MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Blocos tradicionais encantam no carnaval maranhense


Brincadeira surgiu em 1920; integrantes apresentam fantasias luxuosas.
São 47 blocos tradicionais no carnaval maranhense.

Do G1 MA

Bloco Tradicional Os Feras, em desfile na Passarela do Samba. (Foto: Biaman Prado/O Estado)Bloco tradicional Os Feras, em desfile na Passarela do Samba (Foto: Biaman Prado/O Estado)
"Vai querer, vai querer!". Quem já esteve ou passa o carnaval em São Luís (MA) com certeza conhece a frase. Ela é dita como uma espécie de refrão pela maioria dos componentes dos chamados blocos tradicionais, grupos organizados na primeira metade do século 20 e que continuam a desfilar pelas ruas do centro histórico da capital.
As brincadeiras por muito tempo ficaram conhecidas como blocos de ritmo ou de tambor grande, principalmente pela cadência marcada pelos instrumentos predominantes em sua percurssão: grandes tambores de compensado, cobertos por couro.
Além de ser marcada pelo som peculiar dos contratempos, a musicalidade dos blocos conta com a percurssão de marcações, retintas, cabaças, reco-recos, agogôs, ganzás, maracás, rocas, afoxés e apitos. O som resultante dessa verdadeira 'orquestra' favorece a fusão com diversos estilos musicais, que animam a dança dos tocadores e demais brincantes, chamados de balizas, que realizam uma coreografia de forma saltitante.
Mas a profusão de ritmos não é a única característica dos blocos. As fantasias extremamente luxuosas de todos os seus brincantes logo é percebida. Elas são confeccionadas, na maioria das vezes, pelos próprios brincantes durante boa parte do ano, embora outras sejam produzidas em grupo. Em comum, todas se caracterizam pelo esmero com que produzem o figurino, sejam eles nas golas, mantos, chapéus, camisões, cangas, perneiras ou botas.
Nas últimas décadas cada bloco escolhe anualmente um tema, que serve de inspiração para a composição das letras dos sambas e para a criação das fantasias. Suas apresentações acontecem na passarela do samba, onde disputam o título do carnaval subdivididos em blocos tradicionais e blocos organizados. Mas além da passarela, eles também se apresentam nas ruas e bailes e chegam a realizar apresentações em outras épocas fora do período carnavalesco.
Patrimônio imaterial
De tanto fazer sucesso na capital, os blocos espalharam-se por São José de Ribamar e Paço do Lumiar, outros dois dos quatro municípios que compõem a Ilha de São Luís.
Hoje a manifestação pode ser homologada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), assim como o Tambor de Crioula e o Bumba Meu Boi.
A pesquisa e o Inventário dos Blocos Tradicionais do Maranhão foram iniciados no dia 8 de maio de 2009, sendo entregues formalmente ao Iphan no mês de maio do ano passado, como parte das comemorações do Dia Municipal do Bloco Tradicional, que é festejado em 8 de maio após uma lei municipal.
Histórico e polêmica
Apesar de começarem a surgir no início da década de 1920, somente entre as décadas de 1930 e 1970 é que aconteceu o apogeu da manifestação. Nos anos 60, São Luís já contava com mais de 60 blocos nessa categoria.
Apesar de tanto sucesso, em 2013 os representantes das ligas passaram por um momento de crise, exatamente no período carnavalesco. Devido a problemas financeiros, a Prefeitura de São Luís anunciou que não tinha como auxiliar financeiramente os blocos e escolas que planejavam desfilar na passarela do samba montada na Avenida Vitorino Freire.
Sem recursos e sem chegar a um consenso com a Fundação Municipal de Cultura (Func) sobre valores, os representantes dos blocos resolveram cancelar suas apresentações na passarela. Neste ano, elas só acontecerão no circuito de rua e em bailes.
