MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 6 de maio de 2013

No Paraná, pais largam tudo para cuidar da filha com câncer


Após a descoberta da doença, família se mudou para Toledo, no oeste.
Emilie Adamns tem um ano e oito meses e já retirou dois tumores.

Cassiane Seghatti Do G1 PR, em Toledo

Família mora em Toledo, no oeste do Paraná (Foto: Arquivo Pessoal)Família mora em Toledo, no oeste do Paraná (Foto: Arquivo Pessoal)
Há cinco meses, Valmir Adams e Franciele Adams descobriram que a filha, hoje com um ano e oito meses, estava com câncer de célula germinativa. A descoberta foi feita após o bebê parar de andar e reclamar de dores, e mudou completamente a rotina do casal. Desde então, Emilie Adams já passou por cinco quimioterapias e uma cirurgia, quando foram retirados dois tumores malignos - um próximo da bexiga e outro da coluna.
O casal morava há apenas poucos dias em Rondonópolis, no Mato Grosso, quando recebeu a notícia. Valmir havia acabado de pedir demissão do emprego em uma multinacional e estava com uma negociação avançada para uma nova colocação, no entanto, desistiu e resolveu procurar o convívio dos familiares em Toledo, no oeste do Paraná. O recomeço com dedicação exclusiva à filha tem sido bancado pelo dinheiro recebido por Valmir na rescisão, além de doações. O casal ainda possui outro filho, de seis anos.
Os afazeres do dia-a-dia passaram a ser planejados conforme as consultas e horários de medicação de Emilie, em uma readequação que tem exigido auxílio e cumplicidade dos pais. “Hoje, eu sou muito dependente do Valmir. O Valmir é meu suporte, é meu porto seguro, é meu alicerce, porque além de ele estar me dando suporte, a Emilie tem muita intimidade, muito amor com ele. Então, se ela está chorando, ele sabe porque ela está chorando. Se ela está incomodada, ele sabe porque ela está incomodada. Ele troca fralda, ele dá comida, ele dá banho”, contou Franciele ao G1.
Franciele Adams, mãe da Emilie, contou que precisou readequar o dia a dia da família (Foto: Arquivo Pessoal)Franciele Adams, mãe da Emilie, contou que precisou readequar o dia a dia da família (Foto: Arquivo Pessoal)
O apoio descrito por Franciele tem sido fundamental na luta contra a doença, principalmente nos momentos mais difíceis, como a descoberta da doença e a primeira sessão de quimioterapia. “Naquela madrugada eu cheguei a orar e falar assim para Deus: que se Deus quisesse levar ela para parar de sofrer, a gente ia sofrer, mas até ia tentar entender. Mas se não fosse a hora dela, a gente não ia aceitar isso. A gente ia lutar com todas as forças até o fim para conseguir vencer isso”, lembra a mãe.
A passagem pela fase difícil fez com que Franciele se sentisse mais tranquila, com a consciência de que Emilie estava forte o suficiente para enfrentar a doença. A mãe conta que mesmo os médicos se surpreenderam com a força de vontade da paciente. “A Emilie é um milagre, mesmo. Eu acho que só passando por isso para conseguir sentir o que eu sinto como mãe. Ela é uma criança amorosa, ativa, feliz, risonha, que interage com todo mundo. Então, é uma coisa que não tem preço, é maravilhoso”, contou, emocionada.
Emilie Adams já passou por cinco quimioterapias e há duas semanas fez uma cirurgia onde foram retirados dois tumores malignos (Foto: Arquivo Pessoal)Emilie Adams já passou por cinco quimioterapias e há duas semanas fez uma cirurgia onde foram retirados dois tumores malignos (Foto: Arquivo Pessoal)
Uma das armas que a família tem utilizado para manter a alegria da filha em meio ao tratamento é evitar demonstrar a sensação de sofrimento. “Eu aprendi muito com tudo isso. A gente já era uma família unida, mas uniu ainda mais. A gente aprendeu a conviver com as coisas, a gente aprendeu a ser forte. O  médico sempre nos falava: nunca chore na frente dela, não demostrem tristeza. Hoje, já posso dizer que não é mais aquela dor - se não fosse ela ser careca, ninguém diria que tem a doença. Ela é muito normal”, assegura.
Os Dias de Emilie (Foto: Arquivo Pessoal)Emilie sorri com os pais e o irmão (Foto: Arquivo Pessoal)
Facebook
Como recebiam muitas ligações de conhecidos e familiares para saber sobre o estado de saúde da Emilie, os pais criaram uma página no Facebook para contar o dia a dia da criança. A intenção era apenas mostrar para os mais próximos, contudo, os visitantes foram aumentando, e, atualmente, mais de 30 mil pessoas acompanham as postagens. “Tudo o que acontece conosco, tudo o que a gente tem vivido, a gente tem conseguido demonstrar isso, porque as pessoas escrevem. Isso é muito gratificante para nós - as pessoas estarem sentindo o que a gente realmente quer dizer”, disse.
Franciele conta que o sucesso da página também tem ajudado outras pessoas a superar problemas pessoais. “A gente tem podido mostrar o milagre da vida da Emilie, a força dela, tudo que Deus fez. Não tem explicação de tudo ter dado certo”, disse. Segundo a mãe, ela e Valmir ainda conseguem responder a todas as mensagens, mas o trabalho tem aumentado nos últimos tempos.
Os Dias de Emilie (Foto: Cassiane Seghatti/G1)"A gente passou da tristeza a alegria", diz Franciele sobre a possível cura de Emilie  (Foto: Cassiane Seghatti/G1)
Dia das Mães
Apesar de os médicos ainda não terem confirmado a cura de Emilie, Franciele diz que acredita no fim da doença, e, para ela, o primeiro Dia das Mães com a filha saudável lhe traz um sentimento de gratidão. "É como se ela tivesse nascendo de novo. Toda luta que a gente passou e o sentimento, em dezembro, de ter quase que se despedir dela, agora é um presente para mim. Não tem nem o que falar, a gente passou da tristeza à alegria", disse.
A experiência passada com Emilie serve hoje como forma de conselho de Franciele aos que ainda enfrentam dificuldades."Digamos que o médico dissesse para quem está passando por isso agora: Olha, você tem 1% de vida. Se apegue nesse 1%. Não deixe se abater pelos 99% que tem de chance de morrer. Você tem que se apegar naquilo que é bom e tem que ter tranquilidade para manter a situação sobre controle", sugere a mãe.

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