MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 14 de julho de 2013

A um ano da Copa do Mundo, cai o investimento em infraestrutura


Marcha lenta. Estudo mostra que os investimentos realizados no início do ano caíram 4,5% em relação ao mesmo período de 2012, com resultados ruins na Eletrobrás e no setor público, e que não há tempo para as concessões melhorarem o resultado de 2013


MARIANA DURÃO, MÔNICA CIARELLI / RIO - O Estado de S.Paulo
A expectativa de que os investimentos em infraestrutura decolem em 2013 no País não deve se confirmar. Nos primeiros três meses do ano, R$ 14,8 bilhões foram destinados ao setor, um recuo de 4,5% frente ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento feito pela Inter. B Consultoria. Apesar da aproximação da Copa do Mundo, a concentração de leilões de concessão de rodovias, ferrovias e aeroportos no fim do ano adiará para 2014 os desembolsos mais significativos para a área.
"Se alguém esperava que 2013 fosse o ano da arrancada, pode esquecer", diz o economista Cláudio Frischtak, sócio da consultoria e um dos responsáveis pelo estudo que cruza dados públicos de investimento federal, de empresas estatais, estaduais, autarquias e empresas privadas na área de infraestrutura. Isso inclui segmentos em energia elétrica, telecomunicações, rodovias, ferrovias, metrô, aeroportos, portos, hidrovias e saneamento.
Em nota, o Ministério do Planejamento contestou o estudo sob alegação de que o investimento público no setor alcançou R$ 54,7 bilhões até maio, cifra que representa um crescimento de 4,5% sobre o ano passado. O governo alega que o investimento do setor privado cresceu quatro vezes mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) desde 2007.
Para a Inter.B Consultoria, a diferença se deve, principalmente, ao fato do estudo não contabilizar investimentos no setor de óleo e gás.
Só no primeiro trimestre, o orçamento da Petrobrás foi de R$ 19,8 bilhões. Além disso, o dado do governo incluiu mais dois meses na contagem.
PAC. Os dados fechados pela equipe da Inter.B mostram que o investimento em infraestrutura atingiu 2,29% do PIB nominal em 2012 - ou R$ 100,6 bilhões em números absolutos. O resultado foi um avanço de 0,20 ponto porcentual em comparação a 2011, mas ainda está longe dos 2,46% do PIB de 2008, ano de maior investimento relativo no setor desde o início do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A julgar pelos dados de janeiro a março, em 2013 não haverá aumento da fatia do PIB destinada ao setor.
As obras da Copa e o fraco crescimento do PIB tiveram efeitos importantes na recuperação dos números de 2012. O programa de concessões do governo Dilma Rousseff também ajudou, com o início dos aportes privados e da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) nos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília.
Apesar de admitir que os investimentos costumam se acelerar ao longo do ano, Frischtak alerta que o segundo semestre reserva apenas uma corrida administrativa do governo para acelerar os leilões de rodovias, ferrovias e aeroportos. "Vai ser apenas uma preparação para os investimentos em 2014", diz o economista.
Outro ponto que pode conter a expansão dos aportes em infraestrutura é o desempenho da Eletrobrás. A companhia investiu R$ 9,9 bilhões no ano passado, o equivalente a 10% dos recursos destinados ao setor. Os desembolsos da companhia elétrica em projetos como a usina de Belo Monte garantiram um significativo avanço da contribuição das estatais federais para o setor de infraestrutura em 2012: de 0,18% para 0,28% do PIB, ou R$ 12,3 bilhões.
A estatal de energia elétrica projeta investir R$ 13,8 bilhões em 2013, mas até março atingiu apenas R$ 1,9 bilhão desse total.
Historicamente, a Eletrobrás não tem executado 100% do seu orçamento, e o ano passado foi fora da curva em termos de investimentos - a média anual de 2007 a 2011 foi de R$ 4,6 bilhões ao ano.
A preocupação é que o impulso da Eletrobrás não se repita, já que o mercado espera que sua capacidade de investimento seja reduzida após os termos desfavoráveis da antecipação da renovação das concessões do setor elétrico definidos no ano passado. "É preciso saber se a Eletrobrás vai sustentar esse nível de investimentos. O número até agora não é consistente com a previsão", diz Frischtak.
Setor público. O levantamento mostra que as limitações para que o setor de infraestrutura deslanche continuam concentradas na esfera pública, apesar do PAC. Somados, os dados de governo federal, empresas federais, estaduais e autarquias responderam por menos da metade (46,5%) dos recursos destinados à área em 2012. O quadro mostra uma ligeira alteração nos primeiros meses deste ano. Até março, os entes públicos investiram R$ 8,4 bilhões em infraestrutura - com destaque para o governo federal -, contra R$ 6,3 bi das empresas privadas.
O setor de telecomunicações foi o que teve o pior desempenho, com investimentos de R$ 3,44 bilhões, queda de 35% sobre o primeiro trimestre de 2012. O resultado pode refletir uma desaceleração após aportes mais robustos em 2012 para acelerar a implantação da tecnologia 4G e diante das cobranças da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O maior destaque continua sendo o setor de energia elétrica, com uma injeção de R$ 5,34 bi de janeiro a março, na esteira de grandes projetos como as hidrelétricas de Belo Monte, Jirau e Santo Antonio.

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