Especialista dá dicas de bebidas para as ceias de natal e ano novo

Bebida deve combinar com a refeição para que o conjunto tenha harmonia.
Restauranteur diz que é possível fazer boas compras sem gastar muito.

Ingo Müller Do G1 PA

O restauranteiro Roberto Miralha diz que a escolha do vinho depende dos ingredientes e do modo de preparo dos pratos (Foto: Ingo Müller/ G1)

O final de ano, além da confraternização, também é sinônimo de banquete. Porém, quem vai passar as festas cercados de amigos e familiares não pode se preocupar apenas com o que vai nos pratos dos convidados, já que definir as bebidas que acompanham estas ocasiões especiais pode ser tão complexo quando fazer o jantar em si.
Segundo o restauranteiro Roberto Miralha, a escolha do vinho deve levar em consideração os ingredientes e o modo de preparo da receita: "Não podemos desconsiderar o modo de preparo dos pratos, para fazer uma harmonização que se encaixe perfeitamente. Uma carne caramelada pede um vinho diferente de uma carne com pimenta, por exemplo".
A boa notícia é que a harmonização não precisa ser, necessariamente, com vinhos caros. "Tem que saber procurar. Com R$ 30 e R$ 60 você consegue comprar vinhos incríveis, com nome e renome", avalia Miralha, que recomenda ao comprador escolher não só o produto, mas também o lugar onde compra a bebida. "Evite comprar vinho em supermercado. Nas lojas especializadas, o vinho sempre está na temperatura ideal, com armazenamento e luz adequadas. É preciso ter um carinho especial pelo vinho", brinca.
Para facilitar a vida dos leitores do G1, elaboramos uma lista de sugestões de vinhos e espumantes para o Natal e Ano Novo. São opções muito saborosas, destinadas a adultos e que devem ser consumidas com moderação. Acompanhe:
Peru
Durante as festas, o peru é tradicionalmente feito inteiro, no forno, com uma leve cobertura de mel, nozes e especiarias e até ameixas, que conferem um sabor agridoce ao prato. "Um vinho bem interessante para acompanhar essa carne branca é o Pinot Noir. O que a gente indica é o Saint Clair, da Nova Zelândia, que tem uma estrutura equivalene a do peru, ou seja, com adstringência e acidez elevada que ajuda na limpeza da boca durante a refeição, além de notas profundas de especiarias, e nada muito estruturado de carvalho, já que a madeira é o segundo plano neste peru que leva muito mais frutas", considera o restauranteiro.
Bacalhau
"A gente tem uma forte influência portuguesa no Brasil, então quando fazemos um bacalhau, geralmente não fugimos do tradicional, que é no forno, totalmente imerso em azeite e legumes", conta Miralha. "Como o bacalhau é salgado, tendo muita força e expressão, os vinhos da região do Dão se encaixam muito bem. Os vinhos da reigão do D'ouro também, mas principalmente o Dão, com vinhos de estrutura forte e adstringência elevada. O bacalhau precisa disso", completa.
Apesar de também ser um vinho portugês, o especialista não recomenda o vinho do Porto com o bacalhau. "O vinho do Porto é um vinho licoroso, para entrada ou saída do jantar. Durante a refeição ele é muito expressivo, muito forte, com teor alcoolico elevado, além de ser muito doce. Por isso, não é recomendado para o jantar de fato", explica.
Frutos do mar
Segundo Miralha, todos os frutos do mar devem ser considerados individualmente, já que o vinho que combina com o camarão não vai, necessariamente, harmonizar com ostras. Usando o camarão como exemplo, ele sugere vinhos argentinos, da família Gascón. "São vinhos que produzem uma frutosidade mineral e o camarão, apesar de ser um marisco, é muito leve".

Para o restauranteiro, vinhos com notas de carvalho
combinam com alimentos feitos ao forno
(Foto: Ingo Müller/ G1)

Porco
Outro prato tradicional no natal é o lombo, geralmente recheado de nozes e também levado ao forno, que faz predominar as notas de tostado, conforme explica o restauranteiro. "Por conta disso, no vinho que acompanha o lombo é interessante ter esse tom do carvalho, para harmonizar. Um bom Shiraz chileno acompanha muito bem, pois o porco tem uma proporção grande de gordura e esse vinho é muito aromático, e com acidez determinada para o porco".
Massas
Pela influência italiana, muitas famílias optam pela massa durante as festas, especialmente o nhoque, que é tradicional durante o ano novo por ter uma associação com as superstições de sorte e fartura. Para combinar o vinho com a massa, Miralha ensina que é essencial prestar atenção no molho. "Se for um nhoque com molho bolonhesa ou com ragu e molho de tomate mais picante pode ser um Malbec que é mais macio. A vinícola Doña Paula é especialista nisso", revela.
Nhoques mais simples, com molho de quatro queijos e sem sabores defumados, apresentam várias opções de vinhos brancos ou tintos. "Mas os vinhos rosés também são interessantes, pois dão refrescância", avalia. "Porém, se você usar gorgonzola, pode combinar com um vinho mais expressivo, como um Pinot Noir ou um Veronese".
Para a hora da virada
A meia noite do dia 31 sempre pede um brinde especial, que combina bastante com as bebidas espumantes. "Champagne é um rótulo, uma marca registrada da região de Champagne, mas todo champagne é espumante, assim como todo prosecco, que é o nome da uva que faz este tipo de espumante. Na espanha, este tipo de bebida é chamado de cava, mas são todos espumantes", esclarece o especialista, que recomenda apenas que o consumidor preste atenção na formação de bolhas enquanto serve a bebida: "Se o espumante borbulhar como um refrigerante, pode cancelar!", brinca.
Miralha recomenda um tipo especial de espumante para a meia-noite: "Bottega Poeti, italiano, é um dos melhores proseccos que eu provei até hoje. São 12% de teor alcoolico, com notas de maçã e o sabor não é enjoativo", relembra.