Peça mais pedida é São Jorge, inspirada em novela exibida às 21h.
Além de renda extra, iniciativa ajuda a preservar meio ambiente, diz.
Geralmente retirado de veículos, enxadas e panelas, o material é recolhido nas ruas ou doado por vizinhos. Wagner Agnaldo de Souza, de 52 anos, afirma que chega a andar quatro quilômetros por dia atrás de platôs [peça de embreagem de carro] e correntes. "Tem que levantar antes dos carroceiros", brinca.
O tempo para confecção de um objeto é de até dois dias, de acordo com a disponibilidade da matéria-prima. Entre os itens mais encomendados está uma réplica de São Jorge, feita com uma chapa de ferro, um cavalo de plástico, garfos e corrente de moto.
Peças feitas pelo vigilante Walter Agnaldo de Souza, de 52 anos, a partir de sucata (Foto: Raquel Morais/G1)
"Fez muito sucesso desde a estreia de Salve Jorge [novela de Gloria
Perez, exibida às 21h na Rede Globo], é muito pedido. Não sei explicar o
motivo, mas também é minha peça preferida."A habilidade para transformar ferro, plástico, madeira e vidro em arte surgiu ainda na infância. O vigilante conta que fez todos os brinquedos dele e das seis irmãs com material encontrado nas ruas. A família chegou a Brasília quando ele ainda era bebê, depois de o pai abandonar a mulher.
"Morávamos em invasão. A gente mudava, mas era de barraco. Já chegamos a passar fome", lembra. "Não era opção. Eu precisava mesmo trabalhar. Meu primeiro emprego foi ajudando um tio, quando eu tinha 14 anos."
Para viabilizar o empreendimento, Souza investiu R$ 700 na compra de uma máquina de solda, uma lixadeira e uma furadeira. Os equipamentos foram instalados na garagem da casa dele, que é onde ele afirma passar a maior parte do tempo.
"Paguei [o maquinário] em longas prestações, durante três anos", ri. "O restante, como torcer o ferro, eu faço é no braço mesmo."
O vigilante conta que pretende, por meio do trabalho dele, ensinar às pessoas a importância de preservar o meio ambiente. "Meu recado é: cuide. O planeta está pedindo socorro. Para mim, o lixo tem utilidade, e muita. Eu faço do meu lixo um luxo. Tudo que me entregam eu transformo em algo útil."
Enfeites feitos a partir de sucata por vigilante do Distrito Federal (Foto: Raquel Morais/G1)
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