MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sincretismo e devoção marcam a Lavagem do Bonfim


Baianos, turistas e celebridades contemplaram a festa popular.
Manifestação reuniu cerca de um millhão de pessoas.

Naiá Braga Do G1 BA

Lavagem do Bonfim reuniu fiéis na capital baiana (Foto: Raul Spinassé/Agência A Tarde/Estadão Conteúdo)Lavagem do Bonfim reuniu fiéis na capital baiana (Foto: Raul Spinassé/Agência A Tarde/Estadão Conteúdo)
Baianos, turistas, devotos e curiosos participaram da Lavagem do Bonfim, nesta-quinta-feira (17), em Salvador. Por volta das 8h40, uma multidão já estava reunida à frente da Igreja da Conceição da Praia, no bairro do Comércio.
Em um ato ecumênico que reuniu representantes do catolicismo, candomblé, espiritismo e protestantismo, milhares de pessoas fizeram suas orações e pedidos que deram início à tradicional caminhada, de cerca de 8 km,até a Colina Sagrada, no bairro do Bonfim.
À frente do cortejo das baianas, a vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento fez todo o percuso usando um traje de baiana. “Estou pagando uma promessa. Se eu e ACM Neto fossémos eleitos, eu prometi a Senhor do Bonfim que viria assim, de baiana. É a segunda vez que venho aqui, a primeira foi em 2005. Eu vim agradecer essa conquista".
Artista plástica alemã acompanha Lavagem do Bonfim ao lado de colega baiano, em Salvador, na Bahia (Foto: Julien Karl/ G1)Artista plástica alemã acompanhou cortejo ao lado
de colega baiano. (Foto: Julien Karl/ G1)
Natural da Alemanha, a artista plástica Dominique Gartmann mora na Paraíba e sempre vem à Bahia para lavagem porque se identifica com a religião de matriz africa. "Eu gosto muito do candomblé. Não sou iniciada, mas sei que é uma festa tradicional da religião. Não tem como não acompanhar", contou.

Há doze anos morando em Salvador, a historiadora paulista Ademilde Barreto de Menezes resolveu fazer sua estreia na festa religiosa em 2013. "Eu sempre tive muita resistência por medo da violência, mas sendo historiadora não fazia mais sentido morar aqui e não conhecer a festa. Eu estou adorando", disse.
A cantora baiana Márcia Castro também mostrou sua devoção e fez todo trajeto a pé. "Eu amo essas festas de sincrestismo da Bahia. É um momento de construir uma energia coletiva importante, além de um momento de afirmação da nossa cultura", afirmou a cantora.
Historiada Ademilde Barreto, cantora Márcia Castro acompanharam lavagem na Bahia (Foto: Julien Karl/ G1)Historiadora Ademilde Barreto foi pela primeira vez à Lavagem do Bonfim. A cantora baiana Márcia Castro também participou do cortejo ao lado de uma amiga. (Foto: Julien Karl/ G1)

Por volta das 12h15,  sob uma forte chuva, uma multidão de fiéis se aglomerava na escadarias na Colina Sagrada. Alguns agradeciam a Senhor do Bonfim, Oxalá  para o candomblé, outros pediam graças e bençãos para todo o ano.
História
Tradição mantida há mais de dois séculos, a Lavagem do Bonfim é marcada pela forte presença do sincretismo religioso entre o catolicismo e o candomblé. Devotos do Senhor Bom Jesus do Bonfim e Oxalá se reúnem para festejar, prestar homenagens e pagar promessas no cortejo em direção à Colina Sagrada. O culto ao Nosso Senhor do Bonfim começou em 1745 quando a imagem do santo foi trazida pelo capitão português Teodósio Rodrigues de Farias cumprindo uma promessa que fez depois de ter sobrevivido a uma forte tempestade.
Baiana na Lavagem do Bonfim, na Bahia (Foto: Julien Karl/ G1)Devotos e baiana em frente à Igreja do Bonfim durante Lavagem nesta quinta-feira, em Salvador. (Foto: Julien Karl/ G1)
A tradição da lavagem das escadarias da igreja veio também deste período, quando os escravos eram obrigados a lavar as escadarias do templo antes da festa. Os negros começaram então a reverenciar Oxalá, o pai de todos os orixás. Além do contexto religioso, a Lavagem do Bonfim também é caracterizada pela grande festa que acompanha e circunda o trajeto de fé.
Segundo relatos históricos, a lavagem começou com os moradores da região que lavavam a igreja para deixá-la pronta para a Festa do Bonfim, realizada pelo catolicismo no segundo domingo após o Dia de Reis.
A “faxina” do templo religioso acontecia três dias antes da festa, numa quinta-feira. A chegada até a colina sagrada era marcada por muita dança durante o cortejo, o que provocou a proibição da lavagem da igreja, em 1889, pelo arcebispo da Bahia Dom Luís Antônio dos Santos.

Lavagem do Bonfim na Bahia (Foto: Julien Karl/ G1)Lavagem do Bonfim na Bahia (Foto: Julien Karl/ G1)

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