MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Após sugerir morte de manifestantes, promotor se arrepende e exclui post


Rogério Zagallo mantém posição contra protesto, mas diz que errou 'forma'.
Post foi publicado na sexta (7) durante manifestação na Marginal Pinheiros.

Julia Basso Viana Do G1 São Paulo

Post de Rogério Zagallo que acabou apagado (Foto: Reprodução/Facebook)Post de Rogério Zagallo que acabou apagado
nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)
O promotor de Justiça Rogério Leão Zagallo, da 5ª Vara do Júri de São Paulo, diz ter se arrependido da maneira como declarou nesta sexta-feira (7), em sua página pessoal no Facebook, sua revolta contra a manifestação contra o aumento das tarifas no transporte público.
Na ocasião, o promotor chegou a escrever no Facebook que a Tropa de Choque poderia "matar os manifestantes" e que arquivaria "o inquérito policial" caso isso ocorresse, mas apagou o post polêmico.
Ele ficou irritado com o trânsito provocado por uma manifestação contra o aumento das tarifas do transporte público, que bloqueou um dos sentidos da Marginal Pinheiros nesta sexta-feira. A cidade chegou a registrar 226 km de lentidão na área sob monitoramento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) durante a noite.
No post, Zagallo reclamava das duas horas que estava no congestionamento. “Estou há 2 horas tentando voltar para casa mas tem um bando de bugios revoltados parando a avenida Faria Lima e a Marginal Pinheiros. Por favor, alguém poderia avisar a Tropa de Choque que essa região faz parte do meu Tribunal do Júri e que se eles matarem esses f... eu arquivarei o inquérito policial”, afirmou nas redes sociais.
O promotor disse ao G1 que a afirmação se tratava de um "desabafo para amigos" e que "talvez tenha errado na forma" de se manifestar. Contudo, ele afirma que mantém a posição em relação ao protesto. "A forma da manifestação está sendo equivocada. Eu não entendo como legítima a forma como ela está sendo executada", disse. "Acho que uma cidade como São Paulo não pode ficar à mercê de uma manifestação", completou.
Às 18h40, a manifestação interditava a Avenida Faria Lima nos dois sentidos  (Foto: Julia Basso Viana/G1)Manifestação interditou vias de São Paulo nesta
sexta-feira (Foto: Julia Basso Viana/G1)
No domingo (9), Zagallo publicou, também em seu perfil no Facebook, uma explicação em que assumiu a autoria do discurso de sexta - apesar de ter dito que quem escreveu foi um amigo, com o seu aval -, mas atribuiu as declarações a um "momento de desabafo" e que não sabia que a declaração tomaria tamanha proporção. "Eu restringi [a publicação] a algumas pessoas, não sabia que isso poderia tomar dimensões públicas."
No momento do protesto da sexta-feira, Zagallo estava indo buscar seu filho no clube onde ele estava praticando esportes. "Foi um desabafo. Não de um promotor, mas de um pai desesperado que não conseguia pegar seu filho", contou. O promotor disse que nem pode arquivar inquéritos, porque tem restrições. “Nunca faria um negócio desse, foi uma forma de manifestar minha ira por não conseguir buscar meu filho. Eu nem tenho esse poder, tenho restrições”, completou.
Após a repercussão de suas palavras, o promotor, que disse não saber muito bem como funciona o mecanismo da rede social, pensa até em apagar seu perfil. "Estou até pensando em sair do Facebook", disse.
O Ministério Público informou nesta segunda-feira (10) que avaliará se há providências a serem tomadas no caso. "Confirmada a autenticidade do comentário, a Procuradoria-Geral de Justiça apreciará o mérito da manifestação e avaliará se há providências a serem adotadas em sua esfera de atribuições. No tocante ao aspecto disciplinar, cabe à Corregedoria-Geral do Ministério Público avaliar as providências pertinentes", diz em nota.
O protesto
Na sexta-feira, os manifestantes do Movimento Passe Livre (MPL) se reuniram pelo segundo dia para lutar contra o aumento das tarifas do transporte coletivo na cidade de São Paulo. A marcha passou pela Marginal Pinheiros, pelas avenidas Faria Lima, Rebouças, entre outras, e chegou à Avenida Paulista. Na quinta-feira (6), as manifestações deixaram um rastro de destruição e sujeira na Avenida Paulista, além de terem bloqueado vias no Centro.
Procurado pelo G1, Caio Martins, integrante do Movimento Passe Livre, disse que a declaração do promotor “é inadmissível na democracia”. Segundo o estudante, “é descabido ele (o promotor) entender a luta social como crime, e entender a manifestação popular como caso de polícia”, afirmou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário