Igreja Católica evita as palavras obrigação e proibição para católicos.
A abstinência da carne deixou de ser obrigatória, diz o padre Antonio Cruz.
Fiéis rezaram o terço em Louvor durante a Semana Santa (Foto: Ellyo Teixeira/G1)
Embora alguns dos católicos, praticantes ou não, deixem de comer carne
vermelha nas quartas e sexta-feiras da Quaresma, período entre a
quarta-feira de cinzas e o domingo de Páscoa, a Igreja não considera
pecado a quebra desta tradição que vem sendo mantida geração após
geração. De acordo com o padre Antonio Cruz, pároco da Igreja Nossa
Senhora de Lurdes, a abstinência da carne nesse período deixou de ser
obrigatória.Segundo ele, a atual norma da igreja é que sejam praticados atos de penitência na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa, como forma de sacrifício pela morte de Cristo e também como um gesto de solidariedade para com as pessoas que padecem de fome. Nesse caso, o fiel é aconselhado a fazer apenas uma refeição e abdicar-se de alguma coisa que goste muito, como o refrigerante, sorvete ou cigarro.
Padre Antonio Cruz, pároco da Igreja Nossa Senhora de Lurdes (Foto: Ellyo Teixeira/G1)
Quanto à carne, há a apenas a sugestão de abstinência do alimento. Segundo informou o padre, o ato de comer carne não é considerado pecado. Ele afirma que existir uma indisposição das pessoas em se privar de alguma coisa. “O mundo já sofre tantas privações, que acaba ficando difícil privar-se voluntariamente”, reconhece.
Conforme manda a tradição, além de não poder comer carne, na Sexta-Feira Santa seria proibido até mesmo realizar qualquer tipo de atividade, pelo menos até o meio dia. “No passado as mulheres sequer varriam suas casas. Não se podia também pagar ou receber alguma conta para não ter contato com dinheiro” afirma Antônio Cruz.
A religiosa Layane Rosário, não come carne de jeito
nenhum na sexta-feira (Foto: Ellyo Teixeira/G1)
Por causa da tradição familiar, a religiosa Layane Rosário não come
carne na sexta-feira em respeito ao sofrimento de Jesus Cristo. Ela opta
pelo peixe nesse período. Sem trabalhar na sexta-feira, Rosário diz que
nesse dia nem os passarinhos cantam e também não se paga e nem recebe
conta. “É um costume católico no sentido de reverenciar a memória de
Cristo, de não esquecer o sacrifício vivo dele, que derramou seu sangue
por todos nós na cruz para nos salvar dos nossos pecados”, disse.nenhum na sexta-feira (Foto: Ellyo Teixeira/G1)
De acordo com o padre Tony Batista, administrador Diocesano da Arquidiocese de Teresina, em tempos remotos, na Sexta-Feira Santa era difícil encontrar carne para comprar, uma vez que todos os açougues fechavam suas portas. “Hoje, com o produto disponível em todos os supermercados e nas lojas de conveniência, já não é tão difícil fazer um churrasco nesse dia, que é considerado santo” garante.
O religioso confirma o que disse Antônio Cruz e reafirma que atualmente a Igreja Católica evita as palavras obrigação e proibição. Ela apenas aconselha a abstinência de carne vermelha como gesto de conversão.
“O jejum é uma tradição que surgiu na idade antiga e se consolidou na Idade Média, época em que pessoas humildes raramente provavam carne. Na época, o povo vivia em terras alheias e a carne vermelha era consumida só em banquetes, nas cortes e nas residências dos nobres. Ela tornou-se, então, símbolo da gula, associado ao pecado” finalizou.
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