MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Pesquisa analisa relacionamento de pássaro com o ambiente, no AM


Pesquisa foi feita com novas técnicas de estimativa de cores.
'Dançador-Estrela' pode ser reconhecido por sua plumagem colorida.

Do G1 AM

Medindo de sete a oito centímetros, o macho da espécie pode ser reconhecido pela sua cor preta com entradas branca, azul, amarela e laranja (Foto: Tiago Melo/ G1 AM)Medindo de sete a oito centímetros, o macho da espécie pode ser reconhecido pela sua cor preta com entradas branca, azul, amarela e laranja (Foto: Divulgação/Inpa)
Destacados por suas danças elaboradas, os pássaros da família Pipridae, especificamente o Dançador-estrela, comuns na região de Manaus (AM), foram o objeto de estudo de Wanner Medeiros, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPG Eco) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Com o tema "Efeito do contraste da plumagem com ambiente de fundo: caso do Dançador-estrela na Amazônia Central", a pesquisa analisou o comportamento da espécie com o meio ambiente.
Medindo de sete a oito centímetros, o macho da espécie pode ser reconhecido pela sua cor preta com entradas nas cores branca, azul, amarela e laranja. São eles que fazem a dança e cantam para chamar a atenção das fêmeas - que podem ser reconhecidas por serem verdes com o ventre amarelado - para a reprodução.
Frutívoros, também se caracterizam pela forte ocupação de territórios, chamados de "leks". São frequentes na região de Manaus até o escudo das Guianas e limitados a sul pelo rio Amazonas, a oeste pelos rios Negro e Branco e a leste pelo oceano.
A pesquisa
Os machos piprídeos são muito fiéis aos territórios e várias hipóteses já foram levantadas sobre o motivo dessa relação. O estudo em questão focou na hipótese do favorecimento sensorial. Esta teoria prevê que os machos selecionam locais onde são mais visíveis, onde há contraste de cores, e possam se apresentar para as fêmeas.
"Há indícios de que a hipótese de favorecimento sensorial pode ser válida para o Dançador-estrela, por isso decidimos testar algumas premissas aqui na Amazônia Central, aplicando novas técnicas de estimativas de cores desenvolvidas nos últimos seis anos (com aplicações de fórmulas de Vorobiev e Osorio (1998) num ambiente digital desenvolvido por Stoddard e Prum (2008))", explicou Medeiros.
Técnicas de pesquisa
Medeiros se limitou a estudar 20 territórios da espécie, na Reserva Florestal Adolpho Ducke e nas áreas do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF). Para o desenvolvimento do estudo, foi necessário o uso do espectrofotômetro (equipamento que mede cores) para medição da cor dos indivíduos, a cor das folhas no folhiço (cobertura de folhas secas sobre o chão) e na folhagem (conjunto de galhos ou folhas de árvores) dos locais em que se encontravam as espécies e a cor da luz ambiente, tanto em locais com a presença das aves quanto a locais sem sua presença.
"Com os espectros estimei dois índices de contraste distintos, o primeiro entre plumagem e luz e o segundo entre plumagem e folhas. Depois, gerei modelos baseados em verossimilhança e obtive as variáveis que mais explicam a variação para cada uma das minhas perguntas", destacou. "Como resultados, notamos que os indivíduos não selecionam locais em resposta ao contraste de luz", completou o pesquisador.
Resultados divergentes
O estudo concluiu que quanto ao contraste entre plumagem e folhas, o solo é um ambiente que reduz o contraste do macho com o ambiente. Além disso, segundo a pesquisa, os territórios que tiveram maior contraste foram aqueles com menor taxa de atividades, resultado que se opõe à hipótese do favorecimento sensorial. "As características da plumagem foram cinco vezes mais importantes para o contraste que as características ambientais", informou Medeiros.
O cientista afirmou ainda que não há forças indicativas de favorecimento sensorial para esta espécie, com exceção dos casos onde acontece a seleção de estação produtiva. "O estudo mostra ainda que o ambiente é menos importante que a própria plumagem para os valores do contraste, indicando que o comportamento e a plumagem da espécie evoluíram por outras pressões, mas não por favorecimento sensorial. Acredito que este padrão, de maior importância da cor dos próprios organismos no contraste, deve ser o mesmo para as demais aves", concluiu.

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