Clima e solo do estado favorecem a cultura da espécie.
Média de plantação local de 55 m³ por hectares supera a média nacional.
O produtor e agrônomo Antônio Fidélis, dono de um viveiro, era plantador de mamona, mas mudou o cultivo ao perceber o potencial econômico e sustentável do eucalipto. Cerca de 70% das mudas produzidas em alagoas saem de sua plantação. Segundo ele, o número de fornecedores é até maior que a demanda.
Espécies cultivadas
De acordo com a Federação da Agricultura do estado, até o fim deste ano Alagoas deve ter 3.500 hectares de eucalipto. Atualmente são usadas 2 espécies: a hurograndis e a urofilus, desenvolvidas após várias pesquisas de melhoramento genético. Essas mudas são clonadas e os estudos revelam que elas são mais resistentes a doenças, pragas e adversidades climáticas. E o melhor de tudo: elas podem ser cortadas em 4 anos, dois a menos que as convencionais.
Para se ter ideia do potencial econômico do eucalipto, só este ano devem ser vendidas cerca de 3 milhões de mudas. Elas são colocadas em tubetes, que são potes conhecidos como rocamboles com capacidade para aproximadamente 50 mudas cada. Um milheiro chega a custar cerca de R$ 550.
“Estamos com uma produtividade muito boa, superior à média nacional, que está em torno de 45 m³ de hectares. A nossa média tem sido acima de 55 m³, então o estado tem um grande potencial para isso, o que está sendo aproveitado pelos nossos produtores e pelas empresas que estão vindo para Alagoas”, comenta Fidélis.
Extração do eucalipto não prejudica o meio ambiente e ajuda a preservar a mata nativa. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Um outro fato interessante é que, além de se trabalhar com mudas
clonadas, também são utilizadas mudas de sementes coletadas nas
árvores. O produtor explica qual a diferença entre os dois tipos. “A
muda clonada é uma espécie que já foi testada, com alta produtividade,
resistência a pragas e doenças. E a muda de sementes são as que têm um
crescimento reduzido, em torno de dois anos a menos, mas também são
muito boas. São árvores que não têm uniformidade. Já o clone não. Têm
aí, cerca de 85 a 90% de uniformidade na floresta. Então você está
plantando com a certeza de ter uma floresta de alta produtividade”,
pontua Fidélis.Plantio deve respeitar legislação
O técnico agrícola Duciel Bispo Sotero explica que o eucalipto está presente nos três setores: indústria, comércio e serviços. A aplicação é bem diversificada. “Antigamente o eucalipto era utilizado só para produzir energia e papel. Hoje nessa cadeia já entrou mais um item, que é a parte da celulose comestível, aplicada em cobertura de pílula de medicamento, na capa da linguiça, na viscosidade do sorvete, na cobertura do chocolate. Também em tecido do tipo viscose e em vários outros derivados. Hoje tem empresa no Brasil que trabalha só com esse tipo de celose”, revela Sotero.
Para fazer o plantio, é preciso atender às exigências da legislação ambiental. A empresa onde o técnico trabalha tem atuação nacional e terceiriza os serviços. A geração de empregos é garantida. “Hoje, para a gente entrar em uma área para plantar eucalipto, ela tem que estar legalizada. Tem que ter licença, respeitar as leis, proteger os rios, as nascentes, para daí então a gente entrar com um plantio”, destaca.
Antônio Marcos Rezende é engenheiro florestal e explica que o clima e o solo do estado favorecem o cultivo do eucalipto. Como a planta se adapta bem às encostas, ela pode substituir áreas de cana-de-açúcar e reduzir os custos de produção.
“Esse clima, o solo, as caraterísticas chamadas edafos climáticos são ideais para o cultivo de floresta. Ele entra bem nessa região devido à dificuldade operacional que produtores de cana vêm enfrentando nos últimos anos, principalmente com a mecanização e a autorização para a queima controlada exigida pela legislação ambiental vem trazendo algumas restrições para esse processo. Ou seja, o cultivo de floresta tem esse ganho ambiental a mais”, expõe Rezende.
Segundo ele, toda a cadeia produtiva do eucalipto é ecologicamente correta e baseada em três pilares. “O cultivo de floresta em muitas empresas tem um tripé de sustentabilidade. Tem que seguir a linha do socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto. Ou seja, seguir todas as condições ambientais, trabalhistas e sociais dentro do estado, do município, das leis nacionais e muitas vezes seguindo algumas leis internacionais, com um rigor maior para a produção de floresta plantada”, pontua o engenheiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário