MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 19 de maio de 2013

Caviar produzido no Uruguai é exportado para Europa e EUA


Criação é a única na América do Sul e uma das poucas fora da Rússia.
Produção de caviar na natureza está diminuindo devido a pesca excessiva

Do Globo Rural

No interior do Uruguai, uma fazenda em Durazno cria um peixe que é quase um mito, o esturjão. Deste se extrai uma das iguarias mais caras do mundo, o caviar. A criação mostrada no Globo Rural é a única em toda a América Latina e uma das poucas fora da Rússia, que produz cerca de 90% de todo caviar consumido no mundo.
Vinte anos atrás, parecia uma aventura além da imaginação quando a família Alcalde ficou sabendo de um estudo que dizia ser possível criar o esturjão e produzir caviar nas águas do Rio Negro, no interior do Uruguai, a milhares de quilômetros da Rússia.
Segundo alguns historiadores, os esturjões apareceram na Terra na mesma época que os dinossauros, entre 60 e 200 milhões de anos atrás. Apesar de ser parecido com um tubarão, é calmo e dócil. Não oferece perigo nenhum, mesmo porque não tem dentes. Alimenta-se de crustáceos e outras pequenas formas de vida aquática. Na natureza há registro de exemplares pesando até duas toneladas. Por ser muito procurado, o esturjão vive sob permanente risco de extinção. Por isso, em muitos lugares, passou-se a criá-lo em cativeiro.
Roman é dos irmãos o que dirige a criação. Ele conta que os primeiros filhotes de esturjão foram transportados da Rússia de avião, num voo que durou quase dois dias. O risco da viagem não dar certo foi grande. “Teve gente que disse que a mudança de pólo magnético iria matar as ovas das fêmeas na viagem”, diz.
Deu tão certo que hoje, Roman disse não depender mais dos russos para criar os esturjões das espécies siberiano e russo e produzir cerca de sete toneladas de caviar por ano.
Criação
A reprodução dos esturjões se faz em um galpão, também chamado de incubadora. Como não se faz trabalho de sexagem para nascer apenas fêmeas, os machos são descartados. Os alevinos permanecem na incubadora por tempo para ganhar resistência, depois são levados para tanques de engorda, onde ficam por um ano, recebendo uma ração feita na própria fazenda a base de farinha de peixe.
Em outros tanques as fêmeas ficam por alguns meses num processo de adaptação para que se acostumem com um espaço bem maior que ganham mais adiante. Na represa de Baygorria ficam as jaulas submersas com as fêmeas do esturjão. Lá as fêmeas são maiores e mais gordas.
A qualidade e a temperatura da água do Rio Negro são fundamentais para o desenvolvimento das fêmeas. Os tanques da última fase de crescimento são abastecidos com água do próprio Rio Negro para não haver problemas de adaptação.
Doutor Teófilo Pereira conta que o sistema russo de criação de esturjão sofreu muitos ajustes para dar certo no Uruguai. “Adotamos, em princípio, o sistema russo de produção, mas em relação à qualidade da água, alimentação e ao clima daqui, fizemos adaptações e conseguimos bons resultados”, diz.
Caviar
Na preparação para o abate, as fêmeas são sedadas para não sentir dor. Nessa condição, recebem um golpe e são logo levadas para a sala de extração. Isso tem de ser bem rápido porque as ovas são muito perecíveis.
Com um corte na barriga, o funcionário retira o ovário e o coloca dentro de um saco. De cada fêmea, retira-se em média 80 mil ovas, o que corresponde a cerca de um quilo de caviar, mais ou menos 10% do peso da fêmea. O restante é vendido para peixarias.
Uma lata de um 1,8 kg num supermercado da Europa valeria algo como R$ 15 mil. Também existe a latinha de 50 gramas que, no mercado brasileiro, custa em torno de R$ 400. O caviar pode ser o prato principal, mas geralmente é servido como canapé, um petisco, um aperitivo de uma boa refeição.
A cada ano diminui a produção de caviar na natureza, tanto na Rússia como no mundo todo, por causa da pesca excessiva e predatória. Além da Rússia, o caviar uruguaio também vai para os principais supermercados da Europa, dos Estados Unidos e do Brasil.

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