, e ganhou notoriedade por onde passou.
Além de Roraima, morou no Amapá, Amazonas, Pará e Guiana Francesa.
Antes, Vanderlan passou 22 anos fazendo escultura
em madeiras (Foto: Marcelo Marques/G1)
O artista Jéferson Vanderlan Nascimento, de 38 anos, passou 22 anos
fazendo escultura em madeiras. Ele começou com 13 anos, e no decorrer da
sua atividade, ganhou notoriedade no cenário artistico. Durante a
trajetória de entalhador, esse percurso tomou outro rumo, quando teve
suas ferramentas de trabalho roubadas. Sem ter como trabalhar, viu no
cartão telefônico e no azulejo uma opção de sobrevivência.em madeiras (Foto: Marcelo Marques/G1)
“Não queria roubar. Queria sobreviver. Eu já tinha experiência com tinta. Fiz muitas pinturas em telas. Mas é muito diferente e mais difícil pintar no azulejo. Requer ‘olho de artista’ e criatividade. Ou começava a mudar o meu modelo de arte ou passava necessidades. Além disso, desejava inovar”, contou.
Natural do Amapá, o artista morou na Guiana Francesa por três anos, onde vendeu a sua arte. “Falo francês e criolo, dialetos usados pelo povo naquele país. Estive um tempo também no Suriname. Em todos esses lugares, fiz e vendia arte”, disse. Jéferson revelou que começou a pintar em azulejos com seu CPF, e que foram quatro meses de aperfeiçoamento.
O artista iniciou a pintar em azulejos com esmalte sintético. Mas mudou para tinta óleo, devido à opção de poder apagar a pintura, caso o cliente não gostasse. “Faço de tudo para agradar meus clientes. Pinto o que eles quiserem. Nunca recusei um pedido de alguém”, afirmou.
Jéferson percorre as ruas de Boa Vista com sua bicicleta durante o dia e a madrugada comerciando seu trabalho. Ele revelou que acumula por dia até R$ 200. Cada obra custa R$ 10. Entretanto ressalta os gastos pessoais e materiais os quais realiza seu trabalho.
Chegada a Roraima
Há três meses em Roraima, Jéferson caminhou pelos estados do Amazonas e Pará até chegar a Boa Vista. A aventura, que começou no Amapá, foi acompanhada pela esposa.
“Toda a viagem durou pouco mais de um ano até chegar aqui. Essa minha trajetória foi ‘dura’. Dependia de carona. Passei três meses em Manaus (AM) e sete em Santarém (PA). Pintava azulejos para retribuir as caronas”, explicou.
Em Boa Vista, morou por um período em estacionamento em uma barraca de praia. Casas abandonadas também abrigam o artista e sua esposa. “Não pago aluguel porque gasto todo o dinheiro que acumulo. Não sei economizar. Se eu viver de aluguel, serei despejado sempre”, revelou.
O artista mudou de 'moradia' quatro vezes. Em uma delas, uma árvore caiu em cima do telhado. Mesmo vivendo em locais limitados e dependendo da venda de suas pinturas, Jéferson não reclama da vida e, principalmente, da profissão.
“Sou autodidata. Não tenho diplomas, mas tenho inteligência e perspicácia para fazer um trabalho que necessita de talento”, brincou.
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