MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Cidades do interior guardam tradição do carnaval pernambucano


Conheça manifestações populares em Bezerros, Triunfo e Pesqueira.
Mascarados, maracatus e troças animam a folia no Agreste, Mata e Sertão.

Do G1 PE

Caboclo de lança do Maracatu Cambinda Brasileira (Foto: Chico Ludermir/Divulgação Fundarpe)Caboclo de lança do Maracatu Cambinda Brasileira
(Foto: Chico Ludermir/Divulgação Fundarpe)
O carnaval tem origem ancestral em festas de povos antigos que celebravam fenômenos astronômicos e o início ou término de ciclos naturais. Outros elementos foram agregados à festa ao longo do tempo e um dos que se fixou mais fortemente nos folguedos carnavalescos de Pernambuco foi a máscara. No estado, várias manifestações populares fazem uso desse acessório para brincar e desfilar o carnaval, levando alegria e tradição para cidades do interior do estado. Em cidades como Bezerros, Triunfo e Pesqueira, os papangus, caretas e caiporas, respectivamente, fazem a festa de Momo. Eles saem pelas ruas num grande desfile de máscaras e fantasias coloridas.
Em Nazaré da Mata, na Mata Norte de Pernambuco, os maracatus de baque solto - também chamados de maracatus rurais - comandam o encontro dos caboclos de lança, com tambor, tarol e figuras representativas como o Mateus. Já em Vitória de Santo Antão, na Mata Sul, o costume da época da folia está nos bichos e no Clube de Fados Taboquinhas. Conheça um pouco de algumas dessas manifestações tradicionais em cidades do interior de Pernambuco.
Papangu de Bezerros (Foto: Ricardo B. Labastier / JC Imagem / Agência Estado )Papangu de Bezerros (Foto: Ricardo B. Labastier /
JC Imagem / Agência Estado )
Papangus de Bezerros
No dicionário, o significado encontrado para a palavra papangu é “aquele que usa fantasia no carnaval ou em reisados; pessoa mascarada; indivíduo moleirão, bobo, apalermado”. Os papangus são figuras emblemáticas no carnaval de Bezerros, cidade do Agreste central, a 107 km do Recife. Mascarados e com roupas que cobrem todo o corpo, eles saem pelas ruas da cidade sem serem reconhecidos, fazendo brincadeiras e animando a festa momesca. O grande dia do encontro de papangus em Bezerros, onde milhares deles se juntam para dar colorido às ruas, é o domingo de carnaval.
Um texto do professor Ronaldo J. Souto Maior, fundador do Instituto de Estudos Históricos, Arte e Folclore dos Bezerros, explica as origens do papangu. De acordo com o pesquisador, os primeiros papangus de Bezerros surgiram em 1881 e nasceram "de uma brincadeira de familiares dos senhores de engenhos, que saíam mascarados, mal vestidos, para visitar amigos nas festas de entrudo – antigo carnaval do século 19 –, e comiam angu, comida típica do Nordeste (Agreste) pernambucano. Por isso, as crianças passaram a chamar os mascarados de papa-angu”. Para Leonardo Dantas Silva, historiador e estudioso do carnaval pernambucano, o papangu era um mascarado doméstico, que não tinha máscara especial e podia sair até com fronhas na cabeça. “Eles saíam de porta em porta falseando a voz, fazendo visitas para comer o angu e espantavam as crianças. Hoje virou um grande desfile de máscaras”, comenta.
Papangus animam carnaval em Bezerros (Foto: Ricardo Moura/Divulgação Fundarpe)Papangus animam carnaval em Bezerros (Foto: Ricardo Moura/Divulgação Fundarpe)
Atualmente, a máscara do papangu passou a ser confeccionada por artesãos da cidade e chega a servir de objeto de decoração. Ela é normalmente confeccionada com papel maché. Os papangus  se vestem com túnicas compridas, escondendo todo o corpo, e luvas, com o objetivo de não serem reconhecidos pelos foliões. Antes da folia, alguns papangus mantém a tradição e costumam comer angu feito pelos moradores da cidade.
Caretas de Triunfo
Em Triunfo, distante 411 km do Recife, no Sertão do Pajeú, o carnaval é alegrado pelos famosos caretas. A tradição dos personagens da folia triunfense tem aproximadamente nove décadas de existência. Uma das versões para o início dessa história estaria em outro folguedo: o Mateus, um dos personagens do reisado, teria sido expulso do grupo por ter bebido e foi para as ruas mascarado, para brincar. A princípio foi chamado de “correio” e depois passou a ser conhecido como “careta”. De acordo com informações da Prefeitura de Triunfo, o bairro do Alto da Boa Vista teria sido o primeiro a receber a brincadeira, apenas com homens entre os participantes. Depois, as mulheres tiveram espaço e atualmente também ganham as ruas mascaradas.
Caretas estalam seus chicotes nas ladeiras de Triunfo (Foto: Ricardo Moura/Divulgação Fundarpe)Caretas estalam seus chicotes nas ladeiras de Triunfo (Foto: Ricardo Moura/Divulgação Fundarpe)
Com máscaras, chicotes nas mãos e indumentárias que escondem todo o corpo, os caretas, no passado, saíam pelas ruas da cidade, a partir das 9h, depois da missa, até às 17h, pontualmente. Caso não cumprissem o horário que era determinado pelo delegado da cidade, eles eram presos. “As máscaras só eram usadas até cinco horas da tarde. No carnaval, os palhaços viravam as máscaras para trás porque não podiam andar mascarados. Era uma postura municipal. Era como se fosse uma determinação, de quando ninguém se lembra mais, mas era proibido”, explica o historiador Leonardo Dantas.
Dos acessórios dos caretas se destacam também a tabuleta com mensagens satíricas como as que são encontradas em para-choques de caminhão e o som dos chocalhos pendurados. Além disso, os personagens impõem medo às pessoas porque descem as ladeiras mascarados, com chicotes nas mãos, assustando com as chicotadas no chão, como em um duelo. Suas roupas são bem coloridas, de cetim, e chapéus enfeitados com flores e fitas.
Maracatus de Nazaré da Mata
Os maracatus de baque solto, ou maracatus rurais, dão o colorido à festa de carnaval da cidade de Nazaré da Mata, distante 65 km do Recife. A manifestação é uma tradição passada de pai para filho na Zona da Mata Norte pernambucana, mas também atrai muitos curiosos, moradores e turistas. O Encontro de Maracatus, que reúne milhares de visitantes na cidade e acontece na segunda-feira de carnaval, tem início no Parque dos Lanceiros e percorre as principais ruas da cidade, até a Praça Papa João XXIII, conhecida como Praça da Catedral.
Grupos de maracatu se encontraram na Cidade Tabajara, em Olinda, levando cores e sons (Foto: Vitor Tavares / G1 PE)Maracatus levam cores e sons a Nazaré da Mata (Foto: Vitor Tavares / G1 PE)
O brilho, colorido e a animação de mais de 50 grupos comandam a festa de Momo em Nazaré da Mata. Os caboclos de lança, com suas golas coloridas e lanças enfeitadas com fitas, saem pelas ruas fazendo suas evoluções ao som dos tambores e taróis. “O maracatu rural, aquela figura do caboclo de lança, é uma entidade. Eles se juntam e formam a caboclada. Cada maracatu bota 30, 40, 50 caboclos. Cada caboclo de lança faz a sua fantasia, caprichada. O maracatu de baque solto também tem a figura do Mateus, que vem do bumba-meu-boi, do reisado”, ressalta o historiador Dantas.

