MEDIÇÃO DE TERRA

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Blogueira quer fundar jornal livre em Cuba

Lineia Fernandes A TARDE

  • Luiz Tito | Agência A TARDE
    Yaoni Sánchez concedeu entrevista coletiva em Feira, onde fará palestra
Fundar um jornal livre em Cuba que possa comunicar os fatos sem o controle ideológico e a influência política. Este é o desejo da cubana Yoani Sánchez, que visita o Brasil pela primeira vez. A blogueira concedeu entrevista coletiva à imprensa, nesta terça-feira, 19, em Feira de Santana (108 km de Salvador).
Yaoni Sánchez chegou à capital baiana na segunda-feira, 18, pela manhã e foi recebida com protestos de simpatizantes do governo cubano. Também na segunda à noite, um grupo de manifestantes de movimentos estudantis e ligados ao PCdoB e ao PT impediram a exibição do documentário Conexão Cuba - Honduras, do cineasta baiano Duda Galvão, em que a ativista narra sua história. O evento ocorreria em Feira de Santana.
Sánchez disse estar preparada para as manifestações, às quais teve conhecimento antes mesmo de sair de Cuba, quando o governo do país teria feito ameaças e prometido uma "resposta contundente" ao chegar ao Brasil. "Além do mais, sei muito bem como trabalha meu governo, sempre com métodos muito sujos contra seus adversários. Desde que abri meu blog - Generación Y - recebi tantas acusações que se pudesse fazer uma antologia da difamação, acredito que teria mais de mil páginas", contou durante a entrevista.

Por outro lado, a ativista explicou que as manifestações provocaram nela sentimentos intensos e misturados. Disse defender os atos pacíficos e utiliza argumentos para expressar o que pensa, diferentemente do que viu nos protestos. "Os protestos foram violentos como se aquelas pessoas tivessem diante delas alguém responsável por um ataque militar, um terrorista. Não há proporção entre o meu trabalho - onde nunca ataquei pessoalmente a nenhuma figura  do governo, nunca usei adjetivos incendiários nem incentivei a violência - e esse tipo de manifestação", argumenta.
Sobre as queixas feitas pelos manifestantes - de que é financiada pelo governo americano e pela agência CIA - Sánchez afirmou que a acusação é imputada a todos os críticos do modelo cubano. "O governo trata de difundir a ideia de que não há cubanos insatisfeitos e que as críticas são fabricadas fora do país. Além disso, consegui algo que incomoda muito o governo: minha autonomia econômica, que significa autonomia política". A blogueira é autora de livros e publica seus textos em vários jornais estrangeiros como El País, da Espanha, e o Estado de São Paulo, no Brasil.
Sánchez mostrou aos jornalistas sua carteira de trabalhadora autônoma e contribuinte em Cuba, onde conserta computadores e é mecanógrafa.
Viagem de 80 dias - Ainda nesta terça, às 19h, Yoani Sánchez vai falar à comunidade de Feira de Santana sobre o tema "Liberdade de expressão e direitos humanos: questões sobre a realidade cubana". O evento, aberto ao público, vai acontecer na Casa de Eventos Olimpo, situada na rodovia BR-324, nas imediações do antigo Clube de Campo Cajueiro. Na ocasião será exibido também parte do documentário sobre a vida dela.
Por questões de segurança, os organizadores da visita cancelaram o passeio que a blogueira faria pelo centro de Feira de Santana. Também foi cancelado o lançamento do livro De Cuba com carinho, porque a Editora Contexto não conseguiu entregar em tempo os exemplares.
Da Bahia, Sánchez segue um roteiro de viagens que durará 80 dias. Inicialmente vai a Amsterdã, na Holanda, onde participa, a convite da Anistia Internacional, de um Festival de Cinema. Logo visitará o México para a Reunião Interamericana de Imprensa, que vai acontecer em Puebla; daí, segue para Nova Iorque, a convite de estudantes universitários. Sánchez também irá a Madrid, onde vai receber o Prêmio do Congresso de Redes, e finalmente, visitará uma irmã que mora em Miami, nos Estados Unidos.

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