Suspensão de viagens da maria-fumaça frustra turistas em Tiradentes

Obras na linha férrea devem durar aproximadamente 30 dias.
Cidade sedia, a partir desta sexta-feira (18), a 16ª Mostra de Cinema.

Alex Araújo Do G1 MG, em Tiradentes

Estação Tiradentes está fechada para turistas por causa de danos provocados pela chuva
(Foto: Alex Araújo/G1)

O apito habitual da maria-fumaça não foi ouvido nesta sexta-feira (18) pelos moradores e turistas que visitam a cidade histórica de Tiradentes, na Região Central de Minas Gerais. É que a locomotiva teve as viagens suspensas por causa de estragos que atingiram a linha férrea, causados pela chuva dos últimos dias. De acordo com a assessoria de imprensa da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), a interrupção deve durar aproximadamente 30 dias.
A cidade está cheia de turistas, que acompanham a partir desta sexta a 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

Casal paranaense com os filhos se decepcionou
com a ausência da maria-fumaça
(Foto: Alex Araújo/G1)

Quem chegava à Estação Tiradentes, nesta sexta-feira, tinha uma surpresa. Além dos funcionários da FCA, eles encontraram dois avisos afixados em um cavalete informando sobre a interrupção dos passeios de maria-fumaça. Decepção para quem veio de longe para conhecer e aproveitar o trenzinho, como o casal que deixou Curitiba (PR) com os filhos Gustavo, de 12 anos, e Ivan, de 6.
“A gente escolheu esse passeio justamente por causa da maria-fumaça. Combinei com as crianças de a gente ver as igrejas e, depois, para compensar, andaríamos de trem”, disse, desolada, a professora Rossana Finau, de 46.
Ela, o marido, Orlando Pellanda, de 46, e os meninos, escolheram Minas Gerais para passar seis dias de férias. No roteiro, além de Tiradentes, a família visitou Ouro Preto, onde também não andaram de maria-fumaça. Ainda vão às cidades de São João del Rei, Sabará, Congonhas e Brumadinho, para conhecer Inhotim. “Tomara que lá [Inhotim] salve o nosso passeio”, completou.
Os cariocas Ricardo, 43, Letícia, 39, Izabela, 11, e Beatriz Bernstein, 6, viajaram do Rio de Janeiro rumo a Tiradentes, na expectativa de andar de maria-fumaça. Além da frustração de não fazer o passeio, a família reclamou que não houve divulgação quanto à interrupção. Eles disseram que as pousadas, hotéis e comércios não haviam sido avisados. “Eu estou muito triste”, disse a caçula, Beatriz.

Tito Miguez e Lúcia Lopes viajaram do Rio de
Janeiro para Tiradentes (Foto: Alex Araújo/G1)

Mesmo sem crianças, o casal carioca Tito Miguez, 45, e Lúcia Lopes, 52, não escondeu a frustração. “Era uma das principais atrações turísticas daqui”, falou Miguez. “Fica um pouco de decepção. Foi uma falta de sorte, mas a gente vai voltar”, disse Lúcia.
A secretária municipal de Turismo e Cultura de Tiradentes, Mariana Cavalcanti, disse que fez contato com a FCA e pediu por mais manutenção na linha férrea, no jardim da estação e uma mudança no horário de embarque e desembarque do trem. Para ela, a suspensão das viagens da maria-fumaça prejudica a imagem da cidade e da FCA, mas disse que a empresa se mostrou solícita no reparo dos danos que suspenderam o tráfego da locomotiva.

Ferrovia Centro-Atlântica
Por meio de nota, a FCA disse que o cancelamento temporário das viagens da maria-fumaça entre em São João del Rei e Tiradentes aconteceu em decorrência a uma avaria no trecho da ponte sobre o Rio Elvas. Com as chuvas dos últimos dias, uma grande quantidade de galhos e folhagens se acumulou na estrutura metálica da ponte, provocando desvio no curso d’água. Com isso, a correnteza desbarrancou a base de pedra da ponte, o que comprometeu a estrutura da construção.
Ainda segundo a FCA, a interrupção se deu por conta da segurança dos mais de 130 mil passageiros que anualmente viajam no trem e em respeito à conservação da história do patrimônio. A FCA reitera que faz periodicamente manutenção na linha férrea que liga as duas cidades e que o trabalho inclui rondas semanais motorizadas e a pé pelos 12 quilômetros da via, reposição de materiais danificados como trilhos e dormentes, inspeções nas pontes ao longo do trajeto, entre outras ações.
A FCA afirmou que já protocolou pedido no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a realização de obras emergenciais na ponte uma vez que todo o complexo ferroviário é tombado.
Mostra de Tiradentes
A mostra exibirá 131 filmes brasileiros de 18 a 26 de janeiro e, segundo a organização, mais de 65% dos longas que estão na programação da mostra são originários de Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Paraná e Bahia.

Fachada do Cine Tenda, na Mostra de Cinema de Tiradentes (Foto: Alex Araújo/G1)

A programação será aberta com a produção paraibana “Onde Borges Tudo Vê”, de Taciano Valério, que será exibida nesta sexta=feira (18), às 21h, no Cine-Tenda.
A paranaense Simone Spoladore é a atriz homenageada desta edição. Segundo a coordenação da mostra, ela se destaca pelas escolhas de atuação que realiza. Serão exibidos e debatidos os filmes “Nove Crônicas para Um Coração aos Berros” (DF), de Gustavo Galvão, “A Memória que Me Contam” (RJ), direção de Lúcia Murat e “Sudoeste” (SP), do diretor Eduardo Nunes.
A 16ª edição mantém a já conhecida "Mostra Aurora", dedicada a jovens diretores com até três longas-metragens na carreira. A novidade é uma parceria inédita com a Divisão de Promoção do Audiovisual do Ministério das Relações Exteriores que permitiu a concessão do Prêmio Itamaraty no valor de R$ 50 mil para o vencedor.
O evento inaugura três novas mostras temáticas que organiza conceitualmente os filmes selecionados: Mostras Transições, Autorias e  Sui Generis. Já a grade de curtas-metragens está dividida em Fora de Centro, Foco, Panorama, Praça, Formação, Juvenil, Mostrinha e Cena Mineira