O mais antigo maracatu de Pernambuco, o Cambinda Brasileira, fundado em 1898, é de Nazaré da Mata. A sede do grupo permanece no Engenho do Cumbe desde essa época. Possivelmente, a manifestação virou tradição na cidade por conta de maracatus antigos existentes na região, como o Cambinda Brasileira. “Essa região é exatamente a área da cana-de-açúcar e os cortadores de cana são os caboclos de lança. Existem vários grupos tradicionais naquela região, como também o Estrela de Ouro de Aliança”, diz Dantas.
A lei estadual nº 11.506/1997 instituiu o dia 1º de agosto como o Dia Estadual do Maracatu. O maracatu rural se diferencia do maracatu de nação - também chamado de baque virado - pelos personagens, instrumentos utilizados e ritmo.
Caipora nas ruas de Pesqueira (Foto: Chico Ludermir/Divulgação Fundarpe)Caipora nas ruas de Pesqueira
(Foto: Chico Ludermir/Divulgação Fundarpe)
Caiporas de Pesqueira
O carnaval de Pesqueira, município localizado a 212 km do Recife, é conhecido pela irreverência dos caiporas, que dão o tom da festa na cidade. Segundo o historiador Leonardo Dantas, os caiporas são personagens que migraram do bumba-meu-boi, que possui 48 figuras. “As figuras do bumba-meu-boi brincam o São João, mas arrumam um jeito para brincar o carnaval, modificam a história e continuam. O caipora é um dos bichos da mata que vem para a rua durante o carnaval”, conta.
Uma das histórias contadas sobre os caiporas de Pesqueira é que eles são assombrações que pregam peças em caçadores. A fantasia do caipora é composta por paletó, gravatá e um saco de estopa usado como máscara, que cobre da cabeça à cintura. A troça carnavalesca Os Caiporas, criada em 1962, também aproveita a fama do personagem e anima os foliões na cidade de Pesqueira. O que era uma lenda assustadora passa a ser uma grande diversão com homens, mulheres e crianças brincando juntos.
Bichos de Vitória
Em Vitória de Santo Antão, a 49 km do Recife, a tradição carnavalesca fica por conta do encontro dos bichos, que é como são chamados os clubes carnavalescos do Leão, do Camelo, da Girafa, da Zebra e do Cisne. O Clube Leão (1902) é o mais antigo, seguido pelo Camelo (1921). “São clubes que saem pelas ruas com carros alegóricos com motor, muita gente com fantasias caras. Eles são acompanhados por carro alegórico com orquestra de frevo. O Leão e o Camelo são rivais”, conta Leonardo Dantas.
Encontro dos Bichos em Vitória de Santo Antão (Foto: Costa Neto/Divulgação Fundarpe)Encontro dos Bichos em Vitória de Santo Antão (Foto: Costa Neto/Divulgação / Fundarpe)
Os bichos de Vitória saem normalmente na segunda-feira de carnaval e têm como principal ponto as praças da Matriz e Duque de Caxias. A tradição é colocar os estandartes na rua, com as orquestras e alegorias. A bicharada reúne dezenas de foliões na cidade. Além dos clubes com nomes de bichos, a festa no município é animada por maracatus, caboclinhos e grupos de bumba-meu-boi.
Outra manifestação carnavalesca bem tradicional na cidade é o Clube de Fados Taboquinhas, que costuma desfilar na sexta-feira de carnaval. Fundado em 1924, ele é uma reminiscência do rancho português e de um clube que havia no Recife, chamado Caninha Verde. “Taboquinhas, na realidade, é uma marcha portuguesa que migrou do Caninha Verde para Vitória de Santo Antão como Taboquinhas. Eles usam rabecas e flautas, e fantasias como um rancho de Reis”, ressalta Dantas. As fantasias lembram damas e cavalheiros da corte portuguesa, acompanhados por uma orquestra de pau e corda.