Bloco Os Foliões é o quarto mais antigo de São Luís. (Foto: De Jesus/O Estado)Bloco Os Foliões é o quarto mais antigo de São Luís (Foto: De Jesus/O Estado)
Atualmente, 47 blocos tradicionais se apresentam no carnaval de São Luís. São eles: Os Coringas, Príncipe da Meia Noite, Os Lobos, Os Perfeccionistas, Dragões da Liberdade, Os Magnatas, Falcão de Prata, Os Inacreditáveis, Alegria do Ritmo, Tradicionais do Ritmo, Vinagreira Show, Os Gaviões do Ritmo, Os Gladiadores, Geração do Ritmo, Arlequim de Ouro, Fênix, Os Malabaristas, Os Especialistas do Ritmo, Renovação do Ritmo, Os Vingadores, Bola de Prata, Companhia do Ritmo, Os Reis da Liberdade, Os Curumins, Os Fenomenais. Os Guerreiros, Tropicais do Ritmo, La Boêmios de Fátima, Vigaristas do Ritmo, Príncipe de Roma, Os Brasinhas, Os Apaixonados, Pierrot, Originas do Ritmo, Os Guardiões, Os Vigaristas, Kambalacho do Ritmo, Os Tremendões, Os Trapalhões, Mensageiros da Paz, Os Diplomáticos, Os Vampiros, Os Indomáveis, Os Versáteis, Os Foliões, Os Fanáticos, Os Feras.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto e por ser um dos poucos que creditam o início dos blocos entre os anos 20 e 30, quando eles de fato surgiram. Um belo “post”;
    Só algumas observações: Os tambores grandes são chamados de contratempos. Outros instrumentos utilizados: marcação, ritintas, agogôs, reco-recos, ganzás, rocas, cabaças, apitos, cavaquinhos, banjos e violões. Já utilizaram bandolins, também.
    As apresentações principais dos blocos são nas ruas, nos circuitos de rua, pois foi nas ruas que surgiram. A passarela é um momento à parte. Os blocos também se apresentam em eventos culturais e fechados. Algumas desenvolvem importantes projetos durante o ano inteiro.
    O fato de não ter havido desfile de passarela não tirou o brilho das apresentações nas ruas, pois eles nunca deixaram de se apresentar junto ao público. Entretanto, mostrou a fragilidade e a dependência dos grupos perante o poder público uma vez mais, além da desorganização quanto classe artística.
    No texto, é mencionado que os desfile na passarela acontece com os blocos dividindo-se em tradicionais e organizados. De jeito algum. Os blocos tradicionais (ou blocos de ritmo), motivos da postagem, desfilam divididos em dois grupos, o Grupo A e o Grupo B. Blocos organizados (as antigas charangas) são outra coisa, outra categoria, mini-escolas de samba. Existem, ainda, os blocos alternativos, os blocos afro, blocos de sujo, as tribos de índio, as turmas de samba e as “escolas de samba”.
    As fantasias hoje são luxuosas e esmeradas, mas no passado eram mais simples e originais. A influência do carnaval carioca trouxe o luxo para os blocos, que passaram a pensar quase que basicamente apenas no concurso promovido pela Prefeitura.
    Hoje, o patrocinador maior é Governo do Estado, que contrata para as apresentações nos circuitos de rua, não passarela.
    Da mesma forma, o carnaval baiano influenciou a aceleração do ritmo dos blocos.
    O dia 8 de maio foi escolhido como Dia Municipal do Bloco Tradicional por ser a data de nascimento do saudoso Mestre Walmir Moraes Corrêa, presidente-fundador do Bloco Os Foliões (além de ter sido dirigente da Tribo os Apaches e Bloco Os Vigaristas). Ele se destacou como o maior dirigente que o carnaval maranhense já possuiu.
    Alguns blocos já se apresentaram em outros Estados, como Os Foliões (o primeiro), Os Feras, os Brasinhas, Pierrot e Bloco da Apae. E Os Foliões é o único que se apresentou fora do Brasil.
    Vale um post futuro sobre as dezenas de blocos tradicionais que não existem mais, mas que um dia brilharam pelas festivas ruas de São Luís do Maranhão.

    William Moraes Corrêa
    (Grupo Foliões - São Luís do Maranhão)

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