MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 20 de março de 2013

História sem fim



DANIEL AKSTEIN BATISTA , COPENHAGUE - O Estado de S.Paulo
Na entrada do espaço infantil do Museu Hans Christian Andersen, em Odense, as folhas da árvore artificial nada mais são do que os milhares de pedidos de crianças (e de seus pais). Um deles, em uma letra de alguém que ainda está aprendendo a escrever, pede que "este local de diversão dure para sempre". Ali, a fantasia se mescla com a realidade de uma história que começou a ser escrita há muitos e muitos anos. Era uma vez...
Castelo Egeskov, na ilha de Funen - Daniel Akstein Batista/Estadão
Daniel Akstein Batista/Estadão
Castelo Egeskov, na ilha de Funen
Terra de reis e rainhas, castelos e paisagens impressionantes, a Dinamarca escreve e conta histórias como num próprio conto de fadas. Afinal, esta pequena parte da Escandinávia é o berço de um dos mais conhecidos escritores de contos infantis - as referências a Andersen (1805-1875) estão não apenas em Odense, cidade natal do autor, mas também na capital, Copenhague.
Como o próprio Andersen escreveu em um de seus mais de 150 contos, "tudo é muito parecido com histórias de fadas - e, entretanto, é tudo verdade". Conhecer um pouco do lugar onde algumas das fábulas mais famosas do mundo foram escritas é como mergulhar num mundo de fantasias. É ver o barco onde o Soldadinho de Chumbo passeou. Descobrir que o Patinho Feio é uma referência do autor a ele mesmo - de família pobre, Andersen batalhou muito para ser reconhecido por suas obras.
Ou admirar a Pequena Sereia em sua pedra, sonhando com o príncipe, no parque Kastellet. O lugar em si não chega a ser uma obrigação turística. Mas a estátua, que flutua na beira do cais desde 1913, está entre os pontos mais fotografados da cidade. A peça de bronze reproduz a personagem da história escrita em 1837 e seu tamanho diminuto não chega a impressionar. Mas como deixar de garantir o próprio clique?
A casa onde o autor viveu quando se mudou de Odense para a capital segue de pé, no número 18 da Rua Nyhavn - hoje, um café. Aproveite que está por lá para andar pela região. Bairro portuário do século 17, Nyhavn se transformou de área degradada, repleta de prostíbulos, a um dos principais pontos turísticos da cidade, com restaurantes, pubs e hotéis.
Inspiração. Mesmo no frio de Copenhague, que chega a zero grau no início do outono, é possível observar loirinhos de bochechas rosadas pelas ruas da cidade, de mãos dadas com suas mães, num tranquilo passeio. Não faltam opções de lazer para eles, afinal. Apesar de não ter relação direta com os contos de Andersen, o Tivoli (tivoli.dk) está entre os passeios obrigatórios para crianças (e adultos também). Dá até para se hospedar lá dentro e, assim, fazer uma imersão nesse universo lúdico.
Fundado em 1843, o segundo parque mais antigo do mundo - que, segundo os dinamarqueses, serviu de inspiração para Walt Disney criar sua Disneylândia - foca suas atrações nos menorzinhos. Assim, não espere brinquedos radicais. A pedida ali é se deixar levar pela atmosfera sempre festiva - não vai ser difícil se deparar com shows nos meses mais quentes.
Em razão do rigoroso inverno dinamarquês, o Tivoli fica fechado nos primeiros meses do ano - a temporada 2013 começa em 11 de abril. Por enquanto, os famosos jardins estão sendo preparados para impressionar o público. Ao longo do ano, o visual continua a se transformar de acordo com a época. No Natal, por exemplo, um grande mercado, com comidas típicas, presentinhos e árvores iluminadas toma conta do local.
Origens. Para mergulhar na história de Andersen, contudo, é preciso viajar 200 quilômetros desde Copenhague até Odense. A atmosfera se transforma: o clima de cidade grande fica para trás e o que se encontra é um pacato e divertido vilarejo, ideal para passar um ou dois dias.
Ali, os adultos voltam no tempo e a garotada se deixa levar pelas brincadeiras. Comece pela Funen Village (museum.odense.dk/museums/funen-village), que reproduz como era a vida na época em que Andersen morava por ali. Casas antigas, um moinho de vento, animais de fazenda, pessoas vestindo trajes típicos... Praticamente um teatro a céu aberto.
Já no centro de Odense está o museu citado no início deste texto, que leva o nome do filho mais pródigo da cidade. O Hans Christian Andersen (tinyurl.com/hans2013) propicia um tour por sua vida e obra por meio de objetos antigos, divididos em várias áreas de exibição: biografia, trabalho e até sobre o contexto da época em que viveu o escritor.
No museu, passa-se pela casa em que o Andersen cresceu (há também uma reprodução do tal apartamento na Rua Nyhavan) até chegar ao palco principal, tão esperado pela garotada - nos meses mais quentes, são realizadas ali encenações de contos de fadas. O que não falta, afinal, é história para contar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário