MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 23 de dezembro de 2012

No Japão, voluntários recebem em casa turistas para cerimônia do chá


Moradores só cobram custos da experiência, como os doces consumidos.
Visitantes podem ainda aprender caligrafia japonesa e vestir quimono.

Thiago Reis Do G1, em Kashiwa (Japão)

Tsukiko Matsuda serve chá durante cerimônia tradicional (Foto: Thiago Reis/G1)Tsukiko Matsuda serve chá durante cerimônia tradicional (Foto: Thiago Reis/G1)
Alguns turistas não se contentam em conhecer apenas os templos, parques e arranha-céus do Japão. Se vão cruzar o mundo para visitar o país oriental, almejam também conhecer um pouco mais da cultura tão peculiar. Pois é mais fácil do que se imagina participar de uma tradicional cerimônia do chá, aprender algumas palavras em japonês ou conseguir uma companhia para entender como fazer compras nas grandes cidades.
Guias voluntários se dispõem a abrir a casa para oferecer o que o Japão tem de mais atraente. A ideia é permitir que os visitantes vivenciem situações típicas da cultura do país. O G1 esteve na casa de uma dessas voluntárias, Tsukiko Matsuda, acompanhado do guia Hiro Kitagawa. Além da cerimônia do chá, o combinado foi participar de um curso rápido de caligrafia japonesa e uma sessão de como vestir o quimono. Tsukiko mora em Kashiwa, cidade a cerca de uma hora de Tóquio.
O encontro não envolve formalidades prévias, mas é sempre recomendado aparecer com um presente se for a uma casa de família no Japão, de preferência algo típico do país de origem.
Hiro prepara tinta à base de carvão para curso de caligrafia (Foto: Thiago Reis/G1)Hiro prepara tinta à base de carvão para curso de
caligrafia (Foto: Thiago Reis/G1)
A cerimônia do chá tem vários significados, muitos derivados da filosofia zen-budista. É um ritual que pode durar horas. Desde os gestos até a postura de cada um na mesa, tudo tem um porquê. Durante a cerimônia, por exemplo, a anfitriã Tsukiko explica que a tigela onde está o seu chá não tem nenhum apoio, já a de Hiro tem um pequeno suporte, enquanto a xícara do convidado principal tem um suporte maior, trabalhado e imponente – um sinal de reverência à visita.
O objetivo da cerimônia é, em outras palavras, proporcionar a purificação da alma. As tigelas exibem desenhos em apenas uma das partes – a que justamente é apontada para os hóspedes. A outra parte fica virada para quem bebe o chá. Doces acompanham a bebida e devem ser servidos ao prato de cada um por meio dos hashis (os pauzinhos japoneses).
Curso de caligrafia
No curso rápido de caligrafia, Tsukiko mostra como preparar a tinta – é preciso esfregar um carvão sobre um recipiente raso com água – e o modo correto de segurar o pincel na hora de desenhar os ideogramas. A mensagem escolhida é “o nascer do sol”. “A pessoa precisa estar em paz, com a mente totalmente livre de outros pensamentos, focada no momento da escrita“, afirma Hiro, sobre a arte.
Os primeiros testes são feitos em folhas de jornal. Quando é para valer, um papel feito à base de arroz é usado e vira um enfeite para a casa quando pronto – uma lembrança para o turista.
No país, há diversas competições que escolhem e premiam os donos dos mais bonitos traços.
Materiais utilizados durante curso e a mensagem a ser copiada (Foto: Thiago Reis/G1)Materiais utilizados durante curso de caligrafia e a
mensagem a ser copiada (Foto: Thiago Reis/G1)
Já o ato de vestir o quimono também tem seus atrativos. É feito em uma sala sobre o tradicional tatame. Só a colocação da faixa na cintura pode demorar até meia hora, dependendo da técnica. E há diversos tipos de quimono (os mais elaborados são usados em cerimônias como casamentos no país). Alguns, chamados de yukata, são usados especialmente em casa. As mangas dos quimonos também podem variar, dependendo do sexo ou do estado civil.
Apesar das quase quatro horas de convivência, são cobrados, no fim, apenas os custos dos doces, do chá e o material usado durante o curso de caligrafia. Tudo por 3.000 ienes (cerca de R$ 75).
Tsukiko, que dá aulas de japonês a estrangeiros de graça há quase 35 anos, diz que faz questão de receber turistas em sua casa sempre que pode. “Os japoneses têm uma cultura altamente sofisticada e um lindo coração, mas parecem ter vergonha de mostrar isso ao mundo”, afirma ela, que diz não poupar esforços para mudar essa mentalidade.
Tsukiko e outros guias podem ser encontrados no site da Organização Nacional de Turismo Japonês. Eles estão divididos por áreas do país. Os contatos podem ser feitos por e-mail e, em boa parte dos casos, por telefone.
Além da cerimônia do chá, do curso de caligrafia e da vestimenta do quimono, há outras opções oferecidas, como a preparação de arranjos de flores e do bentô (prato típico do país) e companhia para ajudar a fazer compras. Alguns guias também oferecem os passeios básicos, como tour a castelos e museus, apenas para trocar experiências ou aprender/exercitar outra língua.
Todos os serviços são, em sua essência, gratuitos. É esperado que o turista pague apenas os custos da experiência , e o transporte e a refeição do guia, caso ela seja feita durante o período.
Tsukiko escolhe quimono utilizado durante visita a sua casa (Foto: Thiago Reis/G1)Tsukiko escolhe quimono utilizado durante visita a sua casa (Foto: Thiago Reis/G1)

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