Confronto com PMs e vandalismo marcam protesto desta sexta em Natal

PM usou balas de borracha e manifestantes jogaram pedras em confronto.
Estabelecimentos comerciais e bancos foram depredados no Centro.

Do G1 RN

De um começo pacífico a um desfecho com bombas, tiros, pedras e um rastro de destruição no bairro de Cidade Alta, zona Leste de Natal. Em novo protesto nesta sexta-feira (19), centenas de integrantes do movimento #RevoltadoBusão caminharam da BR-101 até a Câmara Municipal de Natal, onde foram recebidos com uso de força policial por parte do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChoque) . A concentração de manifestantes se dispersou em grupos. Parte dos integrantes do movimento depredaram pelo menos seis locais, entre bancos, estabelecimentos comerciais e residenciais, e um escritório.

A Polícia Militar prendeu quatro pessoas. Dois homens foram detidos com pedras e um outro homem foi preso por atirar pedras em agências bancárias. Um garoto de 15 anos foi apreendido após mirar laser no helicóptero Potiguar I, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesed). Todos os detidos já foram liberados. As informações são do comandante geral da PM, coronel Francisco Araújo Silva, para quem o protesto desta sexta só não foi pacífico devido à presença de vândalos infiltrados no movimento.

Os manifestantes que enfrentaram as balas de borracha e as bombas da PM acusaram os policiais de terem iniciado o confronto e cometido excessos na ação, que se estendeu até as ruas Campos Sales e Apodi. Já para o comandante geral da PM, coronel Francisco Araújo Silva, a interveção policial ocorreu em legítima defesa. "O protesto seguiu pacífico até a Câmara Municipal, quando alguns manifestantes atiraram pedras em PMs e tentaram invadir o prédio. Nossos homens, em legítima defesa e para proteger o patrimônio público, tiveram que reagir", afirma.

Nos bairros Tirol e Cidade Alta a reportagem do G1 fez imagens de pelo menos seis locais depredados. A loja da Jacaúna Decorações na esquina da rua Apodi com a avenida Prudente de Morais teve os vidros quebrados, assim as agências dos bancos Bradesco e Santander da avenida Rio Branco. O Shopping Cidadão, também na avenida Rio Branco; o edifício Ducal, na avenida João Pessoa; e o escritório Rui Cadete, na rua Apodi; foram outros locais depredados.

Manifestantes nas proximidades do viaduto
Quarto Centenário (Foto: Felipe Gibson)

O protesto
A concentração começou por volta das 16h na parada do ônibus circular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN). Os manifestantes desceram para a BR-101 e após a realização de uma plenária, definiram a Câmara Municipal como destino da manifestação. O grupo seguiu nas duas vias da BR-101 e subiu o Viaduto Quarto Centenário em direção à avenida Prudente de Morais.
Na altura do estádio Arena das Dunas um manifestante foi detido pela Polícia Militar. De acordo com os soldados estavam no local, o jovem apontava um laser para o helicóptero Potiguar I, que sobrevoava a área da manifestação. Em seguida outros manifestantes atiraram pedras e alguns policiais recuaram em direção à BR-101. O #RevoltadoBusão seguiu o trajeto pela avenida Romualdo Galvão.

Os manifestantes entraram na avenida Amintas Barros para chegar na Senador Salgado Filho, onde continuaram até o shopping Midway Mall. No local, policiais faziam a segurança no entorno do shopping para evitar depredações. Um novo tumulto aconteceu e a polícia chegou a disparar um tiro de bala de borracha para dispersar o grupo. Do outro lado, os manifestantes jogaram bombas e pedras.

Pequeno grupo do #RevoltadoBusão e PM entra em
confronto próximo à Câmara (Foto: Igor Jácome/G1)

Ainda na avenida Senador Salgado Filho, placas de trânsito foram arrancadas por alguns manifestantes, que seguiram o caminho até a Câmara Municipal. Para chegar à Casa Legislativa, o movimento pegou a rua Apodi e mais à frente entrou na rua Campos Sales, onde fica a CMN. No local uma equipe do BPChoque já aguardava os manifestantes. Foi quando o Batalhão de Choque e a #RevoltadoBusão ficaram frente a frente.

Balas de borracha, bombas e depredação
Do lado dos policiais vinham bombas de efeito moral e gás lacrimogênio, além de tiros de bala de borracha.Os manifestantes se defenderam atirando pedras e bombas contra o BPChoque. O movimento recuou até o cruzamento da Campos Sales com a rua Apodi. Os manifestantes foram encurralados em um posto de gasolina. Mais bombas e balas de borracha foram atiradas no espaço do estabelecimento.
O grupo se dispersou após isso. Alguns permaneceram no posto, outros foram para a Câmara Municipal, e um grupo seguiu para o Centro da Cidade. Pelo caminho ficou um rastro de destruição que começava pela rua Apodi, onde a loja da Jacaúna Decorações teve os vidros quebrados. Os responsáveis pela depredação ainda tentaram levar alguns móveis, mas desistiram da ideia.

Porta de vidro de uma agência bancária foi
quebrada durante protesto (Foto: Felipe Gibson/G1)

Em caminhada pela Apodi, o grupo quebrou o parabrisa de um carro. Na mesma rua, o escritório Rui Cadete teve o vidro apedrejado. Mais a frente, na avenida Rio Branco, o primeiro sinal de destruição podia ser visto no Shopping Cidadão, onde as vidraças foram quebradas. Os bancos Bradesco e Santander foram outros dois alvos das pedradas, que deixaram as entradas das agências em estilhaços. Por último, na avenida João Pessoa, o edífico Ducal também foi apedrejado.