Serviço Bezerros
Como chegar
Bezerros fica a cerca de 110 km do Recife, próximo a Gravatá, Caruaru e Passira
- De carro: saindo do Recife, pegar BR-232
- De ônibus: há empresas que fazem o trajeto Recife-Bezerros no Terminal Integrado de Passageiros (TIP). Telefone: (81) 3207.1088

Onde ficar
Pousada Fazenda Santa Fé
Endereço: BR 232, Km 94
Contato: (81) 3341.1400 (horário comercial), 9283.9000 e 9226.5100; www.terradesantafe.com.br; e terradesantafe@terradesantafe.com.br
Parador Ayatana
Endereço: Estrada de Serra Negra, s/n, Serra Negra
Contato: (81) 3708-3079 e 9666-8222; www.paradorayatana.com.br; contato@paradorayatana.com.br

Hotel Brisa da Serra
Endereço: Avenida Major Aprígio da Fonseca, s/n, BR 232, Km 102, Bezerros
Contato: (81) 3728.1232; www.hotelbrisadaserra.com.br; e hotelbrisadaserra@yahoo.com.br
Pousada Canto da Serra
Endereço: Estrada de Serra Negra, s/n, Serra Negra
Contato: (81) 3708.3070 e 9955.4456; www.cantodaserra.tur.br e pousada@cantodaserra.tur.br

