MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Sem médicos, hospital do DF sugere tirar bebês de UTIs, dizem pais


Em nota, hospital Santa Lúcia alega dificuldade para contratar especialistas.
Pais ouvidos pelo G1dizem que prazo para retirar crianças é até sábado.

Rafaela Céo Do G1 DF
Pais de bebês internados nas UTIs neonatal e pediátrica do hospital particular Santa Lúcia, em Brasília, foram orientados pela direção do estabelecimento a transferirem os filhos para outros hospitais, contam pais ouvidos pelo G1. O hospital alega dificuldade na contratação de equipes pediátricas.
O servidor público Olavo Rodrigues de Moura, pai de um casal de gêmeos internado no local desde o início de novembro, disse que nesta segunda-feira (10), por volta das 12h, a direção do hospital convocou pais de bebês e crianças internados para informar que o contrato com a equipe médica que atua nessas UTIs acabará a partir do próximo sábado (15).
“Eles disseram que não tinham conseguido contratar uma nova equipe e não terão como fazer isso até o dia 5 de janeiro. São 21 dias sem cobertura. Para esses bebês, que são extremamente sensíveis, é muito tempo.”
Em nota (veja íntegra abaixo), o Hospital Santa Lúcia afirmou dificuldade para contratar especialistas para atuar nas unidades de terapia intensiva infantil, mas não confirmou a desativação. “Cumpre lembrar que no Brasil é notória a falta de médicos em todas as subespecialidades da pediatria, em especial a intensiva”, afirma a nota.
O servidor público contou que, como alternativa para os casos em que a transferência não é possível, por causa do quadro do paciente, o hospital acenou com a possibilidade de contratação de um médico plantonista.
“Hoje, há, no mínimo, sempre dois médicos. O quadro desses bebês é muito delicado. No sábado, por exemplo, meu filho teve uma parada cardiorrespiratória. E se outro também precisa de atendimento na mesma hora? Não temos como interferir na contratação do médico plantonista, mas como saber se é um profissional qualificado?”, questionou Olavo Rodrigues de Moura.
Cumpre lembrar que no Brasil é notória a falta de médicos em todas as subespecialidades da pediatria, em especial a intensiva"
Nota do Hospital Santa Lúcia
Os filhos do servidor público nasceram no dia 3 de novembro, com 26 semanas. Nesta terça-feira, completam 39 dias de internação. Os médicos informaram aos pais que, por causa da delicadeza do quadro, os bebês não podem ser transferidos.
A oceanóloga Juliana Doyle Lontra confirma a reunião com a administração do hospital e a orientação para retirar os bebês até o próximo sábado. "Eles queriam que começássemos a transferir os bebês ontem [segunda-feira] mesmo", falou.
O filho de Juliana  nasceu no dia 22 de novembro, não é prematuro, mas precisou passar por uma cirurgia nesta segunda e tem recomendação médica para permanecer no local por causa do procedimento.

"Procurei o Santa Lúcia porque era conhecido por ter a melhor UTI neonatal, no caso de precisar. Agora que estou precisando eles pedem para fazermos a transferência. Estou desesperada."
Ministério Público
O promotor Trajano Sousa de Melo, da Promotoria de Defesa do Consumidor do Ministério Público do Público do Distrito Federal e Territórios, disse ao G1 que acompanha o caso. Segundo ele, em outubro, a equipe médica responsável pelas UTIs informou ao hospital que não tinha mais interesse em realizar o atendimento. A promotoria tentou costurar um acordo para evitar a rescisão, mas a proposta não foi aceita pelo Santa Lúcia.
"O hospital se comprometeu a garantir assistência adequada aos que não pudessem ser removidos e a não fazer mais internação eletivas que pudessem ter desdobramento de internação em UTIs", afirmou o promotor.
O promotor afirmou que vai cobrar do Hospital Santa Lúcia a transição de equipes com o menor trauma possível. "As transferências só vão ser feitas se o paciente tiver condições para o paciente e se houver leitos em outras unidades. Se esse não for o quadro verificado, o Santa Lúcia terá que garantir atendimento."   Trajando Sousa de Melo disse ainda que vai deixar claro ao hospital que a responsabilidade por encontrar novos leitos para os pacientes é do Santa Lúcia.
Investigações
Em fevereiro deste ano, a Polícia Civil do Distrito Federal instaurou inquérito para apurar a morte de Marcelo Dino Fonseca de Castro e Costa, 13 anos, filho do presidente da Embratur, Flávio Dino. Ele morreu no dia 14 de fevereiro no Hospital Santa Lúcia, depois de ser internado com uma crise de asma.
Em janeiro, o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, morreu devido a um infarto no miocárdio, após procurar atendimento em três hospitais particulares do Distrito Federal: o Santa Lucia, o Santa Luzia e o Hospital Planalto, onde Duvanir recebeu atendimento e morreu.
Na época, a presidente da República Dilma Rousseff, solicitou ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a apuração de suposta negligência no atendimento ao secretário e pediu"providências exemplares".
Veja íntegra da nota do Hospital Santa Lúcia:

“Nota de esclarecimento
Brasília, 11 de dezembro de 2012 - O Hospital Santa Lúcia manifesta que tem tentado buscar profissionais no mercado que atendam aos rígidos requisitos necessários para atuação nas unidades de terapia intensiva infantil, preservando a continuidade na assistência prestada. Cumpre lembrar que no Brasil é notória a falta de médicos em todas as subespecialidades da pediatria, em especial a intensiva.
Diante da grande dificuldade, a unidade tem atuado fortemente para resolver a questão, inclusive com o rígido acompanhamento da Promotoria de Defesa do Consumidor do Ministério Público do Distrito Federal - Prodecon/MPDFT.
A diretoria do Hospital Santa Lúcia está à disposição dos pais das crianças que se encontram nessas unidades de terapia intensiva para quaisquer esclarecimentos e o apoio assistencial que se fizer necessário.
Assessoria de Imprensa do Hospital Santa Lúcia”

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