MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 18 de maio de 2013

Primeiras impressões: Lifan X60


Por R$ 52.777, SUV chinês quer atrair compradores de Tucson e Duster.
Dirigibilidade ruim joga contra, mas bom espaço interno é trunfo.

Rodrigo Mora Do G1, em Punta Del Leste (Uruguai) - o jornalista viajou a convite da Lifan do Brasil

Lifan X60 chega em versão única por R$ 52.777 (Foto: Divulgação /  Shez Comunicação)Lifan X60 chega em versão única por R$ 52.777 (Foto: Divulgação / Shez Comunicação)
Comprar um modelo da Lifan Motors em algumas cidades era tarefa reservada apenas aos realmente obstinados por um carro da marca chinesa – ou uma mera consequência para quem visitava a loja de seminovos (de bandeira independente) à procura não de um Lifan, mas de qualquer automóvel, e acabava seduzido pela proposta (relativa fartura de equipamentos por preço inferior) do sedã 620 e do compacto 320.
A falta de qualquer identificação estrutural comum às concessionárias monomarcas antecipava que virar cliente da marca seria um caminho cheio de incertezas quanto a assistência, revenda, manutenção – e isso sem visitar a oficina, com uma boa porção de carros à espera de peças de reposição.
Esse cenário de falta de comprometimento não só com o consumidor, mas também com o mercado brasileiro ficou no passado, garantem os executivos da Lifan do Brasil, empresa fundada em outubro de 2012 e que deixa para trás a parceria com a também chinesa Effa Motors – que tem em seu portfólio o M100, espécie de minivan compacta que é, de longe, o pior carro chinês à venda no Brasil. “A história passada não foi de sucesso. Até por isso estamos assumindo a operação brasileira”, explica Carlos Tavares, diretor de pós-venda da marca.
Lifan X60 chega em versão única por R$ 52.777 (Foto: Divulgação /  Shez Comunicação)Lifan X60 (Foto: Divulgação / Shez Comunicação)
Quem marca esse recomeço da Lifan no Brasil é o X60, utilitário esportivo que há anos ensaia sua estreia por aqui e que, enfim, chega por R$ 52.777.
Uruguai – Brasil
O X60 é montado na planta da Lifan em San José (Uruguai) no regime CKD (Completely Knock-Down; completamente desmontado, em inglês) e de lá segue para Brasil e Argentina. Até o final do ano, a fabricante espera ter 50 pontos de venda no país (devidamente identificados, como algumas das atuais 25 concessionárias são), que colocarão nas ruas, segundo suas estimativas, 400 carros por mês. A garantia para o SUV é de três anos, sendo de cinco para motor e câmbio.
Vale dizer que é a investida mais incisiva da Lifan no mercado brasileiro, com direito a discurso, durante o lançamento à imprensa, do presidente e fundador da empresa, Yin Mingshan. Ele próprio se autodenomina o “general” dos serviços de pós-venda da Lifan e diz acompanhar de perto esse delicado setor de qualquer fabricante de automóveis. A empresa, inclusive, promete assumir eventuais problemas de clientes da “era” Lifan-Effa.
Concorrentes
Renault Duster, Hyundai Tucson e Chery Tiggo são os rivais óbvios do Lifan X60 e o motivo é simples: assim como o estreante chinês, os três concorrentes citados atraem o tipo de comprador que abre mão de design, refinamento mecânico e acabamento interno exclusivamente para se encaixar no atual padrão de status automotivo. Ou seja, qualquer coisa por um SUV.
O Ford EcoSport seria uma rival mais distante por trazer dimensões menores e ter público-alvo mais exigente.
Com os R$ 52.777 cobrados pelo X60 em mente, é fácil argumentar a favor do estreante chinês frente ao Duster na comparação entre os itens de série. Por R$ 52.490, valor próximo ao do Lifan, o SUV de ascendência francesa traz os mesmos equipamentos básicos (direção hidráulica, ar-condicionado, ABS, airbag duplo e vidros e travas elétricos), mas fica a dever sensor de estacionamento, câmera de auxílio à ré, sistema multimídia com CD, DVD e GPS, bancos em couro, retrovisores elétricos, controles do rádio no volante, fixação de cadeiras para crianças (Isofix) e recurso que mantém os faróis acesos por 30 segundos após desligar o carro – benesses encontradas na extensa lista do X60, vendido apenas na configuração Talent e sem opcionais. Por outro lado, ajuste de altura do banco do motorista e computador de bordo são ausências relativamente graves no Lifan.
