MEDIÇÃO DE TERRA

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domingo, 23 de dezembro de 2012

Anatel gasta R$ 390 mil em evento internacional inócuo

ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) gastou R$ 390 mil de dinheiro público para mandar 16 pessoas a um evento em Dubai considerado inócuo antes mesmo de começar pelo próprio presidente da agência, João Rezende, que também viajou.
A reunião da Conferência Mundial de Telecomunicações Internacionais, organizada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT, na sigla em inglês, órgão da ONU), ocorreu entre 3 e 14 de novembro nos Emirados Árabes Unidos.


Antes de embarcar, ao falar sobre a reunião, o presidente da Anatel disse : "Não achamos que sairá novidade. Há muitos conflitos, muitas posições divergentes".
Para Rezende participar de 3 dos 12 dias do evento, a Anatel desembolsou R$ 26,8 mil, considerando a cotação do dólar a R$ 2,06.
Quatro dos cinco diretores da agência foram a Dubai, integrando uma comitiva quatro vezes maior do que a enviada pelo Ministério das Comunicações. Os diretores se revezaram e nenhum ficou a duração toda do evento.
A comitiva dos Estados Unidos, a segunda maior, com 123 pessoas entre representantes do governo e da sociedade civil, tinha apenas um membro da sua agência reguladora, segundo a lista oficial do evento.
Entre os países vizinhos do Brasil, a Argentina não enviou nenhum representante da agência reguladora do país, a Comissão Nacional de Telecomunicações.
O maior gasto da Anatel foi com as passagens do conselheiro Rodrigo Zerbone, que chegou com o evento já na metade.
Os trechos de ida e volta da passagem dele custaram aos cofres públicos R$ 32,4 mil. O valor é sete vezes o pago pela própria Anatel por passagens na classe econômica. O conselheiro recebeu ainda R$ 6.520 para despesas com diária.
A Folha apurou que a presença de 4 dos 5 diretores da Anatel no evento atraiu a participação de lobistas da área. Empresas de telecomunicações também enviaram representantes após a informação da presença da comitiva da agência regulatória.
SEM CONSENSO
A reunião nos Emirados Árabes Unidos terminou sem consenso ou efeitos práticos imediatos para o Brasil. O país foi signatário de tratado polêmico que sugere a regulação da internet -não assinado pelos Estados Unidos e por países da Europa.
No país, a discussão sobre o marco civil da internet está no Congresso Nacional. Aprovada a proposta, o Brasil pode ser o primeiro país a regular a rede mundial de computadores.
O ministro Paulo Bernardo (Comunicações) também participou do evento em Dubai, por três dias.
Segundo sua assessoria, foi acompanhado dos secretários Cézar Alvarez (executivo), Maximiliano Martinhão (Telecomunicações) e Alessandra Cardoso (chefe de gabinete). O gasto com eles foi de R$ 89,4 mil.
OUTRAS REUNIÕES PODERIAM OCORRER, AFIRMA AGÊNCIA
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) afirmou que muitas reuniões poderiam ser realizadas em paralelo durante a Conferência Mundial de Telecomunicações Internacionais.
Por isso, segundo a agência, foi necessário o envio de "quantidade suficiente de delegados para que realize participação ativa em todas as discussões relevantes".
O documento da Anatel com as justificativas para a participação no evento lista dois diretores da agência com as mesmas atribuições e oito técnicos, dos quais seis tinham a mesma tarefa.
Os outros seis enviados não estão relacionados nas justificativas.
A agenda da conferência em Dubai previa participação da delegação brasileira durante todos os dias no mesmo horário, pela manhã.
Segundo a Anatel, o evento também justificava a presença dos delegados da agência porque iria discutir o futuro das telecomunicações e da internet. A Anatel informou, ainda, que participou de outros eventos.
O ministro Paulo Bernardo (Comunicações) participou, segundo agenda encaminhada por sua assessoria, de encontros bilaterais com China, Austrália, México, Estados Unidos e com representantes da União Internacional de Telecomunicação.
Colaborou JULIA BORBA, de Brasília

Alan Marques/Folhapress
O presidente da Anatel, João Rezende, que integrou grupo que viajou a Dubai para evento considerado pouco eficaz
O presidente da Anatel, João Rezende, que integrou grupo que viajou a Dubai para evento considerado pouco eficaz
FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO

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