Desde que nasceu, há 11 anos, ele precisa de um aparelho para respirar.
Neste domingo (16), garoto respirou com marca-passo por 10 minutos.
Menino
Lucas Bittencourt, no último dia 4 de dezembro, quando recebeu alta
após se submeter à cirurgis para implante de um marca-passo. Garoto
completou 11 anos neste domingo (16) (Foto: Lucas Nanini/G1)
O presente de 11 anos do menino Lucas Bittencourt, comemorados neste
domingo (16), não poderia ser mais especial. Duas semanas após a
cirurgia para implante de um marca-passo, ele passou dez minutos
respirando apenas com o equipamento. Desde que nasceu, a criança
dependia de um aparelho de cerca de 150 kg para sobreviver.O tempo que o menino passou respirando apenas com o auxílio do marca-passo é o dobro do que o médico esperava. “Ele ficou mais tempo porque respondeu bem ao treinamento. Acredito que entre quatro e seis meses ele terá mais liberdade [para sair de casa]”, disse o cirurgião responsável pelo implante do aparelho, Rodrigo Sardenberg.
O menino Lucas Bittencourt, de 10 anos, recebeu alta por volta das 11h20 da manhã desta terça (4). Segundo o médico Rodrigo Sardenberg, o garoto se recupera bem da cirurgia para implante de um marca-passo por causa de um problema respiratório.
A previsão é de que em seis meses Lucas consiga respirar por conta própria durante doze horas por dia. “O processo é mais lento porque ele nunca usou o diafragma, o músculo é fino e precisa ser fortalecido”, disse o médico.
Decisão judicialA operação de Lucas ocorreu após sete meses de disputa judicial entre a família e o governo do Distrito Federal. O Tribunal de Justiça do DF determinou procedimento pela rede pública. Lucas não fala, não anda e respira com a ajuda de aparelhos desde que nasceu, por causa de uma insuficiência respiratória crônica.
Bittencourt disse que o implante do marca-passo provocará mudanças nos hábitos da família, pois a criança não dependerá mais do equipamento que fica instalado em casa. “Vamos levar o Lucas para ver o que ele acha da luz da cidade, como é a cidade à noite. Ele não sabe o que é isso”, afirmou.
A realização da cirurgia foi confirmada pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal no último dia 5. Em outubro, decisão do Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) determinou a imediata realização do procedimento pela rede pública. De acordo com a secretaria, o marca-passo foi adquirido por R$ 388 mil e a contratação da equipe médica de São Paulo, com traslado, teve custo de R$ 140 mil.
A pasta informou que ainda não foram definidos os valores da internação, do centro cirúrgico, da nutrição, dos exames e das ações de recuperação de Lucas no ICDF. “Nossa expectativa está grande, mas temos certeza de que vai dar tudo certo. A fase mais tumultuada já passou”, disse Caio Bittencourt.
Pai de Lucas beija a mão do filho após a chegada do garoto ao hospital (Foto: TV Globo/ Reprodução)
HistóricoEm 1º de agosto, o TJDF havia negado recurso do GDF contra a liminar que determina a implantação do marca-passo. Naquele mês, uma junta médica da secretaria concluiu que Lucas não tinha indicação para a cirurgia. Os três profissionais que analisaram a criança durante 26 minutos afirmaram que ele apresentava “sequelas neurológicas irreversíveis, tanto intelectuais quanto motoras” e que era tetraplégico.
Também segundo os médicos, o implante não traria melhoras significativas a Lucas e não havia necessidade de urgência no tratamento. Rodrigo Sardenberg, médico especialista no procedimento, questionou o laudo. “Acho que não foi uma boa avaliação, inclusive porque há um erro conceitual: Lucas não é tetraplégico, mas tetraparético, ou seja, ele tem os movimentos, mas são mais lentos.”
Em julho, o TJ determinou que a operação ocorresse independentemente do relatório da junta. Só após decisão de outubro do Conselho Especial do TJ que a Secretaria de Saúde autorizou a realização do procedimento.
Primeira cirurgia no DF
A cirurgia do menino Lucas foi a primeira do tipo realizada no DF. Sardenberg permanece na capital até terça (4) para avaliar mais dois casos de pacientes que precisam de um marca-passo. Uma menina de 7 anos e um menino de 3 anos são indicados ao procedimento cirúrgico. Ao contrário de Lucas, as duas crianças podem se movimentar e não ficam presos à cama, diz o médico.
No Brasil, já foram realizadas sete implantações de marca-passo. Segundo o cirrugião, o caso de maior sucesso é o de um jovem de 23 anos, que fez o procedimento há dois anos e não utiliza mais o respirador mecânico. Sardenberg explicou que a cirurgia é considerada de baixo risco.
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