MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Vigilante do DF transforma sucata em santos, relógios, guitarras e motos


Peça mais pedida é São Jorge, inspirada em novela exibida às 21h.
Além de renda extra, iniciativa ajuda a preservar meio ambiente, diz.

Raquel Morais Do G1 DF

Meu recado é: cuide. O planeta está pedindo socorro. Para mim, o lixo tem utilidade, e muita. Eu faço do meu lixo um luxo. Tudo que me entregam eu transformo em algo útil."
Walter Agnaldo de Souza, vigilante do DF que usa sucata para produzir enfeites e garantir renda extra
Um vigilante de Samambaia, no Distrito Federal, encontrou uma maneira ecologicamente sustentável de garantir renda extra no final do mês: há dez anos ele reaproveita sucata para fazer enfeites como relógios, guitarras e motos. Os preços das peças, vendidas em uma feira da região, variam entre R$ 40 e R$ 600.

Geralmente retirado de veículos, enxadas e panelas, o material é recolhido nas ruas ou doado por vizinhos. Wagner Agnaldo de Souza, de 52 anos, afirma que chega a andar quatro quilômetros por dia atrás de platôs [peça de embreagem de carro] e correntes. "Tem que levantar antes dos carroceiros", brinca.

O tempo para confecção de um objeto é de até dois dias, de acordo com a disponibilidade da matéria-prima. Entre os itens mais encomendados está uma réplica de São Jorge, feita com uma chapa de ferro, um cavalo de plástico, garfos e corrente de moto.
Peças feitas pelo vigilante Walter Agnaldo de Souza, de 32 anos, a partir de sucata (Foto: Raquel Morais/G1)Peças feitas pelo vigilante Walter Agnaldo de Souza, de 52 anos, a partir de sucata (Foto: Raquel Morais/G1)
"Fez muito sucesso desde a estreia de Salve Jorge [novela de Gloria Perez, exibida às 21h na Rede Globo], é muito pedido. Não sei explicar o motivo, mas também é minha peça preferida."
A habilidade para transformar ferro, plástico, madeira e vidro em arte surgiu ainda na infância. O vigilante conta que fez todos os brinquedos dele e das seis irmãs com material encontrado nas ruas. A família chegou a Brasília quando ele ainda era bebê, depois de o pai abandonar a mulher.
"Morávamos em invasão. A gente mudava, mas era de barraco. Já chegamos a passar fome", lembra. "Não era opção. Eu precisava mesmo trabalhar. Meu primeiro emprego foi ajudando um tio, quando eu tinha 14 anos."
É com o dinheiro extra, por exemplo, que ele diz comprar presentes no final do ano. "Pago outras coisinhas a mais [além de água, luz e telefone]. É também o que sobra para pagar essas contas de início do ano, como IPVA, IPTU. Só o salário [R$ 1,9 mil] não daria."

Para viabilizar o empreendimento, Souza investiu R$ 700 na compra de uma máquina de solda, uma lixadeira e uma furadeira. Os equipamentos foram instalados na garagem da casa dele, que é onde ele afirma passar a maior parte do tempo.

"Paguei [o maquinário] em longas prestações, durante três anos", ri. "O restante, como torcer o ferro, eu faço é no braço mesmo."

O vigilante conta que pretende, por meio do trabalho dele, ensinar às pessoas a importância de preservar o meio ambiente. "Meu recado é: cuide. O planeta está pedindo socorro. Para mim, o lixo tem utilidade, e muita. Eu faço do meu lixo um luxo. Tudo que me entregam eu transformo em algo útil."
Enfeites feitos a partir de sucata por vigilante do Distrito Federal (Foto: Raquel Morais/G1)Enfeites feitos a partir de sucata por vigilante do Distrito Federal (Foto: Raquel Morais/G1)

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