Transportadores misturavam água e ureia ao produto para aumentar lucro.
Produtores queda no consumo e a desvalorização do preço do leite.
Produtor lamenta fraude no leite e teme queda no preço do produto (Foto: Reprodução/RBS TV)
Além de preocupar os consumidores, o esquema de adulteração do leite gera revolta entre os produtores do Rio Grande do Sul.
O temor é de uma possível queda nos preços após a Operação Leite
Compensado, que investiga a fraude por parte de transportadoras. Sem
nenhuma participação no esquema, eles investem alto para garantir a
qualidade do leite produzido em suas propriedades, como mostra a
reportagem do Campo e Lavoura, da RBS TV (veja o vídeo abaixo).Depois da ação que foi desencadeada na última quarta-feira (9), lotes de leite de seis marcas foram retiradas do mercado por contaminação (veja lista de lotes aqui). Três postos de resfriamento e uma fábrica em Estrela foram interditadas. Das sete pessoas presas, seis já foram ouvidas em Tapera até a sexta-feira (9). Cinco delas ficaram caladas e só vão se manifestar em juízo. Duas haviam sido liberadas após os depoimentos. Na segunda-feira (13), será ouvido um empresário preso em Guaporé, na Serra. A denúncia será enviada a Justiça na próxima semana. As empresas que receberam o leite adulterado também serão chamadas a dar explicações sobre os testes.
O filho de Nestor, Cristiano, diz que recebeu propostas de outros transportadores para vender o leite por um preço maior. "Ano passado recebemos 10 ou 15 propostas de empresas que vieram aqui na propriedade. Também de empresas sérias, mas também gente que não preza muito pela qualidade", conta.
A preocupação dos agricultores é que leite chegue aos postos de resfriamento e na indústria com a mesma qualidade que saiu do campo. Era justamente neste trecho, entre o produtor e o posto, que ocorria a adulteração do produto, com a adição de água e ureia.
Responsável pelo setor de leite da Cooperativa Mista São Luiz, de Santa Rosa, o agrônomo Milton Racho afirma que os problemas apresentados podem gerar desconfiança dos consumidores. Se houver queda no consumo, automaticamente o preço deve baixar para o produtor.
"É preciso saber que o Ministério Público e o Ministério da Agricultura estão agindo muito forte em cima disso. Isso não comprometeu todo o leite do Rio Grande do Sul. O consumidor siga consumindo o leite porque existem empresas e produtores sérios e idôneos", alerta o agrônono.
Cooperativa faz testes para verificar qualidade
(Foto: Reprodução/RBS TV)
Para ele, a investigação fará com que os produtores comecem a procurar
empresas com credibilidade para vender o leite. "Simplesmente alguns
chegam aos produtores e perguntam quanto eles recebem pelo leito. E aí
dizem 'nós pagamos tanto a mais e sendo branco para nós, é leite. Não
exigimos qualidade'. Isso é um desserviço para a cadeira leiteira",
afirma Racho.(Foto: Reprodução/RBS TV)
Para evitar que o leite entre na plataforma contaminado ou com misturas, por lei, todas as unidades de resfriamento devem ter laboratório. Na Coopermil, de Santa Rosa, o caminhão só pode descarregar depois de todos os testes exigidos pelo Ministério da Agricultura serem feitos e aprovados.
Fórmula usada para adulterar leite era vendida por R$ 10 mil
De acordo com a investigação, os suspeitos fraudavam o leite em três núcleos, mas sem vínculo entre eles. O MP passou a monitorar os grupos e, sempre que havia adulteração e depois envio aos postos de resfriamento, os fiscais iam até os locais.
Quem tiver embalagens fechadas dos produtos dos lotes não recomendados para consumo deve guarda-los e comunicar Ministério Público pelo e-mail consumidor@mp.rs.gov.br.
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