Presidente não aceitou proposta do líder do PSDB na Câmara para zerar os impostos federais nos alimentos. Agora, com a inflação em alta, ela utiliza a mesma ideia para salvar a economia
Dilma Rousseff em pronunciamento no Dia Internacional da Mulher
(Reprodução)
Os motivos do veto? Criar uma comissão liderada pelo PT para estudar os benefícios que a medida poderia trazer para o país. “Mais uma vez falou a candidata e não a presidente da República, que perdeu a oportunidade de explicar ao país as razões do recrudescimento da inflação que temos vivido”, afirmou Sérgio Guerra, presidente do PSDB, em nota. “Se não tivesse vetado a emenda aprovada, o benefício de produtos mais baratos já teria chegado à mesa dos brasileiros meses atrás.”
Inicialmente, a desoneração da cesta básica estava na Medida Provisória (MP) 563, do Plano Brasil Maior, que, além dos alimentos básicos, retiraria tributos do Programa de Integração Social (PIS), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). Na época, para a presidente, faltava relevância para aprovar a redução dos impostos.
Na noite de sexta-feira, Dilma apareceu como a dona da ideia que vai beneficiar as famílias de renda mais baixa, num claro apelo eleitoral de olho nas eleições do ano que vem. Após o veto presidencial, a Fiesp alertou para os ganhos imediatos da redução de impostos na cesta básica: 30% da renda das famílias mais humildes era utilizada na compra de alimentos.
O Planalto desejava anunciar a desoneração da cesta básica após a aprovação do Orçamento deste ano. Mas com a inflação em alta – o IPCA chegou a 6,3% em fevereiro, no acumulado de 12 meses – a presidente antecipou a benevolência. Reduzir o peso dos impostos nos alimentos pode ajudar a reduzir a inflação e salvar a economia de um novo vexame de baixo crescimento.
Ao não reconhecer a importância e a relevância da ideia de um partido da oposição, a presidente Dilma reforça a imagem de prepotência e arrogância que marcam os 10 anos do PT na presidência. Qualquer proposta, para ser considerada boa, só vale com uma única assinatura: a do seu partido.
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