MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Documentos desmentem Petrobras sobre compra de refinaria no Texas


Ao contrário do que a estatal vem alegando, valor de 1 bilhão de dólares por Pasadena era negociado desde o começo da transação, em 2007

Presidente da Petrobras Maria das Graças Silva Foster
Presidente da Petrobras, Graças Foster, terá de depor em investigação do MPF sobre compra da refinaria (Marcelo Sayão/EFE)
Ao contrário do que a Petrobras vem alegando, a oferta de mais de 1 bilhão de dólares pela refinaria de Pasadena, no Texas, foi negociada pela estatal desde o começo da transação. Segundo documentos citados pelo jornal O Estado de S. Paulo, em 2006, a diretoria da petroleira brasileira pagou, ao todo, 1,18 bilhão de dólares pelo negócio: 360 milhões de dólares por metade da unidade de refino, comprada um ano antes, por 42,5 milhões de dólares, pela ex-sócia belga Transcor/Astra; e mais 700 milhões de dólares pela fatia restante de 50%.
A Petrobras tem justificado que pagou caro pela refinaria por ter entrado em litígio com a ex-sócia em 2008. Em 2012, para encerrá-lo, precisou pagar mais 820 milhões de dólares em acordo para pôr fim aos pleitos e adquirir os outros 50%. O negócio esbarrou no conselho de administração, presidido na época pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, e o processo ficou parado.

A Petrobras também diz que os desentendimentos que levaram o caso à Justiça foram motivados pela crise de 2008, que alteraram o mercado de refino e fizeram as sócias se desentenderem sobre os planos de ampliar a refinaria. A estatal diz que a ex-sócia não honrou seus compromissos e por isso tentou exigi-los judicialmente. Mas documentos da Petrobras e da Transcor/Astra mostram que havia intenção de pagar mais de 1 bilhão de dólares já em 2007, antes da crise.
Na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) no Estado do Rio de Janeiro instaurou um procedimento investigatório criminal para apurar infrações na compra da refinaria de Pasadena (Texas, EUA) pela Petrobras. A portaria fala em possível evasão de divisas e peculato, por indício de superfaturamento. Foram intimados a depor a presidente da Petrobras, Graça Foster, o ex-presidente José Sergio Gabrielli, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o ex-diretor de Internacional, Nestor Cerveró.
Uma de Cerveró ao presidente do conselho da Transcor/Astra, Gilles Samyn, de 5 de dezembro de 2007, combina um pagamento de 700 milhões de dólares pela Petrobras, aos belgas, pelos 50% restantes da refinaria. A proposta foi aprovada em reunião de diretoria de 21 de fevereiro de 2008.


Há quase um ano, quando começaram as investigações sobre a refinaria de Pasadena, a Petrobras respondeu aos questionamentos dizendo que, quando avaliou “a aquisição da refinaria, o cenário era de margens de refino crescentes, a demanda mundial também estava em crescimento e não havia previsões sobre a crise de 2008”. Ainda não havia o pré-sal. A companhia disse ainda que “em um cenário de crise, a natureza das companhias levou a distintos objetivos”. "“Nosso sócio então requereu que a parte dele fosse adquirida (50%) e uma arbitragem internacional lhe conferiu este direito e fixou o valor a ser pago em 2009, o qual recentemente honramos”." O negócio foi fechado na gestão do ex-presidente José Sergio Gabrielli. Consultada, a estatal preferiu não comentar.
Segundo três fontes, a disputa foi para a arbitragem por decisão da Petrobras, depois que o conselho conheceu detalhes do acordo com a Astra, que incluíam a oferta de 700 milhões de dólares e condições vantajosas aos belgas. Dilma acompanhou o processo. O assunto foi tratado em duas reuniões de conselho, em março e abril de 2008.
Uma fonte ligada ao processo diz que os belgas resolveram exercer seu direito de retirada por não concordar com o investimento para duplicar a refinaria e adaptá-la a processar o pesado óleo de Marlim, da Bacia de Campos. As obras estavam previstas quando Petrobras e Astra se associaram. Mas o preço não havia sido combinado. Seria decidido depois de 90 dias, após a análise técnica.
Segundo a mesma fonte, em 2007, o valor da ampliação foi apresentado: 2 bilhões de dólares. Os belgas desistiram de participar e usaram as prerrogativas em contrato para deixar o negócio, o que lhe daria o direito de receber 639 milhões de dólares.
Três fontes dizem que Dilma teve papel preponderante na decisão do conselho de levar o caso à Justiça para reduzir o pagamento. Um dos argumentos seria que, depois da descoberta do pré-sal, não faria sentido investir pesadamente no exterior. Mas o contrato protegia os belgas e a Petrobras perdeu os pleitos arbitrais. Acabou pagando 820 milhões de dólares em acordo extrajudicial.
(com Estadão Conteúdo)  VEJA.COM

Nenhum comentário:

Postar um comentário