Hélio Pólvora* A TARDE
Não seria exagero falar em terrorismo. Vivemos dias de pânico disseminado. Há uma guilhotina suspensa sobre nossas cabeças - e ninguém está imune: um dia, em casa ou na rua, no trabalho ou no lazer, na escola e nas lojas, a lâmina pode cair.
E como tem decepado! Um programa das Nações Unidas, o Pnud, atribui ao Brasil 11% dos homicídios mundiais. Crimes hediondos se sucedem; uma das últimas modalidades consiste em despejar álcool em pessoas surpreendidas com pouco dinheiro e atear fogo.
Os criminosos - em geral assaltantes - matam por motivos fúteis. Aos poucos, com a prática e a impunidade (leis frouxas, altamente benévolas), adquirem gosto. O assassino age em qualquer lugar, contra qualquer grupo, operário ou abastado.
Estamos em guerra desigual: bandidos egressos, às vezes, da própria polícia, contra a sociedade desarmada em todos os sentidos. Pessoas de bem, que vivem para o trabalho e o pagamento de impostos, sucumbem a um ódio que não fomentaram.
O que têm feito os governos - municipais, estaduais, federal - para proteger o direito à vida e à segurança pública? Quase nada. Somos governados por uma minoria hábil na simulação de condutas democráticas.
Até hoje não houve a vontade clara, expressa, concreta de convocar uma cruzada contra a violência. Um projeto nacional envolvendo os três poderes, um mutirão para reforma do acomodado Código de Processo Penal, da polícia e outras esferas, com aplicação imediata.
O martírio diário de vidas inocentes calou a velha cantilena esquerdista segundo a qual as desigualdades sociais favorecem o crime. Nesse caso, para que tantas bolsas? Só para amarrar votos? Há uma insegurança consentida - e ao omitir-se o governo se torna cruel.
* Hélio Pólvora escreve aos domingos
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