MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 18 de março de 2013

Praia 'secreta' de Guarujá, SP, oferece mar e cachoeira ao mesmo tempo


Exemplos de sustentabilidade, São Pedro e Iporanga ficam lado a lado.
Mariane Rossi Do G1 Santos

Cachoeira em frente a Praia de Iporanga (Foto: Mariane Rossi/G1)Visitantes podem aproveitar o encontro das águas da cachoeira e do mar (Foto: Mariane Rossi/G1)
Administradas por 'síndicos', as praias de Iporanga e São Pedro, em Guarujá, são, além de um paraíso para moradores e turistas, um exemplo de comunidade sustentável. As belezas naturais, como a areia branca e a água límpida do mar, são mantidos e apreciados por um número restrito de pessoas por dia, o que garante que as próximas gerações possam contemplar a natureza preservada. Em Iporanga, por exemplo, as pessoas podem experimentar tomar banho de água doce, em uma cachoeira, e água salgada, no mar, ao mesmo tempo, em um determinado ponto onde as águas se encontram e se misturam.

Dentro da Serra do Guararu, que foi considerada Área de Proteção Ambiental (APA) em 2012, há diversas praias que ficam distantes do centro da cidade e só são conhecidas pelos amantes da natureza. A Associação dos Proprietários do Iporanga (SASIP) é responsável pela praia das Conchas, praia do Iporanga e uma parte da Praia de São Pedro. O acesso é controlado por um condomínio em que há 500 proprietários e 380 casas. A Associação existe desde 1983, quando uma lei municipal determinou a preservação das praias da Serra do Guararu. “A municipalidade tem uma lei de 1997 (2.567/97) que deu responsabilidades aos condomínios para controlar o acesso à praia”, explica Roberto Nagy, responsável pela administração do Loteamento na Praia do Iporanga.
Quadro mostra imagem aérea da Serra do Guararu (Foto: Mariane Rossi/G1)Quadro mostra imagem aérea da Serra do Guararu
(Foto: Mariane Rossi/G1)
A lei limita o acesso de veículos nas praias da Serra do Guararu por questões de sustentabilidade, para que não haja desmatamento. Os turistas não precisam pagar nenhuma taxa para entrar no condomínio, mas devem chegar cedo para garantir a entrada, pois só há 38 vagas de veículos para a Praia do Iporanga e 70 para a Praia de São Pedro. “O controle é por ordem de chegada. Eles pegam um cartão com o número da vaga e, quando ele sair, devolve. Se tiver mais do que o limite, as pessoas tem que esperar fora do condomínio”, explica Nagy.

Os turistas também recebem uma orientação para ter alguns cuidados ecológicos na praia, como por exemplo, colocar o lixo em locais determinados. É preciso levar bebidas e lanches porque a lei também proíbe que ambulantes comercializem qualquer tipo de produto na praia. Por isso, muitas pessoas trazem um lanche para passar o dia. Já no final da tarde, quando o sol se põe, os turistas não são autorizados a entrar, mesmo que existam lugares vagos. “Deixamos até terminar a luz do dia. Aqui não há iluminação e nem a mata é iluminada. Se deixar as pessoas entrarem de noite fica difícil você conferir se as pessoas não estão agredindo a mata ou caçando. A gente faz a fiscalização para ver se tem alguma armadilha, se cortam o palmito”, explica Nagy.

O responsável pela administração também diz que todas essas regras são em razão da preservação ambiental das praias, pois a região representa uma das últimas porções de dimensões significativas de Mata Atlântica em bom estado de preservação na Baixada Santista. “Limitando a quantidade de pessoas de acordo com a capacidade gerencial é que você encontra a sustentabilidade”, diz.
Surfista na Praia de São Pedro, em Guarujá (Foto: Mariane Rossi/G1)Surfista na Praia de São Pedro, em Guarujá (Foto: Mariane Rossi/G1)
São Pedro
Depois de passar por um corredor recheado de árvores da Mata Atlântica, o turista chega a Praia de São Pedro. Ao alto, antes de colocar o pé nas pedras e ter acesso a areia, já é possível admirar toda a extensão da praia, que também possui casas com vista para o mar.

