MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Servidoras escondiam os processos em mochilas no banheiro


Propina era paga às funcionárias em um salão de beleza no Centro; um dos 'sumiços' rendeu R$ 40 mil a cada uma


Fausto Macedo - O Estado de S.Paulo
Volumosos processos fiscais e autuações de infrações em valores milionários impostas a pessoas jurídicas eram retirados tranquilamente da Secretaria da Fazenda de São Paulo em mochilas e sacolas, revela a investigação da Polícia Federal. Os movimentos da quadrilha no Palácio Clóvis Ribeiro, sede da Fazenda, foram reconstituídos a partir da confissão de quatro alvos da Operação Lava Rápido.

Silvania Felippe, Denise Alves dos Santos, Maria Rodrigues dos Anjos e Cleiresmar Machado ocupavam funções administrativas na pasta.

Elas recebiam propinas em dinheiro vivo para atender às encomendas dos empresários Wagner Renato de Oliveira, Antonio Honorato Bérgamo e Antonio Carlos Balbi, mentores da trama.

As propinas eram pagas às servidoras da Fazenda no Shopping Light, no viaduto do Chá, e em um salão de beleza na Galeria Nova Barão, no centro da cidade.

Silvania, funcionária concursada desde 1992, conta que um dia retirou um processo com 72 volumes, com a ajuda de Cleiresmar e Maria Rodrigues.

"Para carregar esses volumes, eu, Maria e Cleires saímos da Secretaria da Fazenda com sacolas e mochilas", confessou.

Por esse serviço, ela recebeu R$ 40 mil. Cleiresmar e Maria também receberam R$ 40 mil cada. Silvania confessou que teve ajuda de Maria para levar outro processo, de 19 volumes. "Maria levou os autos para o banheiro e eu coloquei dentro de uma mochila e saí das instalações da secretaria."

Desde que foi admitida na pasta, Silvania passou pelo setor de recursos humanos, mais tarde assumiu posto na Escola Fazendária (Fazesp) e depois migrou para a representação fiscal. Ela conta que há cerca de dois anos, uma conhecida, Sandra, "que trabalha na Procuradoria-Geral do Estado como auxiliar administrativo, juntamente com um homem, ofereceu o serviço para retirar o processo de uma empresa".

Ela afirma que "desde o início somente realizou a subtração de quatro processos fiscais", dois com Cleiresmar e dois com Maria Rodrigues, todos a pedido do empresário Wagner Renato. "Subtraí mais dois processos com ajuda de Denise (Alves dos Santos), que estavam na Procuradoria do Estado, onde ela trabalha", contou. "Eu subia na Procuradoria e pegava os processos, que já haviam sido separados e deixados em local acessível por Denise, também a pedido de Wagner. Sei que ele (Wagner) tem algumas amizades na Secretaria da Fazenda."

Silvania admitiu que Wagner a contemplou com quatro pagamentos, um no valor de R$ 40 mil, outro de R$ 10 mil, mais um de R$ 25 mil e o último de R$ 15 mil, "todos em espécie". Ela disse que chamava Maria Rodrigues, Cleiresmar e Denise "para ajudar nas consultas e nas subtrações dos processos".

"Quando Maria e Cleires retiravam os processos elas recebiam o mesmo valor", afirma Silvania. "Usei o dinheiro para compra de móveis e para ajudar a criação de meus filhos e netos."

Todas foram indiciadas pela PF. A Silvania são imputados os crimes de quadrilha, subtração de documentos e corrupção ativa, porque ofereceu dinheiro pelos serviços. As outras também foram enquadradas por corrupção, mas no modelo passiva porque aceitaram as vantagens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário