'De protesto em protesto, a gente vai consertando o telhado', diz Lula
Ex-presidente discursou para alunos da Universidade Federal do ABC.
Lula disse que se orgulha por ter feito da fome tema central dos debates.
Lula participa de palestra em universidade do ABC
(Foto:Gabriela Biló/Futura Press/Estadão Conteúdo)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou nesta
quinta-feira (18) a participação dos jovens em manifestações de rua que
acontecem pelo país. "Viva o protesto. De protesto em protesto a gente
vai consertando o telhado", disse Lula, que discursou para uma plateia
formada por estudantes da Universidade Federal do ABC (UFABC), em São
Bernardo do Campo.(Foto:Gabriela Biló/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Falando diretamente aos estudantes, ele relacionou as manifestações com sua própria trajetória política. "De protesto em protesto, um dia vocês vão chegar à Presidência da República", afirmou. Para ele, o brasileiro está indo às ruas em busca de mais conquistas. "Na Europa, os protestos são para não perder o que conquistaram. No Brasil, protestos são para conquistar mais."
O ex-presidente pediu aos jovens que "não neguem a política". "Não existe nada pior do que a negação da política. Toda vez que vocês estiverem p da vida com o Lula, com a Dilma ou com o [Luiz] Marinho (prefeito de São Bernardo), não neguem a política. E muito menos neguem os partidos. Em vez de negar a política, entrem vocês na política", disse.
O discurso de Lula encerrou a Conferência Nacional "2003 - 2013: Uma nova política externa", da universidade em São Bernardo do Campo. Os jornalistas não puderam acompanhar o evento no auditório e assistiram à palestra através de um telão ao ar livre.
Política externa
Sobre o tema da conferência, Lula disse que se orgulha de ter colocado a fome como tema central da política externa em seus mandatos. Lula iniciou a conversa com estudantes ressaltando a importância da escolha de Celso Amorim como ministro das Relações Exteriores.
Ele lembrou sua visita aos Estados Unidos no início do governo, apontando que se mostrou crítico à guerra do Iraque. Segundo Lula, à época ele disse que a guerra do Brasil era contra a fome. O ex-presidente brincou com a plateia e disse que continua viajando. "É um jeito de não encher o saco da [presidente] Dilma", afirmou.
Além da centralidade do tema fome em suas ações diplomáticas, Lula disse que o período recente vivido na América Latina foi o mais progressista e de esquerda. Ele lembrou que foi nesta época a primeira reunião dos países latinos sem a presença de EUA e do Canadá.
Lula não quis comentar o fato de o Brasil não ter concedido asilo ao ex-técnico de inteligência Edward Snowden, mas elogiou o rapaz. "Acho que esse rapaz esta prestando um serviço à democracia ao denunciar um país presidido por um homem como Obama. Espero que ele não tenha ouvido minhas conversas. Acho que esse cara (Snowden) merece respeito", disse sobre o homem que revelou programas secretos de espionagem dos EUA.
O último discurso público do ex-presidente havia sido em 4 de julho, em viagem à Alemanha. Depois disso, ele cumpriu agendas internas no Instituto Lula. No Brasil, o petista falou publicamente pela última vez em 13 de junho, durante um evento em Curitiba.
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