MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 7 de julho de 2013

Artista alagoano produz arte com materiais encontrados no lixo


Rosivaldo Reis dos Santos produz esculturas e pinturas há 30 anos.
Parte de suas obras está exposta na Pinacoteca da Ufal até 26 de julho.

Do G1 AL

Algumas das pinturas são feitas com colagens. (Foto: Derek Gustavo/G1)Algumas das pinturas são feitas com colagens.
(Foto: Derek Gustavo/G1)
Transformar velhas lembranças da infância em arte através de materiais que muitos consideram como lixo. É o que o artista plástico alagoano Rosivaldo Reis dos Santos, 53, vem fazendo há mais de 30 anos. Ainda pouco reconhecido pelo grande público, ele se diz feliz por poder se dedicar integralmente à sua obra e espera morrer fazendo o que ama.
Santos conta que não se lembra exatamente quando começou a produzir esculturas e instalações utilizando o que outras pessoas chamam de lixo. “Geralmente, o público imagina os escultores como aquelas pessoas que pegam madeira ou pedra, as esculpem, e produzem aquelas obras mais tradicionais. Mas as coisas mudaram. Escultor hoje é o que se apropria de objetos e os transforma”.
E é nas ruas de Maceió que o artista encontra a matéria-prima de suas obras. Arame, pregos, móveis velhos, tudo pode ser transformado em arte em suas mãos. “Pego coisas que ninguém mais quer e transformo em arte. Acho que por isso, por ser tão diferente, minha arte não é tão bem recebida, talvez por causa de nossa cultura, pois todos estão acostumados com a arte 'tradicional''.
Rosivaldo mostra uma de suas criações. (Foto: Derek Gustavo/G1)Rosivaldo mostra uma de suas esculturas, feita a partir de materiais encontrados nas ruas. (Foto: Derek Gustavo/G1)
Na maioria das criações de Silva, é possível ver silhuetas ou desenhos de bicicletas. Além disso, peixes e mulheres também são marcas registradas em suas criações. Segundo ele, esses foram temas marcantes em sua infância, vivida no bairro do Jacintinho, em Maceió.
“Eu sempre quis uma bicicleta, mas nunca tivemos dinheiro para comprar. Então, eu me contentava em alugar uma. Além disso, a imagem da minha mãe, trabalhando duro para cuidar da casa, e do meu avô, desenhando um grande peixe na parede usando carvão, me marcaram profundamente”, explica Silva.
Além de esculturas, Silva também produz desenhos, pinturas e animações, todas carregando algum traço de suas marcas registradas. “Comecei a fazer arte com desenhos. Depois, fui aluno do Pierre Chalita [artista alagoano, que faleceu em 2010], e passei muito tempo fazendo retratos. Daí a começar a fazer animações foi muito rápido”.
As obras de Silva já foram expostas em algumas cidades do país, como Recife, Brasília e Aracajú, e até fora do país, como em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Apesar disso, o artista lamenta que sua arte não é muito bem recebida pelo público, que quase não o conhece fora do meio especializado em arte. Isso, porém, não o assusta. Tanto que ele se dá ao luxo de viver exclusivamente de arte.
O artista fez um desenho especial para a reportagem do G1. (Foto: Derek Gustavo/G1)O artista fez um desenho especial para a reportagem do G1. (Foto: Derek Gustavo/G1)
“Eu não sou muito conhecido nem lá fora nem aqui, em Alagoas, mas meu foco é o prazer de produzir. Isso é o que me mantém aqui. Não dá muito dinheiro, mas conto com a ajuda da minha família. Esse caminho que escolhi, de viver de arte, é sem volta, e se eu morrer fazendo o que gosto, dentro do meu ateliê, morrerei feliz”, conclui.
Exposição na Pinacoteca
Atualmente, algumas das obras do artista estão expostas na Pinacoteca da Ufal, localizada na Praça Visconde de Sinimbú, no Centro de Maceió, como parte da exposição “Fruição Circular”, em conjunto com a “Simbioses Possíveis”, da também artista Eva Cavalcante. Desta vez, Silva faz uma homenagem aos ciclistas, com obras que remetem unicamente à bicicletas.
As duas exposições ficam abertas ao público até o dia 26 de julho, às segundas, quartas e sextas, das 8h30 às 19h; terças e quintas, das 8h30 às 20h. A entrada é franca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário