Fábio Bittencourt A TARDE
Realizado pela ManpowerGroup - uma das principais empresas em gestão e contratação de pessoas -, o levantamento, feito em 42 países, aponta que 68% dos empregadores brasileiros (foram cerca de 750 entrevistados) têm dificuldades para preencher vagas em suas organizações, em especial nas áreas de engenharia, finanças, produção e vendas. Segundo o mesmo estudo, também é difícil selecionar profissional qualificado para trabalhar como mecânico, motorista, assistente administrativo, auxiliar de escritório, secretária, operário, técnico e com ofício manual.
O resultado disso, afirma o presidente (CEO) do ManpowerGroup, Riccardo Barberis, é que, "em um país como o Brasil, em desenvolvimento, onde as empresas têm planos de crescimento muito mais agressivo, sobram vagas de emprego, que deixam de ser preenchidas por falta de candidatos com qualificações técnicas".
"A pesquisa mostra que o potencial competitivo das empresas, hoje, é o capital humano, e que a falta de profissionais de habilidades técnicas é um problema estrutural no Brasil. Encontrar o talento certo para atender às necessidades de negócios continua a ser um desafio crítico para empregadores brasileiros", diz Barberis.
De acordo com o executivo, umas das causas desse cenário foi o desinteresse por parte dos jovens, e ao mesmo tempo o desprestígio que sofreram os cursos técnicos ao longo das duas últimas décadas.
"O mundo da escola tem de ser conectado com o do trabalho, e durante muito tempo a área de humanas foi privilegiada no País. Cursos técnicos têm de vir em primeiro plano, pois possuem valor agregado e costumam imprimir no aluno um espírito mais empreendedor", conta Barberis.
Ainda de acordo com ele, em 2012, "depois de anos, foi a primeira vez que o número de inscrições em vestibulares para engenharia superou o de direito". "O percurso acadêmico deve seguir o da empregabilidade", dá a dica.
Uma das saídas para os empregadores, diz Barberis, é promover treinamentos internos - incluindo iniciativas como a criação da chamada universidade corporativa. "Além de também analisar o potencial de candidatos para o futuro. Um profissional que não está preparado para determinada posição hoje pode crescer com um bom plano de carreira".
Na 8ª edição, pela segunda vez consecutiva, o Brasil, que participa da pesquisa desde 2010, aparece na segunda posição do ranking mundial, ficando atrás apenas do Japão, com 85% de empregadores com dificuldade para preencher vagas. A média global é de 35%.
"Vai faltar engenheiro" - Sergipano de Aracaju, formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal da Paraíba, Roosevelt Costa Carvalho, 40, conta que, para trilhar sua trajetória profissional, resolveu investir em sua formação ainda durante a graduação. Segundo ele, não foi tarefa das mais fáceis conciliar a faculdade com a realização de cursos técnicos, estágios e o estudo de um segundo idioma (inglês).
Na opinião do engenheiro, o que pode ajudar candidatos em busca de uma vaga de emprego é ter sempre em mente a empresa e a área em que se quer atuar. Atualmente responsável pela área de projetos no grupo Brasil Kirin (empresa de bebidas com sede no Japão e que no Brasil detém a marca Schincariol), ele já passou por outras duas multinacionais (Ambev e Unilever).
"Deve-se pensar a empresa em que se quer trabalhar como sendo uma marca, uma grife. Para isso, o profissional precisa estar preparado e não desanimar. Tudo é difícil no mundo do trabalho, e os processos seletivos estão cada vez mais complexos", destaca Roosevelt.
Enquanto arrisca uma previsão: "Vai faltar engenheiro no mercado em 15 anos. Os mais jovens devem ficar atentos ao resultado dessa pesquisa e buscar se especializar em áreas mais técnicas. Carreira boa é a que tem empregabilidade".
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