Sítio da Pedra Solta
Endereço: Estrada de Serra Negra, S/N, Serra Negra
Contato: (81) 3728.2022 e 8827.6780

Serviço Triunfo
Como chegar
Triunfo fica a cerca de 410 km do Recife, próximo a Santa Cruz da Baixa Verde, Flores e o estado da Paraíba
- De carro: saindo do Recife, pegar BR-232. No município de Serra Talhada, pegar a PE-365
- De ônibus: há empresas que fazem o trajeto Recife-Triunfo, no Terminal Integrado de Passageiros (TIP). Telefone: (81) 3207.1088

Onde ficar
Centro de Turismo e Lazer Sesc Triunfo (sem vagas)
Endereço: Rua Antônio Henrique da Silva, s/n, São Cristóvão
Contato: (87) 3846.2800 e triunfo@pe.sesc.com.br
Pousada Café do Brejo
Endereço: Chácara Kelé, na saída para Serra Talhada
Contato: (87) 3846.1623

Pousada Baixa Verde
Rua Manoel Paiva dos Santos, n° 114, Centro
Contato: (87) 3846.1103 e baixaverde@netcdl.com.br
Pousada Alpes
Endereço: Rua Galdino Diniz, n° 250, Centro
Contato: (87) 3846.1371 pousalpes@ig.com.br
Otellin Triumph
Endereço: R. Dr. Eng.º Teodolino Rodrigues, n° 92, Saudade
Contato: (87) 3846. 1244 ou otellintrimph@yahoo.com.br
Pousada Santa Elisabeth
Endereço: Avenida Frei Fernando, n° 175, Centro
Contato: (87) 3846.1236 e larsantaelisabeth@yahoo.com.br
Serviço Nazaré da Mata
Como chegar
Nazaré da Mata fica a cerca de 65 km do Recife, próximo Carpina
- De carro: saindo do Recife, pegar BR-408 e passar por Camaragibe, Paudalho e Carpina
- De ônibus: há empresas que fazem o trajeto Recife-Nazaré da Mata, no Terminal Integrado de Passageiros (TIP). Telefone: (81) 3207.1088

Onde ficar
Hotel Fazenda Engenho Santa Fé
Endereço: Engenho Santa Fé, n° 61, Juá, próximo ao Centro
Contato: (81) 3633.1254

Hotel Santa Inêz
Endereço: Loteamento Edith M Coutinho, n° 80, Juá, próximo ao Centro
Contato: (81) 3633.2350 ou gruposantainez@gmail.com
Serviço Pesqueira
Como chegar
Pesqueira fica a cerca de 215 km do Recife, próximo a Poção, Belo Jardim, Arcoverde
- De carro: saindo do Recife, pegar BR-232
- De ônibus: há empresas que fazem o trajeto Recife-Pesqueira, no Terminal Integrado de Passageiros (TIP). Telefone: (81) 3207.1088

Onde ficar
Pousada Toalha Branca
Endereço: Rua Leocádio Bezerra de Almeida, n° 141, Pedra Redonda
Contato: (87) 3835-4883
Pousada Vila Bela (sem vagas)
Endereço: Travessa 3 de Agosto, n° 38, Centro
Contato: (87) 3835.1944 ou vilabelapousada@gmail.com
Hotel Estação Cruzeiro
Endereço: Praça Manoel Caetano de Brito, n° 50, Pitanga
Contato: (87) 3835.8650 ou reservas@hotelcruzeiro.com.br
Serviço Vitória de Santo Antão
Como chegar
Vitória fica a cerca de 50 km do Recife, próximo a Glória do Goitá, Pombos, Moreno e Escada
- De carro: saindo do Recife, pegar BR-232
- De ônibus: há empresas que fazem o trajeto Recife-Vitória, no Terminal Integrado de Passageiros (TIP). Telefone: (81) 3207.1088

Onde ficar
Pousada dos Piabas
Enderço: Avenida Henrique de Holanda (antiga BR-232), n° 958, Matriz
Contato: (81) 3523.2881 ou pousadadospiabas@hotmail.com

Pousada da Matriz
Enderço: Rua Silva Jardim, n° 437, Matriz
Contato: (81) 3523-1678 ou pousadadamatriz@hotmail.com

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