MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 27 de janeiro de 2013

Inicialmente, seguranças tentaram barrar saída de boate, diz estudante

Mas, depois que perceberam fumaça, passaram a ajudar no resgate.
Relato é de Murilo Tiecher, que escapou de incêndio em Santa Maria, RS.

Marta Cavallini Do G1, em São Paulo

O estudante de medicina Murilo de Toledo Tiecher, de 26 anos, foi um dos primeiros a sair da boate Kiss, em Santa Maria (RS), quando o incêndio começou a atingir o estabelecimento, na madrugada deste domingo (27). Ele conta que, inicialmente, seguranças tentaram impedir a saída dos clientes, mas logo perceberam a fumaça e liberaram a saída.
Tiecher diz também que a saída foi dificultada por uma grade colocada perto da porta para organizar a fila de entrada.
O incêndio deixou pelo menos 232 mortos, segundo a Brigada Militar. O resgate dos corpos no local da tragédia foi concluído no final da manhã. Pelo menos outras 131 pessoas ficaram feridas e foram levadas para atendimento em hospitais da região. O número total de vítimas fatais e de feridos ainda é desconhecido.
“Tinha só uma saída e começou a afunilar por causa da grade que eles põem para organizar a fila de entrada. Teve empurra-empurra, todo mundo se espremendo, eu tive que pular a grade para poder me desvencilhar”, conta.
Segundo o estudante, logo que conseguiu passar da grade, ele se deparou com seguranças na porta da boate que estavam de braços abertos tentando impedir a saída das pessoas. “Parecia que eles não sabiam da gravidade da situação, que havia um incêndio lá dentro, parecia que eles achavam que as pessoas estavam saindo por causa de briga e eles não queriam que as pessoas saíssem sem pagar”, diz.
Tiecher diz que após cerca de 2 minutos, quando a fumaça já estava saindo pela porta da boate, os seguranças passaram a ajudar as pessoas a saírem do local.

“Fizeram errado de impedir a saída das pessoas. Poderiam não ter segurado a porta e ajudado logo. Em questão de minutos você pode salvar muita gente. Eles poderiam ter agido mais rápido, agiram mal num primeiro momento, mas depois eles ajudaram. Foi uma questão de 2 minutos”, conta.
O estudante relatou no Facebook sua indignação em relação ao fato de os seguranças barrarem em um primeiro momento a saída das pessoas. Ele conta que fez isso logo depois de chegar em casa. Sua declaração causou grande repercussão.

O subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Altair de Freitas Cunha, diz que está investigando a denúncia de que os seguranças teriam impedido a saída por causa de pagamento da conta. “Recebemos alguns relatos de que os seguranças teriam segurado as pessoas para pagar a conta. Mas são apenas relatos, nada confirmado. Também estamos apurando a situação da prevenção de incêndio na casa”, diz.

Tiecher, que é de Santa Maria, faz medicina na Universidade de Caixas do Sul e foi para a festa com amigos porque está de férias na cidade.
A gente puxava as pessoas pelo cabelo, pela roupa, muita gente saía só de calcinha e cueca, muitas sem camiseta"
Murilo de Toledo Tiecher
Depois que a porta foi liberada e a fumaça já havia tomado conta da boate, segundo o estudante, as pessoas derrubaram a grade e a porta. Foi quando muita gente caiu no chão e muitas foram pisoteadas, uns tropeçando em cima dos outros.

“Eu liguei para os bombeiros, algumas pessoas tentaram voltar para pegar mais gente lá dentro, mas tinha fumaça e não dava para enxergar mais ninguém, era uma cortina de fumaça. A gente puxava as pessoas pelo cabelo, pela roupa, muita gente saía só de calcinha e cueca, muitas sem camiseta, talvez para se proteger da fumaça, e os bombeiros chegaram rápido e começaram a organizar e usar a mangueira”, diz.
Segundo Tiecher, muitas pessoas foram para a porta dos banheiros achando que era a saída da boate porque estavam desorientadas por causa da fumaça e acabaram ficando presas ali.
O estudante de medicina diz que a solidariedade foi grande para salvar as pessoas. "Todo mundo que conseguia sair de dentro da boate tentava salvar quem estava lá dentro. Vi muita gente tendo parada cadíaca e os socorristas tentando reanimar. Tinha bastante gente machucada, queimada. Nunca mais vou me esquecer dessas cenas", diz.

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