Encontro de Maracatus Rurais acontece nesta segunda (11) na cidade.
Ao todo, 35 grupos realizam apresentações na Praça dos Lanceiros.
Caboclo de lança é tradição nas ruas de Nazaré da Mata (Foto: Luka Santos/G1)
Nazaré da Mata é considerada a terra dos maracatus rurais e seus
caboclos de lança. A cidade, que fica a 65 quilômetros da capital
pernambucana, vira um polo de manifestação cultural durante o carnaval.
Nesta segunda-feira (11), acontece o 17º encontro dos maracatus de baque
solto, como também são chamados. Ao todo, 35 maracatus, de Nazaré e de
outras cidades, realizam apresentações durante o dia todo na Praça dos
Lanceiros.O maracatu é originário da junção de vários folguedos populares. Começou com a participação de trabalhadores cortadores de cana-de-açúcar e, hoje em dia, agrega moradores de vários municípios da Zona da Mata de Pernambuco. Existem vários integrantes numa apresentação de maracatu rural. O símbolo máximo são os caboclos de lança, mas há também as baianas, o arreia-má (caboclo de pena), a corte real, a orquestra e o mestre, que comanda o maracatu com rimas improvisadas.
Mais de 30 maracatus se apresentam nesta segunda em Nazaré da Mata (Foto: Luka Santos/G1)
O secretário municipal de Cultura, Leonardo Martins, explica que, além
da festa que acontece no carnaval, os grupos também realizam encontros
durante o ano. "Acontecem duelos uma vez por mês, chamado de Sambada do
Parque, quando os mestres de dois maracatus se enfrentam com as rimas",
explicou o secretário. Os encontros começam pela manhã e varam a
madrugada.Tradição que se renova
Se vestir como caboclo de lança é algo natural para os moradores de Nazaré da Mata. Muitos mal largaram as chupetas e já vestem o surrão, uma espécie de colete feito de madeira que chega a pesar 20 quilos para os adultos e cerca de oito quilos para as crianças. A indumentário traz os chocalhos, que fazem um barulho característico quando eles andam.
João Braz da Silva, 62 anos, e Swgleydson, de 8, são avô e neto. Os dois impõem a lança e colocam a flor na boca para sairem no maracatu. O mais velho ensina ao pequeno o ritmo e a dança característico da manifestação popular. "É muito bom a gente brincar o carnaval", conta João, há 27 anos como lanceiro. O garoto, que brinca no maracatu desde os quatro, além de sair no Cambinda de Ouro, maracatu da familia, também participa do Sonho de Criança, formado apenas por crianças e adolescentes de até 17 anos. "São crianças da rede de ensino municipal e estadual. Muitas são carentes, de periferia", explica o secretário Leonardo Martins.
Maracatu também é coisa de mulher
Criado no dia 8 de março de 2004 - Dia Internacional da Mulher - o Maracatu Coração Nazareno foi o primeiro do gênero a ter somente mulheres como integrantes. São cerca de 70 crianças, jovens, adultas e idosas, que brincam o maracatu com roupas que elas mesmo confeccionam. "Até a década de 1960 só os homens podiam participar [do maracatu]. As mulheres só ficavam cozinhando para os homens, depois é que as coisas foram mudando, e elas passaram a integrar o maracatu como baianas", afirma a fundadora do Coração Nazareno, Eliane Rodrigues.
Mestra Gil, à direita, é a única mulher a comandar um maracatu rural. (Foto: Luka Santos/G1)
Ela também coordena a Associação das Mulheres de Nazaré da Mata
(Amunam), que realiza um trabalho de assistência social e capacitação
das moradoras do município. Mestra Gil é a única mulher a administrar um
maracatu, e ela se diz orgulhosa com a missão. "Eu me sinto feliz por
comandar um maracatu. Antes era muito preconceito, mas hoje isso está
mudando, o que mostra que nós mulheres podemos fazer o que os homens
fazem", acredita.
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