Lílian Machado | IG BA
Foto: Reginaldo Ipê
Num dos pontos mais fortes do seu discurso, a presidente Dilma Rousseff, ao lado de Lula e Wagner, destacou que o PT fez o que está de melhor agora no país
“Nós sabemos que o País precisa de mais creches, mais escolas, mais vagas nas universidades, professores mais bem preparados e remunerados. Queremos transformar a riqueza perene do petróleo em conquistas para as futuras gerações”, frisou, mas em tom de bastante confiança, ao explanar os outros pactos como o da educação e o da reforma com a firme defesa de um plebiscito, Dilma deixou claro o seu próprio desejo e do PT de permanência no poder. “Queremos fazer mais e podemos fazer mais. Justamente porque fizemos o que está de melhor aí agora. Quem fez o que nós fizemos é capaz de promover ainda mais melhorias e aprimorar nosso trabalho pelo povo. Democracia gera anseio por mais democracia. Tudo o que nós fizemos é apenas o começo. Um começo de novas transformações. Isso é o que nos diferencia. Por isso podemos ter certeza de que mais 10 anos virão”.
Ao chamar a atenção para o pacto da mobilidade urbana, questão que teria eclodido os protestos nas principais capitais, Dilma aproveitou para criticar os governos anteriores ao PT. “Esses 30 anos que o País esteve fora dos investimentos provocaram consequências danosas para as cidades. Desde o governo Lula apoiamos as melhorias no transporte público de massa”, exaltou. Segundo ela, R$89 milhões estão sendo investidos em 192 projetos para grandes e médias cidades.
“O que seria do Brasil sem nós"
Com a conhecida popularidade, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o que mais entusiasmou os petistas, durante o discurso, considerado o mais demorado da noite. O ex-dirigente citou desde fatos que marcaram a fundação do PT ao período em que deu posse à presidente Dilma. Porém, marcou seu pronunciamento de que foi a partir de seu governo que o “povo brasileiro conquistou o direito de andar de cabeça erguida”.
Lula disparou criticas contra a elite brasileira que, segundo ele, não se conforma com as melhorias alcançadas pela população de menor renda. Conforme ele, apesar de faltarem mais avanços, o PT proporcionou muitas melhorias para os brasileiros. Num ímpeto de autoelogio, ele chegou a disparar: “O que seria do Brasil se não fosse o PT, se não fosse a Teologia da Libertação. O que seria do Brasil sem nós? Temos o direito de reivindicar o que falta, mas o dever de dizer tudo o que conquistamos”, enfatizou.
O ex-presidente pediu aos militantes que começassem a se preparar para o debate. “É verdade que tem gente querendo que esqueçam o que fizemos nos últimos 10 anos”, disse. Segundo ele, é preciso animar a militância e que ninguém tenha vergonha de falar do partido. Lula também cutucou a imprensa ao dizer que o setor não gosta da presidente por ela ter evidenciado que “tem lado e que o seu lado é o partido”. Também prometeu continuar atuando. “Se Deus quiser e vai demorar muito, vou morrer fazendo política no PT”.
Wagner destaca maior transformação social
Primeira autoridade petista a discursar, após o presidente nacional do PT, o deputado federal Rui Falcão, o governador Jaques Wagner (PT) ressaltou os avanços nas reivindicações das ruas e também disparou críticas à “elite conservadora” que não reconhece as melhorias. Segundo ele, a movimentação das ruas é histórica e o PT faz parte deste projeto. “Há muito que comemorar porque desde 1985 o Brasil tem o maior período democrático e agora é quando se vive a maior época de desenvolvimento, ga-nhos sociais e econômicos no país”. Na mesma linha de Dilma e Lula, Wagner destacou que o Brasil viveu a sua “maior transformação de inclusão social nos últimos anos”.
O líder do governo estadual, entretanto, reconheceu que para permanecer por mais dez, vinte anos no poder é preciso “pensar e ouvir as ruas”.
Sem especificar, Wagner admitiu que o PT cometeu erros e frisou que para cada aplauso dado pelos acertos surgem as vaias para cada erro. “Portanto, não se deve ficar envergonhado, pois o PT é feito de homens e mulheres. É preciso continuar a pensar, ouvir as ruas e continuar a projetar a continuidade do partido no poder porque o PT ainda tem muito que contribuir com o Brasil e a Bahia”, disse.
O “companheiro”, como os próprios Lula e Dilma o chamaram, descartou a tese de diminuição dos ministérios. “Reduzir Ministérios não significa aumentar eficiência. Antes de dizer isso, quem critica tem que saber para que servem”.
Durante o evento que teve como tema Movimentos Sociais e Participação Popular”, participaram, além das grandes estrelas partidárias, líderes de alguns segmentos que discursaram dando ênfase para a necessidade de renovação nos ideais do partido. A maioria fez questão de ressaltar que ganharam outras oportunidades com a chegada do PT ao poder. A jovem Daniele da Cruz, diretora da Une, surpreendeu ao elogiar políticas, como as cotas raciais que permitiram que ela ingressasse na Ufba, mas também ao criticar o fato de dois colegas negros terem sido barrados na porta do evento. “Não é esse o PT que eu quero. O PT não combina com racismo”, disse.
Outra participação aplaudida foi a da líder religiosa Macota Valdina. Em tom suave, ela disse que o Brasil tinha o que comemorar com o PT no governo federal nos últimos dez anos. “Nesses dez anos uma coisa eu sempre digo: tem um Brasil antes do Lula e outro depois do Lula. O fato de uma religiosa de candomblé estar aqui hoje é algo diferente. Isso não havia. Podem ser pequenas, mas essas transformações são importantes”, frisou.
Wagner finalizou afirmando que: "É isso que a gestão petista vai continuar a fazer. A agenda neoliberal não responde ao grito das ruas”, completa o governador.
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