A praia de São Pedro é muito procurada por turistas de outras cidades, mas também atrai dezenas de surfistas da região, principalmente no período da manhã, onde é possível encontrar muitas ondas. Esse é o caso de Fabrício Antônio, de 26 anos. Como mora perto do condomínio e adora surfar, ele costuma ir até a praia até em dias de semana, quando o movimento é menor. “As ondas são perfeitas, na maioria das vezes. Final de semana é cheio de gente”, diz ele.
Vista de uma das casas luxuosas em frente a praia de Iporanga (Foto: Mariane Rossi/G1)Vista de uma das casas luxuosas em frente a praia de Iporanga (Foto: Mariane Rossi/G1)
Iporanga
Pelos seus frequentadores, a praia de Iporanga é indicada para grupos de amigos ou para a família, mas a paisagem paradisíaca pode ser apreciada até por aqueles que não têm muita ligação com a natureza.
No caminho para se chegar na praia de Iporanga é possível encontrar várias árvores nativas dentro do condomínio. Todas possuem placas de identificação da espécie. Já com os pés na areia, bem clara e limpa, pequenos siris que entram e saem das tocas podem ser observados. O mar é mais calmo se comparado a vizinha São Pedro e, por isso, não é muito comum ver surfistas nessa região.
No final da praia é possível avistar a Cachoeira de Iporanga, uma das belezas naturais do local. A grande estrutura de pedra traz a água do rio que se une a água do mar. Em meio às quedas de água é possível banhar-se, sempre atento as pedras escorregadias, e apreciar a paisagem de uma praia praticamente deserta, porém com diversas casas luxuosas a beira mar.
Centro que recicla lixo produzido pelos proprietários (Foto: Mariane Rossi/G1)Centro que recicla lixo produzido pelos proprietários
(Foto: Mariane Rossi/G1)
Lugar autossustentável
A Associação dos Proprietários do Iporanga (SASIP) é totalmente independente. Como a área foi cedida aos proprietários, eles são responsáveis por toda a parte logística de ocupação sustentável do local.

O lixo produzido pelos proprietários é separado pela coleta seletiva e levado para uma central de reciclagem que dá destino certo a cada material a ser reutilizado. O condomínio dispõe de uma estação de tratamento de esgoto para atender até 4 mil habitantes. Outra estação específica de Iporanga é a que realiza o tratamento da água potável que abastece as casas do condomínio.
Plantas e árvores nativas que ficam em torno das praias são preservadas (Foto: Mariane Rossi/G1)Plantas e árvores nativas que ficam em torno das
praias são preservadas (Foto: Mariane Rossi/G1)
Eles também são responsáveis pelo cuidado com a mata e com os animais que vivem na região. No condomínio há produção de mudas em dois viveiros de plantas e o reflorestamento e recuperação de plantas nativas, entre elas, o palmito Jussara. “Nós plantamos o palmito Jussara porque ele está em processo de extinção na Mata Atlântica. Aqui dentro a gente faz a muda e planta, e na serra nós semeamos por helicóptero. Todos os pássaros adoram o palmito Jussara. É uma planta que atrai muitos animais da mata atlântica, tanto rasteiros quanto aéreos”, explica o administrador. Eles também realizam educação ambiental com crianças e grupos que vão conhecer a área de mata. Desde 2000, na Praia do Iporanga, foram replantadas mais de 64 mil árvores nativas, fora o replantio do Palmito Jussara, que era devastado junto com o mangue.
Um plano de manejo da área, atualizado de cinco em cinco anos, mostra todas as espécies de plantas e animais que vivem ou já foram encontradas na Serra do Guararu.
“Agora nós estamos fazendo um trabalho de filmar e gravar o som dos pássaros que tem na serra do Guararu”, conta Nagy sobre a novidade e a parceria entre o humano e a natureza, responsável por manter o local como um 'paraíso sustentável'.

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