MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 21 de maio de 2013

Escola de samba presta homenagem a mortos no cemitério de Guará (SP)

Agremiação atendeu pedido do filho de dona-de-casa enterrada em 1995.
Apresentação durou duas horas e foi assistida por amigos e familiares.

Do G1 Vale do Paraíba e Região

Cemitério Guaratinguetá (Foto: Suellen Fernandes/G1)Agremiação Bonecos Cobiçados durante apresentação no cemitério Guaratinguetá que foi realizada para
homenagear duas pessoas sepultadas no local (Foto: Suellen Fernandes/G1)
O silêncio e a melancolia deram lugar na tarde de segunda-feira (20) às batidas de uma escola de samba no cemitério Senhor dos Passos em Guaratinguetá (SP). A bateria da agremiação Bonecos Cobiçados, uma das mais tradicionais da cidade, prestou uma homenagem inusitada a duas pessoas sepultadas no local.
Cerca de 20 ritmistas, inclusive crianças da bateria mirim, se apresentaram entre os túmulos após uma seresta. Eles foram convidados pelo filho de uma das homenageadas, o aposentado Diógenes Antunes, de 71 anos, que afirmou que a mãe havia manifestado o desejo de que, quando morresse, fosse enterrada com roupa rosa - uma das cores da escola Bonecos Cobiçados.
A mãe do aposentado, Risoleta Antunes Marcondes, conhecida como dona Eta, morreu em 1995 aos 88 anos por complicações respiratórias e desde então é anualmente homenageada pelo filho com eventos que tem como atração principal a música. O outro homenageado foi o dentista Carlos Alberto Jambeiro da Rocha, o Carlucho, um dos fundadores da Banda Mole, tradicional grupo carnavalesco de Guará. Ele morreu no ano passado, aos 76 anos.
Cemitério Guaratinguetá (Foto: Suellen Fernandes/G1)Amigos, família e visitantes que passavam pelo
cemitério acompanharam homenagem
(Foto: Suellen Fernandes/G1)
A música entoada pelos carnavalescos foi o samba-enredo 2012 da agremiação, que levou dona Eta como tema para a avenida. Eles animaram a homenagem após a apresentação de seresteiros e de um coral, que foi acompanhado por familiares, amigos e por quem estava no local. Toda a homenagem durou cerca de 2 horas das 16h às 18h.
“É uma homenagem que faço todos os anos e também já virou um evento na cidade. Nem todos que acompanham os eventos que eu promovo neste período sabem que é uma homenagem à minha mãe”, explicou Antunes. Neste ano, ele encabeça a realização de 18 eventos, até o dia 18 de junho, todos em memória da mãe.
Para o autor do samba enredo, o sambista Gerson de Guaratinguetá, esse foi o lugar mais inusitado onde a agremiação se apresentou. “Inusitado, mas feito de coração. Não a conheci, mas sinto a energia dela e isso vale essa homenagem. Espero ter atendido a expectativa da família”, disse ao G1.
Pedido
O filho de dona Eta contou que na época em que a mãe morreu, ele trabalhava no exterior, e que além de pedir para ser enterrada de rosa ela queria que o sepultamento fosse entoado por uma banda. Longe, o filho não pode atender o último pedido da mãe e daí nasceu a idéia de homenageá-la com um show anual no cemitério.
“Eu cheguei uma hora antes do enterro e não tive como fazer isso. Mas naquele ano em que ela morreu, no dia 16 de maio, dia do aniversário dela, promovi uma noite musical e convidei  cerca de 450 pessoas que haviam assinado o livro no velório para a noite musical da dona Eta, que mais tarde, em 2001, passou a ser celebrada com seresta no cemitério. Ela não queria tristeza, por isso pediu música no seu enterro”, disse.
Se estivesse viva, Dona Eta teria completado 106 anos. Espírita, mãe de três filhos, a dona de casa ficou conhecida na cidade por ter contribuído com obras de caridade – fundou uma maternidade para mães carentes, a creche Chico Xavier e ajudou a fundar um centro espírita.
Público
O aposentado Luiz Antunes conheceu dona Eta e disse que a homenagem é adequada. “Uma homenagem diferente que se adequa à ela”, disse. A manicure Marilene de Barros elogiou a iniciativa. “Foi tudo muito bonito, mexeu com o povo. Foi um evento maravilhoso para uma mulher excepcional, grandiosa espírita. Ela não morreu, está viva em nossos corações”, afirmou.
Emocionado, o vice-presidente da escola e intérprete do samba, Márcio Pixinguinha, dona Eta e Carlucho comentou a sensação de participar da homenagem. “O carlucho criou a Banda Mole e a dona Eta merece toda nossa homenagem. Foi muito bonito, eles estão felizes hoje”, disse.

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