Elba Ramalho e Antúlio Madureira também se apresentaram na terça.
Marco Zero do Recife, no centro, ficou completamente lotado.
Caetano canta com sombrinha de frevo na cabeça no Marco Zero, no carnaval do Recife (Foto: Luna Markman/G1)
Antúlio Madureira apresentou o novo show, "O Corso", resgatando o que
há de mais tradicional no carnaval de Pernambuco. O instrumentista e
irmão Antônio Madureira (Zoca) participou da apresentação tocando
violão. A cantora de MPB maranhense Flávia Bittencourt foi outra
convidada especial, cantando "Parangolé". "Gosto de fazer um som erudito
com sotaque pernambucano, apresentando releituras de frevos,
caboclinhos", falou. A cobra, personagem famosa do carnaval, passou pelo
meio do público e, como diz a lenda, dando sorte para os foliões em
2013.Um arrastão de orquestras regidas pelo maestro Spok está previsto ainda para as primeiras horas desta manhã de quarta-feira (13), após a apresentação no palco do Orquestrão de passistas da Escola de Frevo. Como já é tradição, músicos e passistas saem pelas ruas conduzindo a multidão.
Vestido e frevo rasgados
Elba Ramalho subiu por volta das 23h, no palco do Marco Zero, no Recife. Logo após a primeira música, "Eu nasci há dez mil anos atrás", de Raul Seixas, a artista mostrou um rasgo no lindo vestido prateado, na cintura ao lado esquerdo. Nada muito revelador. "Eu ganhei hoje de uma escola de samba, mas rasgou. Posso ficar assim?", perguntou. Ninguém no público ligou, claro. A cantora emendou a música "Leão do Norte" e "Voltei Recife".
Ela inverteu ordem do show, executando logo vários frevos de bloco, como o hino dos Batutas de São José, "Madeira que cupim não rói", "Último regresso" e "Máscara Negra". Enquanto passistas dançavam no palco, ela trocou de roupa, voltando fantasiada e de mãos dadas com o percussionista Naná Vasconcelos, um dos homenageados do carnaval recifense, ao lado do fotógrafo Alcir Lacerda, em memória.
Elba
Ramalho fez homenagem aos 72 anos de Dominguinhos durante show de
encerramento no Marco Zero do Recife (Foto: Luka Santos/G1)
O repertório contou com cirandas, músicas de Tim Maia, Alceu Valença,
Zé Ramalho, Nação Zumbi e Chico Science. A apresentação contou ainda com
uma homenagem ao aniversário de 72 anos de Dominguinhos, que está
internado em São Paulo, tratando de uma infecção respiratória. A
paraibana participou bastante da programação carnavalesca do Recife,
cantando na semana prévia, no Baile Municipal, no Galo da Madrugada, nos
polos do Alto José do Pinho e Jardim São Paulo. Mais cedo neste sábado,
ainda fez show em Bezerros, no Agreste do estado, famoso pelos
papangus. "O carnaval de Pernambuco é lindo, sempre me recebe de braços
abertos", disse.Samba, suor e Caê
Caetano começou o show por volta da 1h. Chegou olhando a imensa plateia, falando baixinho: "isso é o Recife". Solou "Luz do Sol" para terra que declarou estar no coração dele. Convidou a Bandacê para tocar "Odeio", "Abraçaço", "O Império da lei", "Sampa", "Leãozinho" e "Qualquer coisa". Depois foi a vez do baiano chamar ao palco Trio Preto + 1, que ele declarou ser "o suprassumo da essência do samba".
O grupo apresentou uma canção autoral, "Batucada quente", regado a muitos pandeiros. O cantor acompanhou sentado esse trecho do show. Na plateia, Elba Ramalho assistia a tudo. A percussão do trio Preto + 1 encheu de samba o show de Caetano, que há muito prometia dar as caras no carnaval pernambucano. Teve pout pourri "Dona Ivone Lara", "Queixa" e "Frevo N° 1". Este último já foi bastante interpretado pela irmã, Maria Bethânia. "Desde que o samba é samba", "Eu sou neguinha", " Filha da Chiquita Bacana", "Chuva, suor e cerveja", "É hoje", "Sozinho" e "Tieta" foram outras canções, que o público acompanhou como a garganta pôde. "Isso que é o bom. Viva o Recife", agradeceu o baiano.
Antes do show, os cariocas Didão, Miudinho, Pretinho da Serrinha e Nene Brown conversaram com a imprensa. "Ano passado, convidamos o Caetano para um show no Rio, agora ele nós retribuiu, abrigando a nossa percussão nas músicas dele, já que o nosso forte é o samba. E o público daqui é diferenciado, valoriza a música, canta junto. É emocionante ver lá de cima aquele mar de gente", disse Pretinho.
Show de Alceu Valença na terça-feira (12) de carnaval, no Marco Zero do Recife (Foto: Luka Santos / G1 PE)
Maluco BelezaJá eram quase 3h quando Alceu Valença, fantasiado de Danton, um personagem da Revolução Francesa, descarregou "Bicho Maluco", "Diabo Louro", "Vampira", "Me segura", "Frevo da Lua" e "Bom Demais", numa sequência eletrizante. "Belle de Jour", "Beijando a Flora", "Roda e Avisa", Voltei Recife" e "Tropicana" também entraram no repertório, junto com algumas cirandas e maracatus.
A aposentada Helena Moraes, 70 anos, ficou até o fim do show desta terça. Desde o domingo (10), quando saiu do distrito de Nossa Senhora do Ó, em Ipojuca, no Grande Recife, para ficar na casa da filha, no bairro da Iputinga, ela afirma que foi todas as noites ao Marco Zero, acompanhada do marido José Braz. "A gente chega sempre umas 20h, aí vai se chegando devagarzinho na grade para ficar mais perto do palco, porque sou baixinha. Idosos deixam passar tranquilo. Adoro carnaval, fico sempre até o arrastão. Gostei muito da noite do samba, porque adoro ver o desfile das escolas do Recife. Elba e Caetano também foi bom", disse.
A médica Mônica Melo também estava coladinha na grade. Ela é recifense, mas mora há 30 anos no Rio de Janeiro. No entanto, sempre volta para Pernambuco no carnaval. Este ano, brincou todos os quatro dias de folia. "Fui para o Galo, Enquanto Isso na Sala da Justiça, segui blocos no Recife Antigo, vi todos os shows no Marco Zero. Amei Paulinho da Viola, mas gosto mesmo é dos artistas da terra. Não aguento ficar vendo isso tudo de longe", falou.
Pertinho das 5h, maestro Spok começou a comandar um orquestrão, reunindo diversos músicos de Pernambuco. Antes da música começar, o percussionista Naná Vasconcelos ainda subiu ao palco. Ele é um dos homenageados do carnaval recifense, ao lado do fotógrafo Alcir Lacerda. "O frevo já não é mais nosso, virou patrimônio imaterial da humanidade. Viva o frevo", disse Naná, mandando os clarins tocarem. Fogos anuciaram a despedida da folia. Passistas da Escola de Frevo do Recife acompanhavam a apresentação com o seu bailado frenético. O arrastão segue manhã adentro e só termina quando o último folião vai embora.
Público do Marco Zero do Recife no encerramento do carnaval, na terça-feira (12) (Foto: Luka Santos / G1 PE)
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