MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 13 de julho de 2013

Em Boa Vista, artista utiliza cartão telefônico para fazer arte em azulejo


Ele começou aos 13 anos, e ganhou notoriedade por onde passou.
Além de Roraima, morou no Amapá, Amazonas, Pará e Guiana Francesa.

Marcelo Marques Do G1 RR

Vanderlan passou 22 anos fazendo escultura em madeiras (Foto: Marcelo Marques/G1)Antes, Vanderlan passou 22 anos fazendo escultura
em madeiras (Foto: Marcelo Marques/G1)
O artista Jéferson Vanderlan Nascimento, de 38 anos, passou 22 anos fazendo escultura em madeiras. Ele começou com 13 anos, e no decorrer da sua atividade, ganhou notoriedade no cenário artistico. Durante a trajetória de entalhador, esse percurso tomou outro rumo, quando teve suas ferramentas de trabalho roubadas. Sem ter como trabalhar, viu no cartão telefônico e no azulejo uma opção de sobrevivência.
“Não queria roubar. Queria sobreviver. Eu já tinha experiência com tinta. Fiz muitas pinturas em telas. Mas é muito diferente e mais difícil pintar no azulejo. Requer ‘olho de artista’ e criatividade. Ou começava a mudar o meu modelo de arte ou passava necessidades. Além disso, desejava inovar”, contou.
Natural do Amapá, o artista morou na Guiana Francesa por três anos, onde vendeu a sua arte. “Falo francês e criolo, dialetos usados pelo povo naquele país. Estive um tempo também no Suriname. Em todos esses lugares, fiz e vendia arte”, disse. Jéferson revelou que começou a pintar em azulejos com seu CPF, e que foram quatro meses de aperfeiçoamento.
“A minha experiência de entalhador me ajudou bastante para eu aprimorar o meu trabalho. Não tive pressa para desenvolver essa arte. Queria que ficasse perfeito. Parece ‘piada’, mas não sabia qual ferramenta usar no início dessa empreitada. Por isso, comecei com o meu CPF. Depois de cinco dias passei para o cartão telefônico”, revelou o artista.
O artista iniciou a pintar em azulejos com esmalte sintético. Mas mudou para tinta óleo, devido à opção de poder apagar a pintura, caso o cliente não gostasse. “Faço de tudo para agradar meus clientes. Pinto o que eles quiserem. Nunca recusei um pedido de alguém”, afirmou.
Jéferson percorre as ruas de Boa Vista com sua bicicleta durante o dia e a madrugada comerciando seu trabalho. Ele revelou que acumula por dia até R$ 200. Cada obra custa R$ 10. Entretanto ressalta os gastos pessoais e materiais os quais realiza seu trabalho.
Chegada a Roraima
Há três meses em Roraima, Jéferson caminhou pelos estados do Amazonas e Pará até chegar a Boa Vista. A aventura, que começou no Amapá, foi acompanhada pela esposa.
“Toda a viagem durou pouco mais de um ano até chegar aqui. Essa minha trajetória foi ‘dura’. Dependia de carona. Passei três meses em Manaus (AM) e sete em Santarém (PA). Pintava azulejos para retribuir as caronas”, explicou.
Em Boa Vista, morou por um período em estacionamento em uma barraca de praia. Casas abandonadas também abrigam o artista e sua esposa. “Não pago aluguel porque gasto todo o dinheiro que acumulo. Não sei economizar. Se eu viver de aluguel, serei despejado sempre”, revelou.
O artista mudou de 'moradia' quatro vezes. Em uma delas, uma árvore caiu em cima do telhado. Mesmo vivendo em locais limitados e dependendo da venda de suas pinturas, Jéferson não reclama da vida e, principalmente, da profissão.
“Sou autodidata. Não tenho diplomas, mas tenho inteligência e perspicácia para fazer um trabalho que necessita de talento”, brincou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário