MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 6 de janeiro de 2013

Cavalo junqueira chegou a fazer parte das tropas imperiais de Dom Pedro I


Conhecido hoje como mangalarga, derivou duas raças distintas.
Conheça também o piquira, cavalo pequeno usado para equitação infantil.

Do Globo Rural
Fazenda Bom Destino, município de Rio Novo, perto de Juiz de Fora, Minas Gerais. Este é um dos raros criatórios onde ainda se encontra tropa de piquira.
A raça deu uma esfriada, ultimamente, como explica Carlos Oscar Niemeyer, que vem a ser neto do arquiteto que ajudou a criar Brasília. A lida na fazenda, que cria gado guzerá, é feita com o piquira. É ágil, bom de manobra, cumpre o serviço como um cavalo grande faz.
A palavra piquira vem do tupi e quer dizer pequeno. Ele é menor que um jumento pêga e maior que o pônei europeu. No tamanho perfeito para o ensino da equitação infantil.
A belga Françoise Denis, que montou escolinha para crianças tanto na Hípica de São Paulo como do Rio de Janeiro, não precisou importar mais pôneis depois que conheceu o piquira. Se presta tanto à equitação básica como a avançada. Inclusive, é bom de salto.
Carlos Oscar explica que o piquira se originou de vários cruzamentos desordenados. Os fazendeiros foram selecionando os de menor porte até formar a raça. O padrão de altura é de um 1,20 m. Tem a frente leve, é bem aprumado e de angulações proporcionais.
Junqueira
Em outra cavalgada, desta vez no sul de Minas Gerais, um marchador que deveria ser chamado de cavalo Junqueira, mas acabou ganhando o nome de mangalarga, derivando-se para duas raças. É uma história que começa em 1750.
O roteiro segue a Estrada Real, uma série de caminhos abertos ainda no tempo da exploração do ouro. No município de Cruzília, 263 anos atrás, um empreendedor português, de nome Francisco Antonio Junqueira, conseguiu da Coroa uma imensa faixa de terras. Ali ele plantava, criava gado e cavalos.
Como não havia cavalos nas américas, os colonizadores foram trazendo tropas da Europa a cada viagem de caravela. Os espanhois espalharam cavalos na região onde fica hoje a Argentina, o Uruguai e sul do Brasil. Os portugueses levaram para São Paulo, Rio de Janeiro e todo o Nordeste. Os holandeses para Pernambuco. Os franceses também trouxeram. Esses animais foram se espalhando, inter-cruzando, de modo que, em meados do século 18, já era intenso o comércio de tropas no país.
O que o pioneiro Junqueira fez foi aprimorar o negócio contando com tropas marchadoras já selecionadas, como a eguada da fazenda Angahy, uma linhagem agora com mais de 300 anos. A sede da Angahy, de 1731, ainda está de pé. Ali morava a família Meirelles. Os Meirelles foram se casando com os Junqueira, misturando sangue, terras e cavalos. Quem passa por Cruzília hoje se impressiona com a quantidade de criatórios de cavalos que a região tem: são mais de 200 num raio de 100 quilômetros.
Coube a Gabriel Francisco Junqueira a fama por ter mudado a história da criação de cavalos. Ele foi deputado e chegou a receber o título de Barão de Alfenas.Na versão mais divulgada da formação dos mangalargas, o Barão ganhou do imperador um imponente garanhão da raça Alter, a mesma que Dom João VI tinha trazido quando montou a primeira coudelaria no Rio de Janeiro.
Originalmente, o Alter Real não marcha. Essa característica veio da mistura com as tropas do Sul de Minas. Os cavalos no Brasil ganharam porte, altivez, elegância, mas mantiveram a marcha, caracterizando, assim, uma nova raça que foi usada na cavalaria imperial brasileira. Uma bela construção, que ultimamente serviu de pousada, foi construída por Dom Pedro I para abrigar a Coudelaria de Cachoeira do Campo, perto de Ouro Preto. Por volta de 1820, junto com garanhões de nobre procedência europeia, se usava também o cavalo oficialmente descrito como cavalo junqueira.
Na verdade, não era de um tipo só: na região de Cruzília, foram desenvolvidas várias linhagens. Na fazenda colonial Bela Cruz, fundada em 1784 e cuja sede acaba de ser restaurada, surgiu a linhagem justamente chamada de bela cruz. Animais de cabeça delicada e orelhas pequenas, diferentes das orelhas mais alongadas da linhagem angahy que tem como marca registrada o olho cor de caramelo. De outra propriedade, a Campo Lindo, saiu a linhagem JB, de acabamento geral bem refinado, genética das mais difundidas no Sul de Minas.

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