Lifan X60  (Foto: Divulgação /  Shez Comunicação)Lifan X60 (Foto: Divulgação / Shez Comunicação)
Um Duster com oferta similar, e ainda assim devendo um ou outro equipamento, não sai por menos de R$ 60 mil. Já o Tucson chega perto na lista de equipamentos (com algumas exceções e também itens exclusivos), mas fica bem longe no preço: R$ 66.000. Quanto ao Tiggo, o preço é similar, mas o Chery fica apenas no essencial e perde feio para o conterrâneo.
Só que um automóvel não vive apenas de uma farta lista de equipamentos.
Primeiras impressões
A primeira acelerada com o X60 surpreende. Os 128 cavalos a 6.000 rpm e 16,8 kgfm de torque em 4.200 rpm são modestos no papel, mas executam bom trabalho na prática. O SUV de 1.330 kg se desenvolve facilmente no trajeto urbano, com respostas rápidas. Chega até a causar um leve estímulo no motorista. Mas dura pouco: na estrada, o propulsor se esforça para lançar o SUV a velocidades mais altas, e já aos 120 km/h o barulho que invade a cabine é intenso. Culpa do isolamento acústico, negligenciado por quase todas as chinesas.
O câmbio não tem os engates mais precisos e instigantes do mundo, mas carrega certa maciez uma vez que o motorista se acostuma com o carro. Já a suspensão requer um retrabalho da engenharia chinesa: firme o bastante para transmitir qualquer irregularidade do piso à cabine, mas macia a ponto de não impedir a carroceria de rolar em curvas contornadas de maneira mais rápida.
A direção é bem anestesiada, lerda em obedecer aos comandos do condutor. E o volante poderia ser menor no diâmetro.
Em resumo, um carro ruim de guiar – o que não deverá afetar seu futuro proprietário, que antes mesmo de estacioná-lo na garagem já havia ignorado fatores tão importantes quanto dirigibilidade.
Lifan X60 (Foto: Divulgação)Lifan X60 (Foto: Divulgação)
Internamente, o X60 contraria positivamente as expectativas criadas a partir do histórico dos chineses por aqui. O acabamento é honesto, especialmente na forração das portas. Salvo o console central – que traz um plástico que tenta remeter a um material mais requintado, e que ficaria melhor se assumisse sua simplicidade –, o aspecto é de boa qualidade. Há espaço suficiente na parte frontal e o espaço no banco traseiro é digno de aplausos.
Quem não gosta do interior claro, contará em breve com uma opção em preto, promete a marca. O câmbio automático também é uma promessa para o futuro.
Quanto ao visual, o X60 dá muito mais dignidade ao seu proprietário ao não seguir o mesmo caminho do 320,  que copia grotescamente o Mini Cooper – embora os executivos da Lifan digam que não, alegando que é fruto da “imaginação” de quem vê tal semelhança. Mas é como o sedã 620, que parece alguém, mas não se sabe quem.
Fábrica no Brasil suspensa
Anunciada em janeiro de 2012, a fábrica brasileira da Lifan está suspensa, mas não descartada em definitivo. Na visão de Mingshan, o governo brasileiro ainda não é claro o bastante quanto às políticas de incentivo (se referindo ao Inovar-Auto), enquanto o Uruguai (onde monta o X60) oferece mais benefícios fiscais. Não se trata, reforça o executivo, de falta de recursos. Somando as forças da Lifan a uma eventual ajuda do governo chinês, há dinheiro não para uma, mas sim para até duas fábricas por aqui, segundo o fundador da empresa.
Enquanto isso, segue investindo na planta uruguaia, que receberá US$ 100 milhões até o final do ano e mais US$ 100 milhões até o término de 2014. O montante dobrará o tamanho da fábrica e ampliará sua capacidade para 40 mil carros por ano.
Até o final do ano a Lifan promete lançar por aqui o Foison Pick-Up e o sedã compacto 530. Assim, a marca volta a ter três modelos recheado suas concessionárias, já que 320 e 620 não são mais importados – o que, de certa maneira, sela o fim do conturbado casamento com a Effa.
Lifan X60 (Foto: Divulgação /  Shez Comunicação)Lifan X60 (Foto: Divulgação / Shez Comunicação)

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